A população carcerária no Chile enfrenta graves riscos diante da pandemia do Covid-19. Neste contexto de crise sanitária, temos ainda presos políticos detidos durante as intensas manifestações populares que iniciaram em 18 de outubro de 2019, contra o governo de Sebastian Piñera.
Segundo o Instituto de Direitos Humanos do Chile, mais de 11300 pessoas foram detidas e 2500 encarceradas – essas com prisão preventiva declarada – entre outubro de 2019 e março de 2020 nas manifestações sociais.
As organizações que defendem a liberdade dos presos em manifestações alertam também que há muitas décadas a crise carcerária vem se agravando no Chile. Em entrevista concedida para o curso de comunicação da Universidade do Chile, a socióloga da academia, Carolina Villagra, destacou que “o sistema penitenciário sempre foi precário, com pouca estrutura adequada, sem condições sanitárias eficientes e com maioria das unidades sem serviço de atendimento médico” – apenas uma delas possui hospital.
Carolina ainda ressaltou que em contexto inédito de pandemia, os presos se encontram em condições ainda mais vulneráveis uma vez que é impossível praticar distanciamento social, higienização dos espaços de maneira adequada e adotar outras medidas padrão de prevenção ao Covid-19.
No país, são cerca de 40 mil pessoas que vivem em cárcere. Em mais da metade das unidades a população carcerária não há acesso a água potável ou aos serviços higiênicos. Ao identificar o perfil de estado de saúde dos encarcerados, no Chile eles possuem predominantemente problemas respiratórios, como asma e tuberculose, comorbidades que aumentam a gravidade da infecção por coronavírus.
Povos originários – Outros presos políticos que também seguem mobilizados mesmo em cárcere são os mapuches. Desde o início do mês de maio eles deram início a uma greve de fome por tempo indeterminado, exigindo melhores e mais saudáveis condições e o direito de cumprirem pena em seus territórios em meio a pandemia do Covid-19.
A campanha está sendo realizada por 9 mapuches, sendo 8 deles na prisão de Angol. São os camaradas Sergio Levinao Leninao, Víctor Llanquileo Pilquimán, Sinecio Huenchullan Queipul, Freddy Marileo Marileo, Juan Queipul Millanao, Juan Calbucoy Montanares, Danilo Nahuelpi Millanao e Reinaldo Penchulef Sepúlveda, além de Celestino Córdoba, atualmente preso na penitenciária de Temuco.
Estado assassino – Desde que o levante no Chile teve início, 31 manifestantes foram mortos, aproximadamente 350 sofreram mutilações oculares e milhares de violações de direitos humanos foram divulgadas por organizações nacionais e internacionais.
Se por um lado o governo de Piñera violenta a população chilena, por outro, afrouxa punições aos carabineros acusados de violações de direitos humanos. Muitos deles foram beneficiados recentemente com a prisão domiciliar para evitar infecção por coronavírus. Um deles, inclusive, acusado de matar o jovem mapuche Camilo Catrillanca, em 2018, com um tiro na cabeça.
Apoio – A CSP-Conlutas enviou moção de apoio aos presos políticos no Chile, reforçando a campanha pela libertação de todos os detidos pelo governo ultraliberal de Piñera.
É importante que, diante das limitações que a pandemia nos impõe, ativistas no mundo todo divulguem imagens com cartazes, utilizando a hashtag #LibertadPresosPoliticosChile nas redes sociais.
Confira algumas manifestações de apoio de companheiros que constroem a CSP-Conlutas:
Exigimos que o governo de Piñera tome imediatamente as medidas necessárias para libertar os presos políticos que estão atualmente em detenção preventiva, tudo para salvar suas vidas!