qui mar 28, 2024
quinta-feira, março 28, 2024

Madri: Não aos confinamentos racistas! Renúncia da governadora Ayuso!

O número de pessoas infectadas pela Covid-19 chega a mais de 187.000 pessoas em Madri (Estado Espanhol), tornando a nossa Comunidade a mais infectada da Europa. Diante desta catástrofe sanitária em que a cidade está imersa, Ayuso não achou suficiente procurar um bode expiatório, culpando os imigrantes e “nosso modo de vida” pelo crescimento da curva de infecção nas últimas semanas. No último dia 20, ela anunciou o confinamento das 37 zonas de saúde mais afetadas pelo vírus, que coincidentemente estão concentradas em bairros e cidades da classe trabalhadora.

Por: Corriente Roja
Nós da Corriente Roja queremos manifestar nossa mais absoluta rejeição ao confinamento da classe trabalhadora anunciado ontem (20) pela Governadora da Comunidade de Madrid. Essas medidas racistas e de classe são uma demonstração explícita de que a presidente está com a corda “eleitoral” no pescoço e busca nos apontar como culpados por esta segunda onda de Covid-19, restringindo a mobilidade em nossos bairros com multas de até 600.000 euros (quase 4 milhões de reais) e repressão.  Porém, nos permite continuar indo trabalhar num transporte público cada vez mais asfixiante, a serviço de aumentar os lucros das grandes empresas deste país.
Não é por acaso que o maior número de infecções concentra-se nos bairros da zona sul. Como denunciam as associações de bairro ou grupos juvenis do Sudeste de Madri, não é devido aos nossos costumes ou “estilo de vida”, mas às nossas condições econômicas, sociais e migratórias, a nossa condição de classe.
Nós somos os trabalhadores essenciais, fazemos o trabalho presencial, por isso não podemos fazer home office. Além disso, nossos centros de saúde e de educação são de má qualidade, também estamos em situação legal irregular, como é o caso dos trabalhadores imigrantes que são privados de direitos trabalhistas, de saúde e de moradia e porque a especulação nos preços dos aluguéis e o abuso dos requisitos exigidos nos impedem de realizar o isolamento médico em boas condições e às vezes nem mesmo ter direito a uma moradia digna. Resumindo, porque se não temos recursos e condições para a prevenção, não podemos proteger nossas vidas.
Colocar o foco nos trabalhadores, jovens e imigrantes é uma estratégia de custo zero com benefícios políticos e econômicos para o Governo da Comunidade de Madrid: nos coloca uns contra os outros nos bairros operários do Sul e buscam que, enquanto sofremos este castigo, nos esqueçamos de exigir a prestação de contas e a renúncia da verdadeira responsável por esta crise de saúde.
Estão aparecendo as contas por não ter dado assistência às residências de idosos onde morreram um em cada cinco de nossos anciãos; pelo negócio feito com nosso dinheiro público ao conceder o serviço de rastreador do vírus a seus amigos da Indra e da Telefónica, os testes de PCR (com Ribera Salud e Unilabs por 7 milhões euros); por ter abandonado escolas e institutos (ensino médio) no início do curso sem professores, recursos e infraestruturas suficientes para garantir segurança nas salas de aula.
Não aos confinamentos racistas e de classe! Renúncia de Ayuso!
O aumento das infecções e mortes da Covid-19 respondem à situação de desmantelamento absoluto, privatização, abandono e precariedade da Saúde Pública perpetrada por este e pelos diferentes governos anteriores, tanto regionais como nacionais.
Hoje, os mais de 10.000 profissionais de saúde que Ayuso prometeu contratar, ainda não foram incorporados e, perante o chamado à greve por tempo indeterminado dos trabalhadores dos centros de saúde, ela agora promete investir 80 milhões de euros para reforçar o atenção básica por três anos. Essa promessa só pode ser uma piada de mau gosto.
É menos do que Ayuso prometeu no acordo de posse. E o que precisamos e exigimos para a primeira linha de combate ao vírus é um plano de mais de 1 bilhão que deveria ser investido já , e não em 3 anos. Isso para contar com pessoal suficiente, testes, EPIs e recursos médicos para estancar a curva que atinge principalmente nossos bairros: os da classe trabalhadora e dos jovens.
Nós da Corriente Roja, acreditamos que – em face de uma política de segregação que visa proteger os bairros ricos, enquanto os bairros da classe trabalhadora continuam pagando com nossas vidas por suas crises – trabalhadores, jovens e imigrantes dos bairros do sul precisam se unir, organizar e lutar para:
Investimento de 1 bilhão na Atenção Básica já!
Revogação da Lei 15/97 e desapropriação da saúde privada!
Saúde 100% pública, gratuita e universal!
Não aos confinamentos racistas da classe trabalhadora! Chega de repressão!
Não mais despejos, proibição imediata de demissões e regularização já!
Renúncia de Ayuso!
Tradução: Helena Náhuatl
 
 

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