qui mar 28, 2024
quinta-feira, março 28, 2024

México| Imigrantes explorados e perseguidos nos EUA

Principal fonte de renda do México
Mais de 35 milhões de mexicanos – encurralados pela miséria e o roubo colonial do país- imigraram para os Estados Unidos durante várias décadas em busca de um futuro para suas famílias. Nos últimos anos, a maioria esmagadora sofreu e sofre descriminação, humilhação e uma crescente perseguição e deportações por parte dos governos, tanto democratas como republicanos. Tudo isso ante o completo abandono e ausência de alguma defesa por parte dos governos mexicanos, fieis serventes do amo imperialista.

 Por: CST-México
López Obrador percorreu, durante sua campanha eleitoral em 2018, várias grandes cidades dos EUA e promoveu comícios com nossos compatriotas, onde não economizou demagogia, prometendo “defender a dignidade de nosso povo”. Porém, seu atual governo, a pesar dessa retórica “soberana”, não se diferenciou em nada de seus antecessores ante a crescente onda de xenofobia e racismo promovida por Donald Trump.
Todos constataram essa atitude servil do chanceler Marcelo Ebrard diante das chantagens do patrão da Casa Branca. Todos sabemos que a recém-fundada Guarda Nacional do México atua como “Border Patrol” dos Estados Unidos, não somente no Norte, mas também na fronteira Sul com a Guatemala. Presenciamos as permanentes concessões de Amdrés Manuel López Obrador – AMLO para assinar o T-MEC, que perpetua a submissão colonial do México. E que agora López Obrador –no meio da pandemia e da onda de deportações de Trump- manifesta sua intenção de viajar aos Estados Unidos para celebrar tal entrega.
Com a pandemia do Covid-19 que atinge principalmente os Estados Unidos, são mais uma vez os imigrantes mexicanos, junto com os afros americanos que mais sofrem os contágios e as mortes nas grandes cidades da potência imperialista. “A Secretaria de Relações Exteriores informou que, até dia 28 de abril, o número de mexicanos falecidos nos Estados Unidos por Covid-19 era de 506, além de 154 casos de contágios” (El Universal 28/04/2020). Esta cifra, de duas semanas atrás, é com certeza, somente um registro parcial motivado pelas condições em que vivem, trabalham e morrem grande parte dos imigrantes e suas famílias.
Os imigrantes mexicanos colocaram muitas esperanças, trabalho e dinheiro em AMLO. Esperavam uma mudança radical nos consulados mexicanos, depois de tomasse posse. Porém, essa mudança nunca aconteceu. Os consulados continuam sendo centro de negócios que lucram com as necessidades dos imigrantes. Reina o maltrato, a negligência e o desprezo humilhante aos que solicitam serviços indispensáveis. E que são cobrados muito caro. Da mesma forma que com os governos anteriores, seguem restringindo os horários e acessos a suas instalações e serviços. Continua a burocracia do serviço por internet. Cresce o descontentamento pelos obstáculos e prévios agendamentos para ser atendidos e apresentar reclamações.
Nesse contexto é ainda mais indignante a repressão e a nova onda de deportações de Trump com os imigrantes. “No primeiro trimestre do ano foram deportados 57.475 mexicanos. Ou seja, 14% mais que no mesmo período de 2019, segundo dados oficiais”… “Um quarto dos mexicanos deportados pelos Estados Unidos na primeira etapa da emergência pelo Covid-19 voltaram por Baixa Califórnia, especialmente pela fronteira de Tijuana, uma das cidades do país mais afetadas pela pandemia do coronavírus”… “Funcionários estadunidenses advertiram que não vão deter esses controles migratórios, com o argumento de eliminar os riscos ante a expansão do coronavírus, mas também afirmam que com ou sem a pandemia continuarão com esta vigilância contra a imigração ilegal”… (La Jornada 06/05/2020).
E não é somente o xenofóbico e racista Trump e os estados governados pela direita do partido republicano. Pois, Baixa Califórnia, por onde passa muitas deportações, faz precisamente fronteira com a Califórnia, suposto “estado santuário imigrante”, onde não somente se mantem quatro centros privados de detenção de imigrantes, mas seus contratos foram estendidos por mais 15 anos, dias antes que esta “nova lei democrata” entrasse em vigor. Fica demonstrada a hipocrisia do partido Democrata e seus aliados, agrupados em grandes ONGs também no que se refere à sua suposta “defesa dos imigrantes”.
O governo mexicano nada faz ante esta ofensiva contra os imigrantes. Porém, tem a ousadia de apresentar como uma “boa notícia” que o sacrifício desses milhões de compatriotas, com suas modestas remessas, está segurando a economia de nosso país. Em sua recente mensagem do sábado dia 9 de maio, AMLO “destacou as remessas recebidas em março, 4 bilhões de dólares, como a principal fonte de entradas que tem o país, “e tenho informação que assim será em abril”. Afirmou que os imigrantes realizaram 10 milhões de envios, cada um com uma média de 380 dólares, equivalente a 9 mil pesos”. (La Jornada 10/05/2020).
Ou seja, reconhece que o valor da força de trabalho dos mexicanos no estrangeiro é o principal suporte dos cofres do estado patronal mexicano. E isso vem sendo assim há décadas: no ano passado o valor das remessas foi de 36 bilhões de dólares. O que ajudou a encobrir o brutal retrocesso do PIB em 2019, que somente cresceu 0.1%. Este ano, ante a queda dos preços do petróleo e do turismo as remessas serão mais ainda a maior renda.
Exigimos do governo de López Obrador:

  • Declarar prioridade nacional a defesa dos direitos humanos e trabalhistas de todos os imigrantes mexicanos nos EUA e no Canada.
  • Garantir com recursos do estado mexicano a saúde e integridade dos imigrantes e de suas famílias, através dos consulados do México ante as autoridades do país em que radicam.
  • Exigir do governo Trump o imediato fim das perseguições e deportações dos cidadãos mexicanos e que no caso de não cumprir, se suspenda a vigência do T-MEC.
  • Que o México deixe de ser a polícia de fronteira e carcereiro dos EUA. Garantir acesso a serviços grátis para todos os imigrantes de outros países, que em sua passagem pelo México foram vítimas de violações, roubos de documentos ou extorsões, por parte de funcionários mexicanos, e que os deixaram na insegurança legal.

Tradução: Túlio Rocha

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