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sexta-feira, março 29, 2024

Ajuste e repressão contra os trabalhadores: Até quando vamos suportar isso?

Na madrugada de ontem (25/10), o Governo conseguiu aprovar o Orçamento de 2019. Eram 05h46min da manhã quando a aliança Cambiemos, com o apoio de um setor do peronismo, conseguiu os votos para que os deputados dessem meia sanção ao orçamento do FMI.

Por: PSTU-Argentina

Nunca a frase “entre gallos y medianoche” (furtivamente, sem ninguém saber ndt.) foi tão bem aplicada para este Congresso. Que novamente deu as costas a milhões de trabalhadores. Da mesma forma que a Reforma da Previdência e a lei pelo direito ao aborto, mais uma vez se desrespeita a reivindicação dos milhares que se mobilizaram para rechaçar esta entrega.

Este orçamento reduz as verbas em quase todos os setores, na saúde e educação principalmente, para destinar esses fundos exclusivamente ao pagamento da Dívida Externa e ao FMI.

Ajuste e pancadas contra o povo

Tudo estava planejado. Um Congresso militarizado, o conluio com os governadores e a “oposição” no recinto, os meios de comunicação e jornalistas comprados preparando o terreno nas telas, e uma repressão brutal sobre os milhares que se mobilizaram na Plaza Congreso.

Novamente sofremos a repressão desatada, houve quase 30 detidos, com uma campanha mediática estritamente coordenada nos meios de comunicação para “vitimizar” a polícia e impedir que continuasse multiplicando-se os manifestantes que não paravam de chegar aos arredores do Congresso.

De maneira vergonhosa e descarada, a imensa maioria dos meios de comunicação pagos pelo Governo tentam estabelecer que todos os que se mobilizaram ante estes atropelos não tem o direito a defender-se da repressão, das balas e pancadas, com a desculpa de serem respeitosos ao “debate democrático dos representantes eleitos pelo povo”.

Que respeito podemos ter se o que está em jogo são nossos empregos e o prato de comida em nossos lares? De que democracia nos falam se estes deputados mentiram descaradamente em suas campanhas e juraram que nunca iriam ajustar?

Se realmente ele nos representassem em alguma coisa, não haveria milhares de trabalhadores mobilizados nas ruas cada vez que esta corja de bandidos faz uma sessão e trata de uma lei importante. E se realmente votassem leis favoráveis aos trabalhadores não deveriam ser defendidos pelos meios de comunicação comprados e pela polícia.

Cinicamente quiseram novamente demonizar a imagem de Sebastián Romero enquanto ocultavam a infiltração policial traiçoeira e a fraude que se perpetrava portas adentro. E ainda mantém nosso companheiro Daniel Ruiz preso pelo simples fato de mobilizar-se enquanto todos os corruptos deste Congresso e os empresários “arrependidos” estão livres em suas casas.

Agora, a Direção de Migrações quer expulsar do país os quatro imigrantes detidos durante a mobilização (dois venezuelanos, um paraguaio e um turco). Uma barbaridade! Os estrangeiros que tem que expulsar são os Benetton e Morgan, todos os terratenentes e as multinacionais, que se enriquecem à custa de nossas vidas e nosso trabalho.

Sem a ajuda do PJ não há orçamento para 2019

Macri, junto com os radicais, são serventes do FMI e do G20. Por isso querem entregar o país ao imperialismo. Mas sem a ajuda dos governadores, dos que se sentaram para dar quórum e depois se abstiveram, e dos 33 deputados peronistas que votaram a favor, não poderiam ter aprovado esta atrocidade.

Para além do discurso de oposição, todos concordam com o ajuste e somente se posicionam pensando nas eleições de 2019. Se realmente estivessem contra, se negariam a aplicar o ajuste nas províncias que governam, como Alicia Kirchner em Santa Cruz.

O mesmo acontece com as direções sindicais. A CGT, ao invés de aprofundar as medidas após a paralisação nacional de setembro, limitou-se a dizer que possivelmente chamem para uma paralisação em novembro. Não fizeram absolutamente nada além de alguma declaração de rechaço. São uma vergonha. Para derrubar o Orçamento na quarta-feira dia 24, tinham que ter parado o país e chamado a mobilização para impedi-lo.

Os dirigentes do 21F e a Frente Sindical para o Modelo Nacional, encabeçado pelo moyanismo, a Corriente Federal e o SMATA (Sindicato de Mecânicos e Afins do Transporte Automotor) também não estiveram à altura. Ao invés de colocar tudo nesta queda de braço, juntaram-se à direção Kirchnerista em uma marcha à Basílica de Luján 4 dias antes, onde a única coisa que fizeram foi “chamar para rezar para que o governo gere trabalho”.

É claro que não querem lutar a sério para derrotar já o Governo e tirar o FMI, somente ameaçam e realizam algumas ações para brigar nas previas do PJ (Partido Justicialista), inclusive com a Igreja que acaba de travar uma feroz batalha contra o direito de eleger o momento da maternidade das trabalhadoras e das mulheres pobres.

Também não se salvou dessa vergonha a Unidad Ciudadana de Cristina, como demonstraram os deputados de San Luis que aprovaram o projeto. De maneira confusa e pouco confiável, Alberto Rodríguez Saá quis descolar-se, mas ficou manchado justo depois de compartilhar um ato de lançamento junto a figuras kirchneristas como Andrés “Cuervo” Larroque, Axel Kicillof, Diana Conti e Mario Secco.

Dinheiro para trabalho, saúde e educação, NÃO para o FMI!

A única solução para sair da crise é não pagar nem um centavo aos bancos e especuladores que geraram esta crise. Precisamos deste dinheiro para dar trabalho, salários, saúde, moradia e educação. São eles ou nós. Por isso esta medida, junto com outras, deve fazer parte de um plano de emergência operária e popular.

Está evidente que para enfrentar Macri e este orçamento de fome, não servem as especulações eleitorais, os acordos com personagens nefastos e o lobby parlamentar.

É preciso impulsionar a organização dos trabalhadores para colocar em pé um plano de luta para enfrentar nas ruas os ataques do governo, o FMI e o G 20.

A luta é agora, não podemos esperar 2019. Temos que obrigar os dirigentes sindicais a convocar já uma paralisação de 48 horas. E precisamos que seja com mobilização, construída a partir de cada local de trabalho com assembleias, para obrigar os sindicatos a garantir que todo mundo possa participar.

Tradução: Lilian Enck

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