qui mar 28, 2024
quinta-feira, março 28, 2024

Argentina | O macrismo não conseguiu submeter o povo trabalhador

A partir de 10 de dezembro de 2015, Cambiemos[1] tentou por todos os meios reforçar o poder da patronal e suas instituições – especialmente as repressivas – e demitir funcionários públicos; enquanto preparava um ataque historicamente brutal contra nossos direitos. Mas, milhões de nós participamos de milhares de ações contra suas políticas nefasta, até que finalmente ele retrocedeu: se não caiu, foi devido à traição do sindicalismo e as organizações sociais que respondem ao kirchnerismo.

Por: Nepo

Desde sua derrota nas eleições de outubro, o macrismo está tentado passar a imagem de que deixa a Casa Rosada sem grandes problemas, legitimando-se como uma força política que não pode ser descartada. Até mesmo os macristas mais relutantes festejam o fato de Macri não ter que renunciar antecipadamente à presidência.

Mas a realidade é muito diferente. O governo porta voz dos patrões e do FMI, o governo da “segurança jurídica”, do “protocolo antipiquetes” e a “doutrina chocobar”[2]; o governo que ajustou, desvalorizou, roubou aos aposentados, reprimiu e assassinou, não pôde impor completamente seus planos econômicos (a reforma trabalhista e previdenciária, a liberação das tarifas, etc.), nem avançar com a repressão. E não conseguiu porque a luta o impediu.

18-D: o começo do fim do Cambiemos

O macrismo avançou na primeira etapa de seu plano sem maiores inconvenientes. O “gradualismo” (esvaziar o país em câmera lenta) funcionou bem. Mas a raiva acumulou e, em 7 de março de 2017, sua principal base de apoio explodiu na sua cara: a CGT, foi forçada a convocar a primeira greve nacional contra Macri. Essa foi a primeira grande mobilização contra o Cambiemos que, apesar de cada golpe que lhe era imposto com as massas nas ruas; ainda se sentia forte, especialmente depois de vencer as eleições de outubro de 2017. Aí ele decidiu abandonar o gradualismo.

Naquele momento, a oposição patronal estava atomizada e dependente, a CGT no bolso, e muita gente pregando a derrota; o que o levou a pensar que era seu momento, e decidiu partir para o ataque sobre os aposentados, pensionistas e ex-combatentes. Entretanto, ele deu de cara com uma heroica resistência operária e popular, que a duras penas foi contida.

Neste dia, o povo trabalhador disse basta; e embora o macrismo conseguisse perpetrar seu pequeno grande roubo (com ajuda do peronismo), a luta do 18-D deixou claro o quanto faltava a Macri para impor seus planos; e, portanto, os investidores que ele planejava atrair se afastaram, a confiança do mercado arrefeceu, e o débâcle econômico acompanhou o débâcle político.

Por que Macri não caiu?

A debilidade do macrismo tornou-se evidente mesmo para a oposição kirchnerista e peronista, e as direções sindicais e sociais; que decidiram agir, aterrorizadas, para evitar outro 2001: outra revolução na qual a luta operária e popular derrubasse um governo nefasto e colocasse em perigo todo o domínio dos patrões.

Seu slogan era “vamos a 2019”, para retirar o povo das ruas e levá-lo a votar; política que estava cada vez mais tomando forma, especialmente com a criação da fórmula Fernández-Cristina. No entanto, o principal resultado dessa política foi que Macri não apenas não caiu, mas também pôde continuar impondo a fome ao país, e até mesmo recompor sua imagem e permanecer como segunda força depois de deixar o governo em 10 de dezembro: assim, o macrismo se torna oposição; mas agora governam aqueles que deixaram suas mãos soltas.

Isto só nos deixa um ensinamento: é indispensável construir uma nova direção sindical e política, de luta, independente dos patrões e das instituições. Uma força política que não vacile na hora de defender nossos direitos e que não tenha medo de sair às ruas para enfrentar a repressão, cujo único objetivo seja levar o povo trabalhador a concentrar todo o poder político e econômico em suas organizações.

[1] Coalizão eleitoral que deu vitoria a Mauricio Macri em 2015;

[2] Resolução para uso de armas de fogo, oficializado pela Ministra de Segurança, Patricia Bullrich, no qual a força policial está autorizada a agir como o policial de Avellaneda, Luis Chocobar, ou seja, atirar em quem tenta escapar após tentativa de causar algum dano, morte ou ferimento grave;

Tradução: Rosangela Botelho

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