sáb abr 20, 2024
sábado, abril 20, 2024

Argentina: enfrentar as exigências do FMI e dos empresários

A quarta visita do FMI chega para supervisionar como o governo está fazendo a tarefa com relação ao ajuste que foi negociado. Acontece que Macri, que quer candidatar-se a “funcionário do mês” do FMI e dos planos imperialistas, está longe de conseguir este posto. A subida incontrolável do dólar, os juros que chegam a mais de 70%, o “risco país” ultrapassando os 1000 pontos e uma inflação de 4% ao mês, nos afundando na fome e na miséria, deixaram o Governo em uma situação complicada, obrigando-o a buscar apoios e consenso para conseguir chegar a outubro.

Por: PSTU Argentina

É que o problema não está só no repúdio ao seu governo por parte da imensa maioria do povo trabalhador, mas também entre os seus próprios aliados, os empresários e as grandes multinacionais, que não têm confiança alguma na sua capacidade e até pedem a gritos que não volte a se candidatar deixando o lugar à Maria Eugenia Vidal.

O pretendido acordo, que apesar do “otimismo” expressado pelo Governo tem poucas chances de avançar (o que implica para todo o arco de alianças ficarem “grudado” a um governo em crise), não está a serviço de solucionar os problemas dos trabalhadores e trabalhadoras, mas sim pretende claramente confortar e tranquilizar o FMI e os mercados.

Um acordo para pagar a dívida e afundar os trabalhadores

O jornal Clarín de 05/05/2019 publicou: “O ensaio de acordo, com roupas e luzes, ocorreu em um hotel em Nova York na quarta-feira passada, 1º de maio. Antes da estreia, como no Colón. Foi interpretado por representantes da oficialidade e da oposição do Congresso, mais de 200 representantes de fundos de investimentos e bancos, com interesses antigos, presentes ou futuros na Argentina, presentes na 9ª Annual Latin American Conference do BBVA”. Dessa reunião participaram parlamentares oficialistas e Marco Lavagna, deputado massista, filho do ex Ministro de Néstor Kirchner.

Esta “pré-estreia” de um acordo para “salvar a Argentina” frente aos fundos abutres e banqueiros do imperialismo, tenta ser uma salva-vidas frente à bancarrota e a crise do governo Macri e o crescente descontentamento e mobilização operária e popular que o enfrenta.

Os “dez pontos” do governo, apoiados por Trump telefonicamente, teriam sido pactuados com os peronistas Urtubey, governador de Salta, Sergio Massa e o senador Pichetto. Lavagna, ex Ministro de Néstor Kirchner também insistiu em um “consenso” e um “governo de unidade nacional” em torno de pontos similares.

A própria Cristina foi recentemente convocada, convite que foi recusado, como era de imaginar, já que para o bloco kirchnerista participar deste “acordo” meses antes das eleições seria comprometer-se sem necessidade.

Este acordo exigido pelo FMI pretende avançar sobre a Reforma da Previdência (querem que trabalhemos até morrer e que os trabalhadores informais não se aposentem jamais); necessitam um Banco Central “independente” do poder político, subordinado diretamente ao FMI; propõe reduzir ainda mais impostos nacionais, estaduais e municipais para os empresários, em relação aos “direitos adquiridos” não dos trabalhadores, mas sim dos patrões, através do qual seguiremos pagando subsídios a Chevron, ou as “conquistas” patronais de Vaca Muerta, por exemplo, que essa semana causou duas novas mortes operárias.

E a “pérola” pela qual babam todos os empresários: aplicar “uma legislação trabalhista moderna”, o que significa um reforma trabalhista com perda de direitos adquiridos pelos trabalhadores, a total flexibilização do trabalho e para completar limitar a ação das organizações sindicais de base, como delegados e Comissões Internas.

Eles querem mais ajustes

A grande patronal, o FMI e os especuladores querem que o próximo governo continue com o ajuste que foi iniciado pelo governo atual, mas não conseguiu continuar. Estão preocupados porque apesar da traição dos dirigentes sindicais, a insatisfação operária e popular como as mobilizações do 14 e 18 de dezembro de 2017se expressa e coloca obstáculos nos seus projetos colonizadores e escravizantes. É por isso que rapidamente, desde a Igreja, a Sociedade Rural, a UIA, a Câmara do Comercio, a Bolsa, etc. saíram na defesa entusiasmada desta proposta. Necessitam “cerrar fileiras” entre os patrões e o governo para aplicar de uma vez por todas o ataque contra a classe trabalhadora e o povo pobre.

A pesar de que nos atingiram enquanto trabalhadores e trabalhadoras, com demissões e salários miseráveis, que estão gerando cada vez mais pobreza, fome e miséria, eles ainda não estão contentes, querem mais, querem tudo. Não podemos permitir.

Enfrentar com mobilização

Os dez pontos do governo Macri é um programa contra os trabalhadores e trabalhadoras. É tão forte que até a CGT teve que criticar “alguns pontos”. Cristina já anunciou que não aceitará esse programa, mas responderá por escrito e Máximo Kirchner o criticou no ato em homenagem a Evita.

Pablo Moyano, Yasky e Micheli encheram a boca na manifestação do dia 30 falando contra as reformas do FMI (propondo como saída votar no peronismo em outubro), também rechaçam o “consenso”, mas o próximo passo que está em avaliação é uma peregrinação à Basílica de São Nicolas, para conseguir a benção do Papa Francisco.

Se realmente se quer rechaçar e derrotar este novo ataque do FMI, é necessário fazê-lo com ações e com um programa claro, que deve começar por não pagar a fraudulenta e ilegítima dívida externa, a negação absoluta da reforma trabalhista, revogação das reformas impostas por ramo ou setor e pela revogação da reforma da previdência.

Enfrentar essa tentativa de acordo é impor à CGT que chame a Greve Geral, que novamente está na pauta e não se sentem para tomar um café com a missão do FMI como está previsto para o dia 13. Necessitamos impor a continuidade real da Paralisação do dia 30 de abril, é também cercar de solidariedade os trabalhadores e trabalhadoras que hoje estão em luta: da Dánica, da Electrolux, os que começam a brigar nas negociações por salários; é incorporar como parte das reivindicações o direito das mulheres a não morrer mais por abortos clandestinos; é ter como uma bandeira permanente a liberdade e descriminalização de Daniel Ruiz e de todos os lutadores.

Somente com uma profunda e ampla mobilização operária e popular podemos atingir mortalmente a Macri e os especuladores, derrubando-os para frear a entrega da nossa soberania, a fome e a miséria para nossas famílias.

Tradução: Luana Bonfante

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