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segunda-feira, abril 15, 2024

Estados Unidos e Rússia dividem o espaço aéreo sírio

O regime sírio, mesmo atacado por bombas lançadas pela força aérea russa, continua sua ofensiva contra os rebeldes.

Por: Daniel Sugasti

Os bombardeios intensos agora acontecem no sul de Alepo, segunda maior cidade do país, na tentativa de abrir o caminho até o centro da cidade para os defensores da ditadura. No entanto, até agora as forças pró-Assad encontraram uma firme resistência das milícias rebeldes.

É importante lembrar que, desde 2012, Alepo está dividida em “zonas” controladas por diferentes forças que disputam o controle da cidade: o oeste, partes do leste e do sul são controlados pelo exército oficial sírio; o norte é controlado principalmente por milícias curdas; algumas partes do norte e do leste são comandadas tanto pelas milícias rebeldes – entre elas o Exército Livre da Síria (ELS) – como por grupos jihadistas ligados à Al Nusra e ao Ahrar ash Sham; mais ao leste, o Estado Islâmico (EI) também busca ocupar espaço.

No contexto do avanço atual, as forças pró-Assad pressionam a partir do leste e do sul. Participam dessa movimentação centenas de militares iranianos e do Hezbollah, a milícia xiita libanesa.

É preciso acompanhar o desenlace desses novos ataques por parte da ditadura. Até o momento, e com muitas dificuldades, as milícias antiditatoriais estão resistindo, apesar de que seus comandantes não contam com armas pesadas nem a tecnologia militar necessárias.

Nesse cenário, enquanto as milícias rebeldes tentam enfrentar em terra o eixo Assad-Rússia-Irã-Hezbollah-EI, “por cima” está ficando cada vez mais evidente o acordo feito entre Estados Unidos, Rússia e Irã para derrotar a revolução e “estabilizar” o país.

Há poucos dias, Estados Unidos e Rússia fecharam um acordo para “coordenarem” o uso do espaço aéreo da Síria, porque atualmente seus aviões ocupam “os mesmos espaços”.

“Nesse sentido, chegamos a um acordo e abrimos alguns canais de comunicação”, explicou Barack Obama, apesar de ter tido que esclarecer que continuam suas diferenças com Vladimir Putin no que diz respeito aos “princípios e estratégias básicas” dos dois países para a Síria.

Porém, como explicamos em artigos anteriores, os acordos entre Obama e Putin parecem cada dia maiores em uma questão fundamental: a manutenção de Assad no poder.

Washington é muito claro quando anuncia que seu principal objetivo atualmente não é a saída de Assad, mas sim atacar o Estado Islâmico. A Rússia, que também diz atacar as posições do “califado”, na realidade bombardeia os rebeldes que estão contra o regime de Damasco e abre caminho para as tropas da ditadura síria. Agora, ambas as potências dividem o espaço aéreo sírio: você bombardeia aqui e eu ali.

A única saída progressiva para a crise síria é o triunfo da revolução. Para isso, o primeiro passo é derrotar Al-Assad e as tropas do EI. Nem os bombardeios do Pentágono nem os de Putin têm esse objetivo. Pelo contrário, é possível que esses governos cheguem a um acordo, com Assad ou não (apesar de que até agora o ditador sírio aparece como “necessário” em seus planos), para acabar com a revolução síria. As duas intervenções devem ser repudiadas.

A saída passa pela unidade entre as milícias antiditatoriais árabes e curdas contra a ditadura síria, o Estado Islâmico, a Rússia e o imperialismo. Fora da Síria, a solidariedade deve ser completa e efetiva. Devemos exigir de todos os governos nacionais a ruptura imediata das relações diplomáticas e comerciais com o regime sírio, além do envio de armas pesadas, medicamentos e todo tipo de ajuda material para o povo sírio armado.

Tradução: Luana Bonfante

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