qui mar 28, 2024
quinta-feira, março 28, 2024

Chile | Por um plano de emergência para parar o roubo

O processo revolucionário que se abriu em 18 e 19 de Outubro de 2019, é a expressão da raiva contida e acumulada, que finalmente explodiu produto da enorme exploração e roubo aos quais o povo chileno foi submetido por um punhado de famílias que se enriqueceram às nossas custas: os Luksic, Angelini, Piñera, Matte, Paulmann,etc.

Por: MIT-Chile
Nossas demandas sempre foram claras e várias delas ficaram anos nas ruas sem serem ouvidas. Hoje constituem um Plano Econômico de Emergência para deter este roubo:
Fim das AFP, por um sistema de divisão, solidário e tripartido. Aposentadoria mínima igual ao salário mínimo.
Enquanto os tribunais negam o direito dos aposentados de utilizar o dinheiro de sua aposentadoria, o sistema permite que os banqueiros o utilize como queiram.
Por um novo sistema de aposentadoria!
Perdão imediato das dívidas do povo trabalhador e da juventude
Eles se enriquecem nos roubando e nós chegamos ao fim do mês sem dinheiro. Nos endividamos com eles até para comer. Depois, nos acusam e nos perseguem para cobrar.
Perdão de todas a dívidas! Já nos roubaram o suficiente.
Que a Saúde, a Educação e o Transporte sejam públicos, de qualidade e gratuitos:
A saúde pública está aos pedaços, enquanto as Isapres e as redes de farmácias são um grande roubo que enche seus bolsos.
O lucro e a crise da educação são um escândalo. O Transporte privado nos cobra o que quer.
Saúde, educação e transporte de volta ao Estado!
Emprego estável, aumento dos salários e direito de organização e à Greve!

  • Abaixo o atual Código de Trabalho!
  • Salário mínimo de $600.000
  • Basta de Precarização do Emprego: Fim do subcontrato e do trabalho informal.
  • Estabilidade no emprego: Todos @s trabalhador@s diret@s e com contratos por tempo indeterminado.
  • Redução da jornada de trabalho para garantir emprego para todos/as.
  • Abaixo as burocracias sindicais. Dirigentes sindicais revogáveis, por democracia operária e comitês de luta.

Abaixo o Tag e os pedágios!
O sistem de concessão de rodovias gerou lucros milionários às custas daqueles que temos que nos locomover para nossas moradias e locais de trabalho.
Não podem nos cobrar até para nos locomover! Abaixo os pedágios! Rodovias livres!
RECUPERAR O QUE NOS ROUBARAM!
 Como financiar o plano de emergência?
Nossas demandas parecem  simples, mas se o ricos continuam governando, não será possível conquistá-las porque significa tirar suas principais fontes de lucro. O Capitalismo não acabaria se o governo decidisse acabar com as AFPs mas as empresas estadunidenses que hoje as administram poderiam aceitar perder a imensa quantidade de dinheiro de nossas contribuições? Os inescrupulosos empresários da educação ou saúde que lucram com nossas necessidades, aceitariam renunciar aos seus lucros voluntariamente?
Demonstraram que não. Mentiram, estupraram, assassinaram, mutilaram e encarceraram só para manter seus privilégios.
Por isso, para tornar realidade nossas demandas, é preciso arrancar deste punhado de famílias, todo o patrimônio que conseguiram às custas de nos roubar. Só assim poderemos garantir o financiamento do Plano de Emergência:
Expropriação dos fundos de aposentadorias,  os seguros e bancos
Nossos fundos nas AFPs até fevereiro de 2019 somavam mais de 200 bilhões de dólares. Devemos recuperá-los das garras dos saqueadores para nossas aposentadorias.
De janeiro a agosto de 2019, os lucros dos bancos acumularam 2,483 bilhões de dólares, um dos bancos com mais lucros foi o Banco do Chile de Luksic!
Nacionalização do cobre e dos recursos naturais
Nossos minerais são quase a metade de todas as exportações do Chile. Mas os campos petrolíferos estão em mãos de empresas estrangeiras que só nos primeiros 9 meses de 2018 tiveram lucros de 3 bilhões de dólares.
Com esses lucros poderíamos garantir um sistema de aposentadorias dignas, transporte, saúde e educação gratuitas.
Expropriação do patrimonio das famílias que controlam o país
A ditadura presenteou os fundos de nossas aposentadorias aos oligarcas chilenos para que ficassem mais ricos. Assim, se associaram aos bancos imperialistas e compraram suas empresas com nosso dinheiro.
Estas mesmas famílias e os novos ricos que saquearam o Estado e o povo sob a ditadura, continuaram sua obra macabra sob todos os governos nestes 30 anos. Enquanto o poder do dinheiro nos governar não haverá democracia e não conseguiremos acabar com a desigualdade social. Tem que devolver o que nos roubaram!
A fortuna das 8 famílias mais ricas, soma mais de 35 bilhões de dólares. Todo este dinheiro tem que ser devolvido ao povo trabalhador para garantir uma vida digna. Com esse dinheirão, pode-se construir 1 milhão de apartamentos de subsídio (eliminando o déficit habitacional no Chile) ou financiar 7 anos de educação gratuita em todos seus níveis.
Fortuna em Dólares das principais famílias (últimos dados segundo a revista Forbes)

  1. Grupo Luksic.: 15,4 bilhões
  2. Grupo Angelini (Roberto e Patricia): 3,9 bilhões
  3. Grupo Ponce Lerou: 3,8 bilhões
  4. Grupo Paulmann: 3 bilhões
  5. Grupo Saieh: 3 bilhões
  6. Familia Piñera: 2,8 bilhões
  7. Grupo Matte: 2 bilhões
  8. Grupo Yarur: 1,5 bilhões

“CON TODO SINO PA QUÉ!”[1]
Pela segunda independência!
Estas 8 famílias e toda a classe empresarial se enriqueceram desde o nascimento deste país, explorando-nos e lucrando com nossas necessidades. Mas o que caracteriza esta nova geração de empresários é que se puseram a serviço das empresas multinacionais dos países imperialistas entregando-lhes a água, o ouro, o cobre, o lítio, os portos, as rodovias e inclusive, como já vimos, o dinheiro de nossas aposentadorias em troca de seu enriquecimento ilícito. Estes empresários dependentes dos capitais estrangeiros estão hoje dispostos a legalizar a servidão, fazendo retroceder nossos direitos trabalhistas, para que os estrangeiros possam nos explorar mais e melhor. Isto, é o fundo do Tratado de Cooperação Transpacífico o TPP 11 que a Câmara de Deputados aprovou e que só este processo revolucionário poderá deter.
Expropriar as famílias mais ricas, recuperar nossos fundos de pensões e o dinheiro que as AFPs ganharam com eles, nacionalizar nossas riquezas naturais, e cancelar todos os tratados de livre comercio através dos quais venderam o país, é conseguir nossa Segunda e definitiva Independência.
Basta de colonização! Que as multinacionais devolvam tudo o que saquearam, expropriação sem indenização!
Uma Revolução que não se detém!
Uma característica de todos os processos revolucionários como o que estamos vivendo é o profundo sentir libertador deste tempo. Isto faz com que se levantem não só as demandas econômicas do povo como também cada setor explorado ou oprimido levante sua bandeira e se una à luta comum questionando toda a construção que realizaram os exploradores para nos dominar, avançando para a destruição deste sistema. Assim, hoje se questiona a educação, a família, a igreja e as crenças, as identificações de gênero, as discriminações raciais, o extrativismo. Por isso, a luta para destruir esta sociedade é também a luta para acabar com o machismo, pela autodeterminação do povo mapuche, pelo aborto livre, pelo respeito e igualdade aos LGBTIs, pelo fim de todas as opressões.
À medida que este processo avançar novos questionamentos a esta sociedade decadente e opressora, novas demandas libertadoras irão se somando a partir de diferentes setores. Um processo que não se deterá até alcançar um mundo novo.
Total emancipação dxs grupos oprimidxs e de toda a classe trabalhadora!
MAIS DO MESMO OU REVOLUÇÃO
Por um governo operário e popular
Na noite de 12 de novembro de 2019, após a greve geral o governo cambaleava, como um boxeador a ponto de cair na lona, vacilava sem saber o que fazer. Mas o governo não estava só cuidando dos interesses dos mais ricos. Os partidos tradicionais tiraram a máscara e correram para sustentar o governo de Piñera. Não havia mais, partidos de direita, nem de esquerda nem alternativos, todos estavam pelo Acordo pela Paz e a Nova Constituição, desdeao Frente Ampla até a UDI. Todos concordaram em manter o sistema de privilégios dos que financiam suas campanhas.
Todos, exceto algumas poucas exceções, apoiaram as leis repressivas de Piñera.
Isto foi o mais confuso para a maioria, porque, primeiro a Concertación , depois a Nueva Mayoría, inclusive o PC e finalmente a Frente Ampla prometeram tolamente que as coisas podem mudar através das eleições e que se votarmos por uma maioria deles as mudanças no sistema não demorarão a vir. Como podiam então,  colocarem-se agora ao lado da direita?
Sempre mentiram para nós, as coisas não vão mudar gradualmente nem conquistando todas as cadeiras do parlamento nem a cadeira presidencial.
Querem mudanças? Uma das aprendizagens que este processo revolucionário nos deixou, é que a única forma de garantir o fim do saque dos grupos econômicos e das transnacionais, é se @s trabalhador@s e o povo tomarmos o poder, destruindo toda a institucionalidade corrupta empresarial e substituindo-a por uma com democracia operária, isto é exercida pel@s trabalhador@s, que acabe com a propriedade privada e socialize os meios de produção. Para que os de baixo governem, precisamos de um governo operário e popular.
[1] Expressão chilena que se popularizou nas manifestações e que significa “Vamos até o fim”
Tradução: Lilian Enck

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