É hora de unificar as lutas dos trabalhadores
“O dia 5 de setembro será uma data de luta dos trabalhadores
Entre os dias 18 e 20 de agosto foi realizada a reunião nacional da Coordenação Nacional da Conlutas, a
primeira desde que o Conat fundou a nova central. Nestas páginas apresentamos uma entrevista com José Maria de Almeida, o Zé Maria, integrante da coordenação, que fala sobre os resultados da reunião.
Também apresentamos artigos sobre as lutas que se desenvolvem em petroleiros, bancários e servidores públicos federais. Um dos desafios da Conlutas será unificar as campanhas salariais dessas categorias. Neste sentido, foi aprovado o dia 5 de setembro como uma data de luta com todas essas categorias.
Opinião Socialista – Como você avalia a realização da reunião da Coordenação Nacional da Conlutas neste momento?
Zé Maria – Foi uma reunião muito importante, representativa, que reuniu cerca de 100 dirigentes e ativistas, representando 53 sindicatos, 13 oposições sindicais, seis movimentos populares da cidade e do campo e duas organizações estudantis, oriundas de 12 estados. Discutimos o quadro político e definimos uma orientação. É importante destacar que começamos também a construir as condições para responder às demandas dos movimentos populares.
OS – Quais foram as principais discussões e resoluções da reunião?
Zé Maria – Ao mesmo tempo em que vamos seguir com as campanhas que já estamos fazendo (contra o Super Simples, pela anulação da reforma da Previdência, contra o pagamento das dívidas externa e interna, etc), a reunião votou um esforço para unificar as campanhas salariais que estão ocorrendo, envolvendo servidores federais, petroleiros, bancários, metalúrgicos, trabalhadores dos Correios e demais categorias. Vamos fazer um jornal de massas para a base dessas categorias, chamando todos a engrossarem o dia de lutas já convocado pelo funcionalismo federal, no dia 5 de setembro, transformando essa data em dia de luta de todas as categorias que estão em campanha salarial.
OS – Quais entidades dos movimentos populares estiveram na reunião?
Zé Maria – Estiveram presentes representações do MTL, do MUST (de São José dos Campos) e da Associação Oeste de Diadema, que já estão na Conlutas há mais tempo, mas também representações do MLST (Movimento de Libertação dos Sem-Terra), do MPRA (Movimento Popular pela Reforma Agrária) de Minas Gerais, do MTST de São Paulo, que deram início à organização de um grupo de trabalho que vai se ocupar da luta nesta área. Há, neste momento, vários processos de lutas desses movimentos, na cidade e no campo, em que a Conlutas está participando ativamente. A reunião permitiu também avançar no fortalecimento da própria estrutura da coordenação, e estão sendo dados os passos necessários para o registro e legalização da Conlutas como uma central de caráter sindical e popular, como foi deliberado no Conat.
A reunião discutiu ainda o fortalecimento do trabalho das oposições sindicais e o apoio à luta do povo libanês e palestino. Houve também um debate muito bom sobre a política de reparações, de cotas para negros e negras.
Debatemos também as finanças da Conlutas, com ênfase para a importância de que as entidades – principalmente os sindicatos, pois estes têm mais recursos – contribuam regularmente.
OS – Existe a possibilidade de mobilizações de importantes categorias, como petroleiros, bancários e funcionalismo público. Como a Conlutas está se preparando?
Zé Maria – Estamos nos esforçando no sentido da unificação, e para isso as manifestações do dia 5 de setembro são muito importantes.
Além disso, temos o Grito dos Excluídos. Vamos participar em todo o país levando as bandeiras de luta contra as reformas neoliberais e contra o pagamento das dívidas externa e interna. Estamos começando também outra campanha, pela extinção do fator previdenciário.
Servidores preparam dia nacional de protestos
Ao contrário do que tentou passar a grande mídia, o governo não concedeu aumento aos servidores públicos este ano. Mais que isso, além de não conceder reajuste, o governo editou uma série de medidas provisórias que deveriam cumprir os acordos firmados com a categoria, mas que na verdade escondem uma série de ataques. Os servidores organizam agora uma jornada de mobilizações contra mais este recente ataque, além da campanha salarial 2007.
O Opinião Socialista conversou com Beth Lima, dirigente do Sindsef-SP (Sindicato dos Servidores Públicos Federais de São Paulo) e diretora pela oposição da Condsef (Confederação Nacional dos Servidores Públicos Federais).
OS – O que os servidores farão com relação às MP’s editadas pelo governo?
Beth Lima – As medidas provisórias foram editadas de forma unilateral e autoritária pelo governo. Representam um verdadeiro ataque a vários direitos da categoria e ao serviço público
OS – Como está a preparação dessas mobilizações?
Beth – Estamos organizando caravanas para participar tanto das plenárias quanto do dia nacional de luta, no dia 5. É importante que todos os servidores federais compareçam em suas assembléias nos estados, propondo a participação da categoria nessas atividades. Não podemos esperar que as direções sindicais governistas ligadas à CUT assumam essas tarefas. Todos os ataques do governo só foram possíveis devido ao imobilismo dessas direções.
Para impulsionar uma mobilização vitoriosa, temos que construir nossas lutas desde a base, propondo a unificação de todos os setores
OS – Por que lançar a campanha salarial do próximo ano agora?
Beth – Porque a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias ocorre agora
‘A FUP não fala mais em nosso nome’
No dia 16, representantes de seis sindicatos e várias oposições reuniram-se na sede do Sindipetro-RJ para fundar a Frente Nacional dos Petroleiros (FNP). Já havia ocorrido, no dia 3, um vitorioso ato no prédio central da administração da Petrobras, o Edise, além de manifestações com atrasos na entrada em Sergipe, Cubatão e São José dos Campos.
Na reunião foi decidido que nos próximos meses a proposta de saída da Federação Única dos Petroleiros (FUP/CUT) será amplamente debatida com a categoria. Como todas as deliberações da FNP têm que passar pela base, também foi aprovada uma proposta da diretoria do Sindipetro (RJ) que prevê a abertura do debate e a realização de plebiscitos e assembléias para discutir e decidir se os trabalhadores querem ou não ficar na FUP. Esse processo deverá ter início no dia 10 de outubro.
Temos certeza que a maioria dos trabalhadores repudia todas as atitudes da FUP governista e hoje quer construir sindicatos e federações que sejam independentes e autônomos dos patrões e do governo. Atualmente, a FUP é uma “correia de transmissão” do governo e da Petrobras no meio dos trabalhadores, por isso defende a repactuação e chega até a percorrer as unidades vergonhosamente acompanhada pela direção da empresa, fazendo assédio moral contra os trabalhadores.
Base-conlutas também defende desfiliação da cut
Temos um enorme respeito por todos os companheiros e companheiras que estão construindo a Frente Nacional dos Petroleiros e achamos muito importante tudo que está sendo votado nestas reuniões em relação à luta e à organização da categoria.
Particularmente, saudamos a iniciativa da diretoria do Sindipetro-RJ, que se retirou do congresso da FUP quando os governistas recusaram-se a levar a proposta de repactuação para votação em assembléias, bem como a proposta de realização de um plebiscito, na segunda quinzena de setembro.
Mas não podemos concordar com a proposta desses companheiros de realizar somente um plebiscito em relação à desfiliação da FUP. É preciso romper, também, com a CUT. Motivos não faltam: a FUP nada mais é do que a representação sindical, entre os petroleiros, da direção governista da CUT.
É a CUT, dirigida, de fato, pelo ministro do Trabalho Luiz Marinho, que faz todos os ataques ao movimento sindical: prepara a reforma sindical e trabalhista, trai a luta dos trabalhadores, divide sindicatos, prepara as medidas provisórias que retiram direitos dos funcionários públicos federais e implementa as reformas previdenciárias e os fundos de pensão.
Para construir a FNP tivemos que sair do congresso e, agora, necessitamos sair da FUP. Para construir uma nova organização nacional, devemos sair da CUT. A nova entidade, para nós, é a Conlutas, mas este é um debate a ser feito entre os rompem com a CUT.
Campanha salarial e reivindicatória
Os governistas da FUP não querem saber de campanha salarial este ano. Estão esperando chegar o dia 31 para assinar algum acordo rebaixado com a empresa sobre o plano de previdência complementar e irem fazer campanha para Lula.
A Frente Nacional dos Petroleiros não aceita esta política, por isso decidiu que este ano haverá, sim, “campanha salarial e reivindicatória”, e vai levar esta proposta para a base. A frente também propõe que as assembléias na base votem o índice salarial e demais reivindicações.
O índice salarial que estamos propondo é: o ICV do Dieese, mais perdas salariais e 5% de aumento real. Também queremos discutir nessa campanha o plano de cargos e salários, e não deixar para janeiro. Pedimos também o cumprimento da Lei de Anistia (MAS), a isonomia para todos com o fim da dis
Oposição bancária impulsiona campanha salarial por fora da cut
O Movimento Nacional de Oposição Bancária está impulsionando uma campanha salarial alternativa e de luta, por fora da CUT. A campanha será discutida e organizada no próximo dia 26 no Rio de Janeiro, durante o Encontro Nacional de Base. Além da oposição sindical de diversas cidades, devem participar os sindicatos de bancários de Bauru e região, Maranhão e Rio Grande do Norte.
A decisão de lançar uma campanha alternativa deve-se à política da CNB (Confederação Nacional dos Bancários) e Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramo Financeiro) de impor uma pauta de reivindicações “rebaixadíssima”, além de barrar a luta dos trabalhadores dos bancos estatais, impedindo os bancários de reivindicar suas questões específicas. Tal manobra ocorre através da chamada mesa única de negociação, sob o manto de uma falsa unidade.
“Este encontro é importante para
Para se ter uma idéia, apesar dos sucessivos lu
Sobre a proposta da Conlutas de organizar uma campanha salarial unificada entre as diversas categorias, Dirceu Travesso, bancário da oposição e candidato a deputado federal