qui mar 28, 2024
quinta-feira, março 28, 2024

Os mineiros, a Revolução Chilena de outubro e os desafios do que fazer

Sem dúvidas, no calor dos acontecimentos que vêm se desenvolvendo desde o dia 18 de Outubro do ano passado, a burguesia buscou colocar um falso debate sobre se os mineiros participaram ou não da Revolução Chilena. Deste modo tentam levantar questionamentos infundados em certa parte da população.

Por: Pablo Valenzuela, Trabalhador Mineiro Terceirizado
Isso, com a finalidade de desacreditar um dos setores mais combativos e mobilizados em diferentes épocas deste país. Nesta situação, nos perguntamos por que é relevante para a direita política e econômica levantar esses questionamentos?, O que está por trás de tudo isso? Por que os mineiros são destacados?
A burguesia sabe muito bem que os mineiros possuem uma história de luta e conquistas que permitiu que não apenas o setor, mas a sociedade como um todo em momentos categóricos deste país, dessem saltos importantes em direitos, benefícios e reivindicações tanto econômicas como políticas. Os governos e os empresários sabem muito bem que foram os mineiros que colocaram de joelhos o seu sistema e seu modelo.
Fizemos isso com demonstrações de organização e luta, usando os métodos de luta de classes, destacando, por um lado, a capacidade de combate dos trabalhadores mineiros e, por outro lado, expondo as misérias do capital que engorda ao custo da exploração, da saúde e da vida dos trabalhadores.
Toda vez que os mineiros se levantaram, esse modelo foi colocado em xeque e o governos balançaram, cuja única resposta foi repressão e assassinatos contra os mineiros em luta. Como foi no massacre da escola Santa Maria de Iquique contra os mineiros de salitre do pampa no governo de Pedro Montt, ou o massacre do Salvador em 1966, nos tempos Eduardo Frei Montalva, ou o assassinato de Nelson Quichillao, em pleno governo de Michelle Bachelet em 2015. Por que tanta animosidade contra os mineiros? Do que eles têm medo?
A resposta é apenas uma. Os trabalhadores dos setores estratégicos da economia, e principalmente os mineiros, são os que podem, em tempos de revolução como a que está ocorrendo no Chile, ser o fator decisivo na balança a favor da classe operária e o povo pobre e trabalhador.
Também é preciso dizer que os mineiros são parte integrante de todas as lutas que ocorreram. Desde aquelas estudantis, as ambientais, por moradia, saúde, Não mais AFP etc. Porque essas são nossas próprias demandas como membros da classe social que suportam os ataques do capitalismo. E principalmente a partir de 18 de outubro, estivemos nas ruas, junto com milhões, com a juventude, com nossas famílias, desde os panelaços até a Primeira Linha, ninguém pode ignorar isso. Fomos reprimidos e aprisionados como muitos.
É diferente argumentar que talvez os trabalhadores do setor de mineração, organizados em seus sindicatos, federações ou confederações, em seus locais de trabalho, cumpriram seu papel de interromper o trabalho, convocar greves e ocupando os locais de trabalho. Aí existe uma debilidade, mas que não passa pelos trabalhadores da base, mas sim por suas direções burocráticas e colaboracionistas.
Elas, atualmente, e em alguns casos há muitos anos, dirigem as organizações sindicais da mineração. Muitos deles nem trabalham, nem organizam, nem realizam assembleias para que não precisem estar frente a frente com suas bases. Eles fazem tudo e resolvem por cima, mostrando-se dóceis, acatando todas as decisões dos patrões. Também não podemos dizer que são todos os dirigentes, porque colocaríamos todos no mesmo saco, coisa que não é assim.
Houveram sindicatos com dirigentes médios que agiram corretamente, o exemplo mais claro é o dos companheiros da Mineradora Guanaco, que não apenas se organizaram durante o histórico dia 12 de novembro, parando as produção, mas continuam ativos, inclusive atualmente em greve. Greve que saudamos neste boletim e a quem enviamos toda a nossa solidariedade, até a conquista de todas as suas demandas.
O que está por vir?
Dada a arrogância do governo e dos patrões em jogar os custos dessa crise sobre nossos ombros, nós do “La Voz del Minero”, chamamos aos trabalhadores da mineração que se organizem pela base para lutar contra as demissões, contra as políticas governamentais que trazem pobreza e morte. E também contra a própria burocracia sindical que nada faz e, além disso, imobiliza. Lutar para derrubar a terceirização, que no caso dos mineiros é superior a 70%.
Devemos instalar, pela via dos fatos, a negociação por ramo, com uma tarifa nacional de mineração. Devemos lutar para garantir a quarentena total com salários completos. Devemos aumentar em perspectiva da luta pela renacionalização do cobre e dos recursos naturais e estratégicos, sob controle dos trabalhadores para o benefício de todos.
Não podemos esquecer os milhares de presos políticos da Revolução, trabalhadores e filhos da classe trabalhadora, pelos quais exigimos a libertação. E nesses momentos em que os bairros se levantam contra a fome imposta pelas políticas desse governo assassino, temos a obrigação de seguir ombro a ombro lutando juntos nos nossos bairros, com os nossos vizinhos contra a miséria do capital.
Devemos construir um poderoso movimento dos mineiros, que poderia ser uma Coordenação Nacional de Trabalhadores do Setor de Mineração, que procure recuperar as organizações sindicais para lutar por essas demandas históricas e pelas novas. E para isso deve nascer no calor das lutas, uma nova camada de dirigentes dispostos a lutar junto ao conjunto dos trabalhadores pelos direitos e benefícios do setor.
Em unidade com o conjunto da classe operária, combater esse governo até que ele caia e avançar decididamente em direção a uma sociedade diferente, sem exploração, sem qualquer tipo de opressão. Uma sociedade sem classes, superando esse sistema capitalista, na perspectiva de um governo operário, onde possamos tomar em nossas mãos nossos destinos e o de toda a humanidade.
Tradução: Vítor Jambo

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