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terça-feira, abril 16, 2024

Responder às ameaças nucleares de Trump com mobilização

Trump afirmou sua intenção de sair do tratado com a Rússia sobre a proibição de mísseis de pequeno e médio alcance. Agregou ainda que “Nós temos muito mais dinheiro do que qualquer outro, e nós vamos desenvolvê-lo (o potencial nuclear), até que eles recuperem o juízo”, referência a incapacidade de economias semicoloniais como a Rússia e a China em manter uma corrida armamentista.

Por: POI Rússia

Há quem pense que as armas atômicas já não podem ser utilizadas e que as palavras de Trump não devem ser levadas a sério. É verdade que, por enquanto, as contradições atuais dentro do sistema imperialista conduziram até “guerras” comerciais somente, mas não até uma guerra mundial ou nuclear. É verdade também que a absoluta superioridade militar do imperialismo americano faz com que uma 3ª Guerra Mundial seja improvável.

É verdade ainda que hoje todos os governos dos países semicoloniais e dependentes, incluindo a China e a Rússia, mesmo com todas suas possíveis contradições, se submetem à ordem imperialista mundial, fazem a sua parte para mantê-la e que o imperialismo não tem razões de fundo para guerras contra eles, quanto mais atômicas. E por último, também é verdade que o imperialismo americano não tem controle total sobre as armas atômicas, tendo inclusive a Rússia um grande potencial nuclear de dissuasão, o que enfraquece e muito a superioridade do imperialismo americano em armas convencionais, como também enfraquece seus “argumentos” militares de pressão sobre países com potencial nuclear.

Mas também é verdade que do ponto de vista estratégico, o imperialismo americano gostaria de superar esta ausência de controle total sobre as armas nucleares. E a vontade de desenvolver tais armas não faria sentido sem a admissão de seu uso. Por isso a declaração de Trump, a cara sem máscaras do imperialismo americano, é sim, muito séria.

Por trás de tal declaração de Trump podem estar diferentes motivos. Pode estar a intenção do imperialismo norte-americano em conquistar o total controle no campo das armas atômicas. Pode estar a intenção de garantir para si os tais mísseis de médio alcance (mesmo que seja com ogivas convencionais) para um maior controle militar sobre os países semicoloniais desde suas bases por todo o mundo (o tempo de voo de tais mísseis é muito menor que o de viagem de um porta-aviões ou de voo de um bombardeiro).

Pode estar a intenção de pressionar, através de uma nova corrida armamentista, para que Putin e a China sejam mais “positivos” em relação aos atuais pontos de conflito. E pode estar a intenção de impulsionar a economia americana através do incentivo à indústria militar, no marco da crise econômica mundial. Possivelmente seja tudo isso junto. Em qualquer caso, é uma expressão do desejo de Trump de impor a vontade do imperialismo norte-americano a todos, apoiado na capacidade de vencer uma guerra nuclear.

Esta declaração de Trump é um chamado à luta para os trabalhadores de todo o mundo.

É um chamado aos trabalhadores e povos da América Latina, considerada pelo imperialismo norte-americano como seu quintal, inclusive proibindo os países da região de possuírem seus próprios programas nucleares, como no Brasil e Argentina. Também é um chamado aos trabalhadores destes países a enfrentarem seus governos, submissos a Trump e sempre dispostos a pagar ao Tio Sam a criminosa dívida externa para a construção de novos mísseis e ogivas.

É um chamado aos trabalhadores e povos do Oriente Médio, permanentemente sob ameaça de bombas atômicas, garantidas a Israel pelo imperialismo americano. Também é um chamado a enfrentar as ditaduras dos países árabes, que reconhecem o direito à existência deste enclave imperialista, garantindo a “segurança” de suas fronteiras para agradar o imperialismo.

É um chamado aos trabalhadores japoneses e à sua memória sobre as vítimas dos bombardeios atômicos de Hiroshima e Nagasaki, crimes até hoje não reconhecidos pelo imperialismo americano. Também é um chamado aos trabalhadores japoneses à luta contra seu próprio governo imperialista, lacaio dos EUA no campo militar, que garante o território de seu país para os militares americanos.

A declaração de Trump é também um chamado aos trabalhadores europeus. Historicamente é a Europa, e não os EUA, que são o teatro potencial de operações militares com utilização de armas nucleares de médio e pequeno alcance. É um chamado a lutar contra a União Europeia e seus governos, que garantem o território europeu como base para os mísseis nucleares e bases militares americanos.

Em primeiro lugar contra os governos Merkel na Alemanha, as monarquias belga e holandesa, o governo “nacional” da Itália, que permitem ao imperialismo americano utilizar seus países como bases potenciais de lançamento de armas nucleares, convertendo-os também, desta forma, em potenciais alvos. É um chamado aos trabalhadores ingleses a lutar contra seu governo, que apoiou diretamente as intenções nucleares de Trump.

É um chamado aos trabalhadores e povos da Turquia a lutarem contra Erdogan, que segue cedendo território para que o imperialismo americano possa basear seus mísseis nucleares.

A declaração de Trump, obviamente, é também um chamado aos trabalhadores e povos oprimidos da Rússia a se levantarem contra o governo Putin, que com suas agressões militares contra os povos da Ucrânia e da Síria, converteu a Rússia em um espantalho ante os olhos de todos os trabalhadores e oprimidos do planeta, ajudando ao imperialismo a se fantasiar de “defensor da democracia” contra a “ameaça russa”. Putin pessoalmente apoiou e desejou a vitória de Trump nas eleições americanas, confiando em uma aliança com ele mas recebendo no lugar novas sanções e ameaças de caráter nuclear. Em resposta simplesmente “lamenta” as ameaças nucleares de Trump. Aí se termina todo o “antiamericanismo” de Putin.

É também um chamado aos trabalhadores da China, país que o imperialismo americano ordena interromper o desenvolvimento do seu programa nuclear, apesar do potencial nuclear americano ser 50 vezes superior em ogivas, e ainda maior caso se leve em conta os mísseis portadores. O chamado aos trabalhadores chineses é também para lutar contra a ditadura do Partido Comunista Chinês, que garante às multinacionais americanas seus lucros às custas da superexploração da barata mão de obra chinesa, garantindo mais que qualquer outro país o dinheiro necessário para as armas nucleares de Trump. O Partido Comunista Chinês aliás, da mesma forma que Putin, respondeu à provocação de Trump com um singelo “não remar contra a maré”.

E claro, a declaração de Trump é um chamado aos trabalhadores norte-americanos, aos quais declara que “temos muito mais dinheiro do que qualquer outro”, mas não para a saúde pública, salários e outros direitos sociais, e sim somente para aumentar aquele que já é disparado o maior arsenal atômico do mundo. É um chamado à luta para os trabalhadores americanos, aos quais Trump promete fazer “mais felizes”, “fazendo a América grande outra vez”, através da capacidade de vitória numa guerra nuclear…

Os dirigentes dos imperialismos europeus reagiram nervosamente a mais estas declarações “desestabilizadoras” de Trump. Mas nenhum se apressou a pedir que retire seus mísseis e bases militares do território europeu ou declarou a saída da OTAN, aliança militar controlada pelos EUA. Putin e o Partido Comunista Chinês da mesma forma se limitaram a “respeitosas” críticas verbais contra a declaração de Trump.

A resposta a Trump e seu porrete nuclear pode ser dada somente pela classe trabalhadora e povos oprimidos do mundo. Trump e suas armas espalhadas por todo o mundo são uma ameaça direta aos trabalhadores e povos oprimidos, inclusive aos trabalhadores e oprimidos americanos. Em resposta às suas ameaças, é necessário mobilizar-se e exigir dos governos da Europa, da Turquia, do Japão, interromperem imediatamente a cessão de seus territórios para mísseis e bases militares americanos e a saída da OTAN.

Nos países do G20, exigir que seus governos não participem da próxima cúpula na Argentina, que não participem de fóruns com a presença de Trump. Nos EUA, mobilizar contra Trump, que transforma seus trabalhadores em reféns, em sua sanha por “fazer com que o mundo recupere o juízo” através de armas atômicas.

Trump, go home! Trump, go away!

 

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