qui abr 18, 2024
quinta-feira, abril 18, 2024

México | Apoiar a luta contra as demissões e pelo acordo coletivo no La Jornada e Notimex

Cruel ironia. O jornal La Jornada nasceu com a bandeira de “dar voz aos que não a tem” e denunciar as injustiças cometidas pelo poder. E assim se constituiu em um prestigiado meio de comunicação considerado de “esquerda”. Entretanto, desde há muito tempo esses “postulados fundadores” foram traídos e esquecidos pela patronal do jornal. Hoje impera no mesmo a lógica capitalista e a repressão aos seus trabalhadores e muito mais aos que os representam a partir do Sindicato Independente de Trabalhadores de La Jornada –  SITRAJOR. Esses ultrajes se reproduzem hoje “reproduzidos” na Agência de Notícias do Estado Mexicano, Notimex.

Por: CST-México
Há três anos que as e os trabalhadores do La Jornada levam uma luta em defesa de seus direitos trabalhistas. Quando iniciaram a greve de 4 dias foram caluniados por aqueles que se dizem “intelectuais de esquerda”. Estes os acusaram de ser parte de uma “mão negra” que tentava silenciar um meio de imprensa próximo à candidatura de López Obrador    (ver https://litci.org/es/menu/mundo/latinoamerica/mexico/sitrajor-defendamos-al-sindicato-independiente-trabajadores-la-jornada/# ). Por seu lado AMLO se solidarizou com a patronal, na pessoa de sua diretora Carmen Lira.
Nestes anos aconteceram campanhas eleitorais e mudanças de habitantes no Palácio Nacional. Segundo disse o atual presidente em todas as coletivas das manhãs: “muitas coisas mudaram”. Segundo ele “mudou o regime”… “não mais neoliberalismo”, “não mais corrupção”…mas para a maior parte dos trabalhadores, para os setores explorados e oprimidos – sem falar sobre a repressão da Guarda Nacional aos migrantes- muito pouco ou nada mudou. A injustiça e a arbitrariedade das demissões do La Jornada e Notimex, entre muitos milhares, são um lamentável testemunho disso.
No longo processo judicial, que inclui processos penais da patronal contra os dirigentes sindicais demitidos do SITRAJOR, conseguiu-se demonstrar a ilegal violação da empresa ao desconhecer o Acordo Coletivo. E há sentenças que determinam que seus salários devem ser restituídos. Entretanto, a empresa não as cumpre com total impunidade.
Também foi demonstrado ante à Junta de Conciliação a total falta de justificativa das demissões. Por isso a empresa se viu obrigada a dizer nessa instância, em novembro passado, que aceitava readmitir 9 deles para 21 e 22 de janeiro deste ano. Os trabalhadores se apresentaram ao trabalho nestes dias. Mas…uma semana antes do prazo – em silêncio e no escurinho – os corvos letrados da patronal apresentaram um documento desdizendo a medida. Ninguém sabe até agora os fundamentos de sua decisão. Surpresa? Nenhuma surpresa! Essas são as normas que vigoraram por longas décadas sob o regime do PRIAN e persistem sob as novas formas na “Quarta Transformação”. Vejamos…
As violações do La Jornada tomadas como “modelo” na Notimex
A Direção da Notimex, Agência de Noticias do Estado Mexicano, é encabeçada por Sanjuana Martínez Montemayor, desde março de 2019. Em nome de uma “depuração dos funcionários” e o combate à “corrupção sindical”, desde que assumiu o cargo, impôs o terror administrativo e gerou um grave conflito trabalhista: foram despedidos de forma injustificada mais de 150 trabalhadores sindicalizados, exige-se dos trabalhadores sindicalizados que renunciem aos seus direitos trabalhistas e assinem um contrato individual com condições diferentes e inferiores às que estabelece o Acordo Coletivo de Trabalho. De forma arbitrária deixaram de pagar salários desde abril do ano passado. São todas violações, não só da Lei Federal de Trabalho, como da Constituição Política Mexicana.
Entretanto, López Obrador a respaldou “como pessoa honesta e capaz”, que atua “com apego à lei”. Encorajada por ter o aval do Chefe de Estado, Sanjuana Martínez cancelou as mesas de diálogo que se estabeleceram ante a autoridade de Conciliação para resolver a problemática trabalhista e iniciar a negociação contratual que motivou a convocação da Greve, prevista para o primeiro minuto de  30 de janeiro de 2020.
O Sindicato Único de Trabalhadores de Notimex (SutNotimex), está reconhecido como titular do CCT. É o único com autoridade para negociar as condições trabalhistas dos trabalhadores. Sua nova Secretaria Geral, Adriana Urrea, foi demitida em 11 de outubro de 2019, nem bem tinha sido eleita. E com ela foram despedidos dezenas de trabalhadores com atividade sindical.
O SutNotimex apela ao diálogo para resolver as reivindicações entre as quais também está o aumento salarial. Na audiência pré greve, realizada em 23 de janeiro ante a Junta de Conciliação e Arbitragem, ficou evidente a falta de vontade dos diretores para poder chegar a um acordo em benefício dos trabalhadores e que freie o desmantelamento e decadência atual da Agência de Notícias do Estado Mexicano.
O SITRAJOR vive, a luta continua
Os demitidos e perseguidos do La Jornada foram aumentando. Mas sua digna resistência manteve-se, encabeçada por sua ex Secretaria Geral companheira Judith Calderón Gómez. Apesar das manobras patronais e do isolamento mediático continuam lutando judicialmente e com ações junto aos outros trabalhadores. A próxima mobilização será em 31 de janeiro, no marco da Marcha até o Zócalo da CDMX, que convoca a União Nacional de Trabalhadores, UNT.
Mas também, é muito importante destacar que dentro do La Jornada, a resistência dos companheiros tem enfrentado dignamente, as demissões e o terrorismo de Carmen Lira, diretora da empresa Demos. Desde 2017, conseguiram renovar democraticamente duas vezes a representação sindical, derrotando as reiteradas tentativas de ingerência patronal.
Justamente em agosto passado se realizou a última eleição para  2019-2021. Co mula lista de 216 sindicalizados, a empresa formou sua planilha “branca”. Mas conseguiu apenas 27 “votos”, que foram esmagados por uma maioria de 122 votos, com 6 abstenções e 1 voto nulo. Ainda assim, a empresa impugnou, baseando-se em artimanhas, armadilhas e suas relações com o governo. Mas o ativo rechaço dos trabalhadores desbaratou as manobras e a Junta de Conciliação e Arbitragem reconheceu o legítimo triunfo da lista encabeçada por Luís Alberto Jiménez González. E agora sim, o novo Comitê Executivo do Sitrajor tem seu registro para os anos de 2019-2021.
Nossa solidariedade incondicional com os trabalhadores do La Jornada e Notimex
Os trabalhadores do Sitrajor e do SutNotimex entendem que a solidariedade mútua e a organização é a melhor maneira de unir forças e romper o isolamento frente à brutal ofensiva da patronal e dos funcionários oficiais. Somente os trabalhadores, com plena democracia em suas bases e sem ingerência das patronais e seu Estado, podem combater a corrupção, os privilégios e a burocracia sindical.
Por isso, nós da Corrente Socialista dos Trabalhadores e a Liga Internacional dos Trabalhadores apoiamos incondicionalmente sua luta e apelamos para a solidariedade de todos os setores de trabalhadores e explorados, a nível nacional e internacional.
Se os companheiros do Sitrajor e SutNotimex ganham, todos os explorados e oprimidos ganhamos!
Tradução: Lilian Enck

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