qui mar 28, 2024
quinta-feira, março 28, 2024

Chile| A experiência das Assembleias Populares da revolta, a serviço da luta contra o capitalismo e a Covid-19

Os povos começaram a despertar e tomar consciência de que a origem de seus males está na economia capitalista e que esta arrastou globalmente as pessoas para a miséria, revelando assim que a luta da classe trabalhadora é internacional, que as fronteiras impostas estão a serviço da exploração, do domínio dos empresários e do lucro dos grupos econômicos e de suas empresas transnacionais.

Por: Lara e María José, Assembleia Marimojas // Héctor, Assembleia Plaza el Descanso e Resistência // Diego, Assembleia Playa Ancha
Os povos começam a entender que o extrativismo é planetário e que o aquecimento global tem como origem os saques causados ​​pela economia capitalista. Hoje a pandemia revela as condições precárias e é mais urgente do que nunca organizar nossa classe trabalhadora para conseguir sobreviver e depois realizar a revolução socialista mais necessária do que nunca. Há alguma dúvida sobre isso?
A necessidade cria o órgão, como afirmavam os teóricos, certamente em muitas partes do mundo, como no Chile, com a revolta de outubro, nasceram as assembleias territoriais autoconvocadas, para se defenderem dos ataques das Forças Armadas e depois organizar o enfrentamento direto. Com o avanço da luta, elas foram se unindo com outras assembleias de lutadores sociais, levantando concretamente cordões territoriais, sendo essas assembleias na prática organizações deliberativas, organizadoras da luta popular e uma referência para quem quer se juntar. Começam a ser o germe de uma organização paralela a tudo o que existe, sua necessidade: o poder popular, para dar resposta aos direitos violados, seu objetivo: contribuir para a construção de uma nova sociedade.
Algo que não é novo, já em 1972, os Comandos Populares e os Cordões Industriais foram criados para responder aos ataques de empresários e da burguesia ianque. Foi assim que se entendeu em outubro e foi assim até a chegada da pandemia. Toda essa experiência, dadas as precárias condições do serviço de saúde e da economia capitalista, começa gradualmente nos bairros, a colocar-se a serviço do combate ao coronavírus. Um exemplo disso é a Assembleia de Marimonjas, a Assembleia de Playa Ancha ou no centro de Valparaíso, a Assembleia Plaza el Descanso e Resistência, esta última que possuindo uma rede de comunicações, ativistas e conhecimento do território, coloca seu potencial na luta contra a pandemia. Vejamos como é isso:
No início de março se discutiu a crise da saúde, o abandono da cidade e a necessidade de uma resposta imediata. A Comissão de Comunicações e a Comissão de Saúde criadas na revolta, com seus voluntários dos centros de assistência e socorro aos feridos na luta contra o Estado, agora estão ao serviço da comunidade, definindo os seguintes critérios:
Fortalecer o sistema imunológico através de instruções alimentares saudáveis, que devem ser complementadas com a obtenção desses alimentos.
Como prevenir a higiene e o fortalecimento emocional diante da pandemia.
Com esses princípios, as seguintes tarefas são colocadas:
Divisão do território com encarregados e número de telefone (o que fazer em caso de emergência, centros de assistência e horários de atendimento, informações e coordenação)
Elaboração de um cadastro de idosos e mulheres em risco, para isso uma brigada de saúde é criada e voluntários vão para o campo. Eles perguntam sobre seu estado de saúde, vacinação, assistência médica, familiar mais próximo, se têm serviços básicos, comida, número de telefone etc.
Entre os membros da assembleia, em novembro, foi criada uma organização cooperativa para o abastecimento em um período de luta, com a ideia de economia social em resistência. Essa iniciativa agora coloca sua experiência no abastecimento da comunidade, organizando compras coletivas de grãos, farinhas, legumes, aveia, frutas e verduras, estabelecimento de locais de coleta, centralização de transferências e voluntários para compras, transporte e distribuição. Agrupadas em micro círculos com um representante, a compra solidária é feita gerando um fundo comum para famílias que não possuem os meios e necessitam de suprimentos. A partir de cotas de 5.000 pesos, podem ser solicitadas várias porções (10, 15 ou 20 mil pesos) contribuindo voluntariamente com 1000 pesos, da cota (5000) para o fundo comum, mais as contribuições anônimas recebidas.
A comissão de comunicação prepara e imprime o protocolo comunitário, o cadastro e tem a tarefa de criar um boletim para manter os bairros informados.
Como vemos, a experiência na prática explica que uma organização de classe enfrenta adversidades, o povo se articula e cria seus organismos. A Assembleia de Marimonjas, por exemplo, denunciando o abandono do estado e a assistência precária do sistema de saúde criaram sua Brigada de Saneamento, adquirindo bombas pulverizadoras, protetores de rosto, máscaras e desinfetantes com contribuições dos vizinhos. Esta assembleia também realiza o cadastro da terceira idade com a campanha “Você cuidou de mim, eu cuido de você” e a autogestão da plataforma de mapeamento de empreendimentos e trabalhos para enfrentar o desemprego.
A Assembleia Territorial de Playa Ancha recebeu uma série de tarefas e ações, como:
Criar uma rede de apoio solidário para idosos
Pontos de coleta de alimentos
Cartazes e informações sobre ações comunitárias
Articulam-se setores com ações solidárias, como o de Quebrada Verde com o centro El Hormiguero, o setor Puertas Negras coordenado com o Centro CEDAM para Idosos e com a ex-escola infantil Campanita. Procura replicar essa ação solidária em outros setores, coletando informações de dirigentes e atores sociais relevantes.
Para o abastecimento, propõe-se a instalação de Cestas de Solidariedade nos vários armazéns, com base em doações de clientes ao sair das instalações. Ao mesmo tempo, se buscará a criação de hortas nos conselhos de bairro e, a partir de junho, serão realizadas sessões de orientação de horticultura a domicílio, o que em perspectiva permite às pessoas outra forma de abastecimento.
Para a agitação, serão elaboradas consignas para colocar nas casas, dando continuidade ao protesto social.
Como vemos, as pessoas organizadas continuam acumulando experiência para as próximas lutas, criando organização e deliberando sobre o futuro da sociedade.
As Assembleias territoriais que continuam funcionando após o refluxo do processo revolucionário estão se fortalecendo como formas organizacionais paralelas ao poder institucional. Nesses momentos em que sofremos o ataque da barbárie capitalista e quando o governo ilegítimo e empresarial de Piñera e o parlamento corrupto tropeçam sem saber o que fazer, torna-se imperativo resolvermos os aspectos mais prementes dessa crise por meio de nossa própria organização. Chamamos à multiplicação de organizações populares: assembleias territoriais, panelas comuns, comitês de compra, comitês de fábrica, de saúde e de desempregados para reunir nossas bandeiras em uma organização poderosa, para quando a hora decisiva chegar.
Fora Piñera e fora governador Martínez!
Se eles não fecharem as estradas para nos proteger do contágio, nós as fecharemos!
Quarentena total para Valparaíso, com salário garantido !!
Liberdade para todos os presos políticos!
Tradução: Lena Souza

Confira nossos outros conteúdos

Artigos mais populares