qui mar 28, 2024
quinta-feira, março 28, 2024

Argentina | Pela vida das mulheres trabalhadoras, dia 9 todas e todos às ruas

Neste dia 8 de março, Dia Internacional das Mulheres Trabalhadoras, as direções feministas nos dizem que precisamos fazer um dia de “greve produtiva e reprodutiva”, apenas um dia de “liberdade”, sem exigir das direções sindicais uma greve por nossas vidas e direitos, e depositando toda a sua confiança no governo de Alberto Fernández. Nós de Lucha Mujer e do PSTU, dizemos que precisamos de muito mais do que isso. Devemos exigir que o governo Fernández tome nossas demandas como prioridade e pare de pagar a dívida.

Por: PSTU-Argentina
PELA SOCIALIZAÇÃO DE TAREFAS DOMÉSTICAS E DE CUIDADOS
A convocação de Ni Una Menos na Argentina para a 4º Greve Internacional Feminista como Greve “Produtiva e Reprodutiva”, entre outras consignas, mais uma vez coloca em discussão um antigo debate sobre o movimento mundial das mulheres: desde a campanha por Salário pelo Trabalho Doméstico de 1972 até o governo de Alberto Fernández, passando pela Confederação de Trabalhadores da Economia Popular (CTEP) e outros, o debate está aberto. Quais são essas tarefas “reprodutivas”, tarefas domésticas e de cuidados? Como as mulheres podem se livrar desse jugo? Deveríamos reivindicar um “salário” em troca de continuar fazendo ou o Estado deveria assumir sua realização?
Escravidão doméstica
“O que chamam de amor é trabalho não remunerado”, frase que lemos hoje em vários muros do mundo, refere-se a esse problema: as mulheres continuam sendo as que garantem as tarefas domésticas, os cuidados com as crianças, os idosos/as e as/os doentes. A distribuição dessas tarefas é de 86,3% para mulheres e 41% para homens, sendo quase absolutamente responsável pela organização das tarefas e contenção afetiva do grupo familiar.
Trabalho e capital
Do ponto de vista das relações capitalistas de produção, o trabalho doméstico produz bens e serviços que são consumidos pela/o assalariado/a e que ajudam a reproduzir a força de trabalho. Ou seja, a sobrevivência em condições mínimas para quem deve retornar ao trabalho no dia seguinte (mesmo que seja a própria mulher que deve fazê-lo). Mas, em si mesmo, não é um trabalho que implica exploração, mas opressão, pois não produz mais valor que fique nas mãos do capitalista, pois não é um trabalho em relação com a produção fora da casa.
O governo Fernández coloca a questão a partir do Ministério da Mulher, levando a proposta de organizações como a CTEP, que garante que as tarefas de cuidado são realizadas nos bairros por mulheres organizadas, e que o Estado deve assumir estas tarefas, tomando em suas mãos e pagando um salário (AUH[1], por exemplo). As próprias organizações feministas reivindicam um salário em troca dessas tarefas.
Nos dois sentidos, naturaliza-se a ideia de que o trabalho doméstico e de cuidados é uma tarefa feminina. De nossa parte, as consideramos tarefas opressivas, embrutecedoras e escravizadoras que, quando realizadas dentro da família, reproduzem-se dia após dia até o infinito e impedem as mulheres de se organizarem, socializarem com companheiras em estruturas de trabalho coletivas e, portanto, dar um passo político em direção à independência dessas tarefas e por uma sociedade sem opressão ou exploração.
Concordamos que o Estado deve garantir a realização dessas tarefas, mas … que essas tarefas continuem sendo de domínio das mulheres nos bairros, em condições precárias, sem a formação necessária e em troca de apenas um subsídio ou a AUH é um trabalho precário e pauperização de salários daquelas que realizam essas tarefas sob um relação de dependência. Essa “saída” isenta o Estado e os empresários de duas coisas básicas: garantir trabalho genuíno, formal e com salário igual à cesta familiar para todas as mulheres em idade ativa, por um lado, e por outro lado, isenta de garantir vagas nas creches, restaurantes populares, etc. para que possamos ir trabalhar.
Uma saída de fundo
É essencial que as mulheres e a classe trabalhadora, como um todo, exijam do Estado a socialização das tarefas domésticas e de cuidados, tirando-as da órbita do privado, com o orçamento necessário para a criação de todos os tipos de instituições que garantam essas tarefas. Somente assim as mulheres podem se libertar das cadeias individuais que nos prendem.
Não acreditamos que um Estado que apenas beneficie a classe mais poderosa, os capitalistas, possa ou queira fazê-lo. Também não podemos acabar com o machismo ou a exploração neste sistema. Somente um Estado Operário a caminho de uma sociedade socialista, como a Rússia nos primeiros anos da Revolução, é capaz de realizar essa tarefa. Enquanto isso, lutamos por reivindicações que ajudem a valorizar esse trabalho, como subsídios adicionais para tarefas domésticas e subsídios para filhos/as dentro do salário … E, é claro, realizar uma luta feroz pela criação de creches e maternidades em cada local de trabalho ou estudo, asilos estatais, redução do horário de trabalho para mães e pais, bem como a extensão das licenças de maternidade e paternidade …
[1] Asignación Universal por Hijo – Subsídio Universal por filho
Tradução: Lena Souza

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