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sexta-feira, março 29, 2024

Chile | Os desafios da Primeira Linha

“Olhem, ali estão todas as pessoas se manifestando, com cantos, banda, gritos e discursos. Por outro lado, na Primeira Linha, estão aqueles que permitem que o povo do Chile possa se manifestar.” É o que diz um pai com o filho no ombro em um vídeo viral do Instagram, onde mostra centenas de encapuçados e encapuçadas defendendo pontos centrais para a realização da manifestação na Plaza Dignidad: na rua Vicuña Mackenna e na Alameda esquina com rua Ramón Corvalán. Em uma entrevista, um Primeira Linha diz: “A Primeira Linha é algo muito bonito porque eu não conheço nenhum de meus companheiros, isso é pura irmandade e o indivíduo está em segundo plano”.

Por: MIT-Chile
A Primeira Linha é uma das conquistas mais importantes desta revolução, com ferramentas precárias e caseiras eles têm a coragem de enfrentar uma das polícias com maior tecnologia e mais organizada da América Latina. No Chile, segundo dados coletados pela lei de transparência, o Estado gastou mais de 4,9 bilhões de pesos na compra de gás lacrimogêneo de mão, de escopeta para o zorrillo (caminhão lança gazes), para o guanaco (caminhão lança água) e em cartuchos de chumbo calibre 12, que foram responsáveis ​​por mais de 400 lesões oculares no Chile, sem mencionar o investimento em veículos e equipamentos para reprimir o povo mapuche na Araucanía.
O governo e a polícia prenderam uma grande parte de nossos companheiros e companheiras de luta, debilitando nossa força. São mais de 25 mil processados ​​nos confrontos; entre eles, mais de 2.400 em prisão preventiva, sem provas e com penas agravadas. É nosso dever lutar por sua liberdade imediata.
A Primeira Linha, as barricadas e bloqueios de ruas fazem parte das táticas de defesa que todas as greves e revoluções herdaram e desenvolveram para enfrentar o poder militar da polícia e dos governos. Em alguns caso, essas brigadas de autodefesa nascem para poder garantir a greve em uma fábrica, em outras proteger os bairros da polícia e, no Chile isso está sendo visto principalmente nas manifestações realizadas nas principais praças das diferentes cidades.
Pedras contra balas
Nossos métodos de defesa têm um limite e são impostos pelas forças policiais e pelo exército, com treinamento profissional para a repressão e a guerra, com tanques e um dos equipamentos militares mais avançados da América Latina. Isso sem considerar o apoio com assessoria repressiva que fariam a Alemanha e a Espanha ou um possível apoio direto ou indireto dos EUA ao empresariado chileno.
Os exércitos e a polícia são instituições que historicamente estão a serviço das classes dominantes e das elites, são o último recurso para defender seus privilégios e não vão hesitar em usá-los quando se sentirem encurralados, e devemos estar preparad@s para isso. Portanto, um dos desafios dessa revolução é enfraquecer essa repressão contra o povo chileno, conseguir trazer para nossas fileiras setores das Forças Armadas e da base das Forças Especiais, muitos deles provavelmente de famílias pobres que lutam dia a dia por melhores aposentadorias e contra a repressão
Que as bases das forças repressivas rompam com seus altos comandos e o governo para defender o povo
Nas revoluções passadas – que estavam em um grau de desenvolvimento maior em relação à chilena – umas das políticas centrais das milícias populares e dos órgãos de autodefesa, além de pressionar pela luta popular nas ruas, era a agitação nas fileiras inimigas, fazendo um chamado permanente aos soldados e carabineiros pertencentes aos setores explorados e pobres, mas que o Estados despojou toda sua consciência de si mesmo através da tortura psicológica nos regimentos
É uma necessidade, para o triunfo dessa revolução chilena, que se rompa a polícia e o exército, que seus suboficiais se juntem à luta do povo em várias formas de organização, sejam em assembleias territoriais ou outras instâncias. Mas, além disso, é necessário que o movimento operário (trabalhadores da mineração, da construção civil, das empresas florestais etc.) se somem a essa revolução organizado com seus métodos de combate e defesa.
O Movimento Internacional dos Trabalhadores (MIT), acredita na capacidade de decisão dos trabalhadores e trabalhadoras, do povo e dos jovens, em como usar a defesa diante dos ataques dos patrões, diante dos responsáveis ​​por crimes contra os direitos humanos e para garantir as conquistas do povo trabalhador.
Tradução: Nea Vieira
 

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