qui mar 28, 2024
quinta-feira, março 28, 2024

Alitalia um ano do referendo

É preciso recomeçar a partir daquele NÃO com aqueles que nunca violaram aquele mandato!

Por Daniele Cofani

Faz pouco mais de um ano o resultado histórico do referendo na Alitalia, onde cerca de 7.000 trabalhadores, depois de um árduo caminho de luta em que foram protagonistas em 4 greves, rejeitaram mais um plano de demissões, cortes salariais e as normas propostas por um grupo acionário (Alitalia-Sai) formado por bancos (MPS, Intesa), pelo pior empreendedorismo Italiano (Colaninno, Benetton, Montezemolo …) e pelo acionista Emir Etihad. Um monstro industrial nascido após o fracasso da primeira Alitalia privatizada (a dos “Capitães Corajosos”) e relançado pelo então Primeiro Ministro Renzi que declarou durante a apresentação, com grande aparato, da nova empresa, “finalmente, podemos colocar os cintos de segurança, a Alitalia decola e com ela também Itália »!!! Pena que também a privatização 2.0 da Alitalia foi um fracasso. A partir de 24 de abril de 2017 até hoje, muitas coisas aconteceram que tentaremos resumir e analisar.

Estamos bem lembrados dos ataques conjuntos contra o voto dos trabalhadores por parte dos representantes do governo, dos secretários dos sindicatos confederados (Furlan da CISL encabeçando) e da maioria dos meios de comunicação e, ao invés, mantemos em alta consideração a solidariedade imediata recebida por trabalhadores de outros setores. Foram importantes as manifestações em Roma, em 27 de Maio e a greve dos transportes em 16 de junho, ambas em solidariedade com a luta na Alitalia, como foi também importante a solidariedade internacional recebida de colegas do setor aéreo como também de outros países. Foi evidente, no entanto, no dia após o referendo, a hostilidade ideológica contra os trabalhadores da Alitalia que, com um único golpe, tinham questionado as tão decantadas privatizações e a representação política e sindical.

O Ministro do Desenvolvimento Econômico, Carlo Calenda, empenhou-se imediatamente e pessoalmente, para punir os trabalhadores da Alitalia culpados de terem rejeitado um acordo assinado em seu ministério e, além disso, o segundo após a rejeição anterior por parte dos trabalhadores de Almaviva, em dezembro 2016, colocando Alitalia imediatamente (3 de maio de 2017) em administração extraordinária e nomeado como comissários extraordinários, o então presidente da Alitalia-Sai e Ad in pectore Gubitosi conselheiro de administração da Cai o acionista Alitalia-Sai, Laghi e Peleari , professor universitário, consultor no aeroporto de baixo custo de Orio Serio.

O primeiro e autentico ataque contra a vontade expressa pelo voto dos trabalhadores acontece em junho de 2017, quando os comissários, após não haver acordo (não o assinou nenhum sindicato), colocaram em cassa integrazione (instrumento utilizado pelas empresas para reduzir horas de trabalho e salário, podendo chegar até a suspensão total do trabalho) 1.400 trabalhadores, 400 em zero horas e o restante em alternância, indo muito além da proposta rejeitada pelo referendo. Na verdade, esta ação dos comissários foi o único corte nos custos, além da revisão do contrato para o combustível, durante um ano de instalação da comissão, quando, ao invés, ficou evidenciado, através de estudos de professores universitários, que são bem outros os custos extra na Alitalia, certamente não o do trabalho, um dos mais baixos da Europa, variando de contratos de arrendamento das aeronaves aos contratos de manutenção, em grande parte terceirizada durante a privatização.

Em face de tudo isso, as confederações sindicais e as autônomas (pilotos e comissários de bordo), apesar de não terem assinado o cassa integrazione, nada fazem para contestar plano claro de reorganização e desmembramento que os comissários estão programando, projeto que se robustece em setembro de 2017, quando os comissários modificam o edital de venda, introduzindo a opção de vender a Alitalia dividida em setores. Não é coincidência que, imediatamente após a mudança do edital começam a chegar as primeiras propostas (Lufthansa, EasyJet, fundo Cerberus, Airport Handing …) e nenhuma delas prevê a compra de todo o perímetro da empresa, mas apenas de setores específicos com o consequente massacre social.

Em outubro acontece a clara traição das confederações sindicais, mas também de algumas organizações de base (USB), que havia apoiado, embora na última hora, o NÃO no referendo e, portanto, a rejeição da aplicação de redução de horários e salário. E assim, no final de outubro é assinado um acordo de prorrogação da redução até 30 de abril para 1.600 trabalhadores (200 a mais do que no acordo anterior fracassado) por todas as confederações sindicais, mais USB.

Este acordo é assinado, não por coincidência, justamente em um momento delicado da luta que se dava num ritmo de uma greve por mês, exatamente entre outubro e novembro, devido à decisão das lideranças sindicalismo de base de acordarem duas datas diferentes para a greve geral no outono (o tema de discórdia era o texto único de representação). Na Alitalia ocorreram duas greves em poucos dias, uma das Cub em 27 de outubro e uma USB em 10 de novembro. Não teve êxito a tentativa da Cub Transportes de evitar esta hipótese contestada pela base dos trabalhadores julgada absurda e contraproducente e, de fato, precisamente no dia 30 de outubro, após a fraca adesão à greve de 27, é assinado o acordo de prorrogação da cassa integrazione.

Uma luta e uma votação traída por uma total miopia dos sindicatos em todos os níveis, onde, por um lado encontramos organizações sindicais cúmplices e servis e de outro organizações sindicais oportunistas que visam apenas à manutenção e preservação de sua estrutura; em tudo isso emerge a coerência da Transportes Cub e do AirCrew Comimitte (comissão de trabalhadores de voo), que nunca deixaram de lutar contra os planos de redimensionamento dos cortes e demissões, reivindicando desde o primeiro minuto como única solução a nacionalização da empresa através de greves, manifestações, debates e confronto, a última em 10 de abril tendo como foco precisamente a questão da nacionalização, data simbólica escolhida especificamente porque era o último prazo para apresentar ofertas vinculantes por parte de potenciais compradores.

Até hoje, a da Lufthansa é a única proposta levada em consideração pelo agora “expirado” ministro Calenda, mas a empresa alemã propõe para a Alitalia um picadinho e milhares de demissões. Nesta fase, para a continuação da luta, não ajuda a total ausência de um governo, os trabalhadores estão esgotados e confusos entre traições e promessas eleitoreiras.

É preciso o mais rápido possível recriar a consciência que caracterizou toda a disputa Alitalia, a fim de que se recriem as condições para reativar as mobilizações de massa. Recentemente, em 24 de abril de 2018, os sindicatos assinaram uma ulterior prorrogação do acordo de cassa integrazione para 1.480 trabalhadores (120 a menos do que o acordo anterior), em antecipação da alta temporada. Dessa assinatura dissocia-se USB depois de defender até o dia anterior a assinatura do acordo anterior: bipolarismo sindical ou oportunismo usual? Para a posteridade a árdua sentença.

Nota positiva, no dia 4 de maio os trabalhadores da Air France também ganharam um referendo, rejeitando com 55% uma proposta de aumento salarial de 7% dividido em 4 anos, enquanto todas as organizações sindicais presentes na Air France reivindicavam de imediato um aumento salarial de 5,1%. Definitivamente, esta também foi uma grande vitória obtida principalmente graças a um duro plano de lutas que ainda prevê greves no mês de maio.

Até na França, no entanto, no dia seguinte à votação, começou a criminalização dos trabalhadores “culpados” de reivindicar salários e condições de trabalho melhores: destacam-se as palavras do ministro da economia francês, declarando que o Estado francês, que detém 14% da Air France, deixará de investir na companhia prevendo a possibilidade de ter o mesmo destino da Alitalia. Os camaradas do Cub Transportes em julho haviam se reunido em Roma, justamente com os colegas da Air France do Sindicato Sud Arién para trocar informações sobre as duas disputas em andamento, com o compromisso de se apoiarem uns aos outros nos próximos meses; esta foi definitivamente uma experiência internacional vencedora que deve ser repetida e ampliada.

Tradução: Alberto Albiero

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