qui mar 28, 2024
quinta-feira, março 28, 2024

É hora de unificar as lutas dos trabalhadores

É hora de unificar as lutas dos trabalhadores

“O dia 5 de setembro será uma data de luta dos trabalhadores em campanha salarial

 

Entre os dias 18 e 20 de agosto foi realizada a reunião nacional da Coordenação Nacional da Conlutas, a
primeira desde que o Conat fundou a nova central. Nestas páginas apresentamos uma entrevista com José Maria de Almeida, o Zé Maria, integrante da coordenação, que fala sobre os resultados da reunião.

Também apresentamos artigos sobre as lutas que se desenvolvem em petroleiros, bancários e servidores públicos federais. Um dos desafios da Conlutas será unificar as campanhas salariais dessas categorias. Neste sentido, foi aprovado o dia 5 de setembro como uma data de luta com todas essas categorias.

 

Opinião Socialista – Como você avalia a realização da reunião da Coordenação Nacional da Conlutas neste momento?

Zé Maria – Foi uma reunião muito importante, representativa, que reuniu cer­ca de 100 dirigentes e ativistas, representando 53 sindicatos, 13 oposições sindicais, seis movimentos populares da cidade e do campo e duas organizações estudantis, oriundas de 12 estados. Discutimos o quadro político e definimos uma orientação. É importante destacar que começamos também a construir as condições para responder às demandas dos movimentos populares.

 

OS – Quais foram as principais discussões e resoluções da reunião?

Zé Maria – Ao mesmo tempo em que vamos seguir com as campanhas que já estamos fazendo (contra o Super Simples, pela anulação da reforma da Previdência, contra o pagamento das dívidas externa e interna, etc), a reunião votou um esforço para unificar as campanhas salariais que estão ocorrendo, envolvendo servidores federais, petroleiros, bancários, metalúr­gicos, trabalhadores dos Correios e demais categorias. Vamos fazer um jornal de massas para a base dessas categorias, chamando todos a engrossarem o dia de lutas já convocado pelo funcionalismo federal, no dia 5 de setembro, transformando essa data em dia de luta de todas as categorias que estão em campanha salarial.

 

OS – Quais entidades dos movimentos populares estiveram na reunião?

Zé Maria – Estiveram presentes representações do MTL, do MUST (de São José dos Cam­pos) e da Associação Oeste de Diadema, que já estão na Conlutas há mais tempo, mas também representações do MLST (Movimento de Libertação dos Sem-Terra), do MPRA (Movimento Popular pela Refor­ma Agrária) de Minas Gerais, do MTST de São Paulo, que deram início à organização de um grupo de trabalho que vai se ocupar da luta nesta área. Há, neste momento, vários processos de lutas desses mo­vimentos, na cidade e no campo, em que a Conlutas está participando ativamente. A reu­nião permitiu também avançar no fortalecimento da própria estrutura da coordenação, e estão sendo dados os pas­sos necessários para o registro e legalização da Conlutas como uma central de caráter sindical e popular, como foi deliberado no Conat.

A reunião discutiu ainda o fortalecimento do trabalho das oposições sindicais e o apoio à luta do povo libanês e palestino. Houve também um debate muito bom sobre a política de reparações, de cotas para negros e negras.

Debatemos também as finanças da Conlutas, com ênfase para a importância de que as entidades – principalmente os sindicatos, pois estes têm mais recursos – contribuam regularmente.

 

OS – Existe a possibilidade de mobilizações de importantes categorias, como petroleiros, bancários e funcionalismo público. Como a Conlutas está se preparando?

Zé Maria – Estamos nos esforçando no sentido da uni­ficação, e para isso as manifestações do dia 5 de setembro são muito importantes.

Além disso, temos o Grito dos Excluídos. Vamos participar em todo o país levando as bandeiras de luta contra as reformas neoliberais e contra o pagamento das dívidas externa e interna. Estamos começando também outra campanha, pela extinção do fator previdenciário.

 

 

Servidores preparam dia nacional de protestos

 

Ao contrário do que tentou passar a grande mídia, o governo não concedeu aumento aos servidores públicos este ano. Mais que isso, além de não conceder reajuste, o governo editou uma série de medidas provisórias que deveriam cumprir os acordos firmados com a categoria, mas que na verdade escondem uma série de ataques. Os servidores organizam agora uma jornada de mobilizações contra mais este recente ataque, além da campanha salarial 2007.

O Opinião Socialista conversou com Beth Lima, dirigente do Sindsef-SP (Sindicato dos Servidores Públicos Federais de São Paulo) e diretora pela oposição da Condsef (Confederação Na­cional dos Servidores Públicos Federais).

 

OS – O que os servidores farão com relação às MP’s editadas pelo governo?

Beth Lima – As medidas provisórias foram editadas de forma unilateral e autoritária pelo governo. Representam um verdadeiro ataque a vários direitos da categoria e ao serviço público em geral. Na última plenária da Cnesf definimos um calendário de mobi­li­zação contra esses ataques, exigindo do congresso a aprovação das emendas encaminhadas pelas entidades dos servidores a fim de anular os efeitos perversos das MP’s. No próximo dia 2 de setembro teremos as plenárias nacionais setoriais, no dia 3 a plenária nacional dos servidores e no dia 5 um grande ato público em Bra­sília. Será a primeira atividade realmente uni­ficada da campanha salarial.

 

OS – Como está a preparação dessas mobilizações?

Beth – Estamos organizando caravanas para participar tanto das plenárias quanto do dia nacional de luta, no dia 5. É importante que todos os servidores federais compareçam em suas assembléias nos estados, propondo a participação da categoria nessas atividades. Não podemos esperar­ que as direções sindicais governistas ligadas à CUT assumam essas tarefas. Todos os ataques do governo só foram possíveis devido ao imobilis­mo dessas direções.

Para impulsionar uma mo­bi­li­zação vitoriosa, temos que construir nossas lutas desde a base, propondo a unificação de todos os setores em luta. Além disso, é importante fortalecer a Cnesf como um espaço para organizarmos nossas lutas e, desde já, preparar nossa campanha salarial 2007.

 

OS – Por que lançar a campanha salarial do próximo ano agora?

Beth – Porque a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias ocorre agora em outubro. Temos que garantir desde já o reajuste aos servidores no orçamento do próximo ano. É necessário também, junto com essa mobilização, incluir a discussão sobre o pagamento da dívida pública em detrimento dos investimentos no serviço público. Todos nós sabemos que a União tem dinheiro. O problema é que todos esses recursos vão para pagar os juros da dívida pública aos grandes banqueiros. Então, é necessário que façamos a disputa pela consciência das mas­sas para lutarmos contra o pagamento da dívida pública, para que tenhamos recursos tanto para o reajuste aos servidores como para o atendimento das reivindicações gerais dos trabalhadores.

 

‘A FUP não fala mais em nosso nome’

 

No dia 16, representantes de seis sindicatos e vá­rias oposições reuniram-se na sede do Sindipetro-RJ pa­­ra fundar a Frente Nacio­nal dos Petroleiros (FNP). Já ha­via ocorrido, no dia 3, um vi­torioso ato no prédio central da administração da Pe­­trobras, o Edise, além de ma­nifestações com atrasos na entrada em Sergipe, Cu­ba­tão e São José dos Campos.

Na reunião foi decidido que nos próximos meses a proposta de saída da Federação Única dos Petroleiros (FUP/CUT) será amplamente debatida com a categoria. Como todas as deliberações da FNP têm que passar pela base, também foi aprovada uma proposta da diretoria do Sindipetro (RJ) que prevê a abertura do de­bate e a realização de plebiscitos e assembléias para discutir e decidir se os trabalhadores querem ou não ficar na FUP. Esse processo deverá ter início no dia 10 de outubro.

Temos certeza que a maio­ria dos trabalhadores repudia todas as atitudes da FUP governista e hoje quer construir sindicatos e federações que sejam independentes e autônomos dos patrões e do governo. Atualmente, a FUP é uma “correia de transmissão” do go­verno e da Petrobras no meio dos trabalhadores, por isso defende a repactuação e che­ga até a percorrer as unidades vergonhosamente acom­panhada pela direção da empresa, fazendo assédio moral contra os trabalhadores.

 

Base-conlutas também defende desfiliação da cut

Temos um enorme respeito por todos os companheiros e companheiras que estão construindo a Frente Nacional dos Petroleiros e achamos muito importante tudo que está sendo votado nestas reuniões em relação à luta e à organização da categoria.

Particularmente, saudamos a iniciativa da diretoria do Sindipetro-RJ, que se retirou do congresso da FUP quando os governistas recusaram-se a levar a proposta de repactua­ção para votação em assembléias, bem como a proposta de realização de um plebiscito, na segunda quinzena de setembro.

Mas não podemos concordar com a proposta desses companheiros de realizar somente um plebiscito em relação à desfiliação da FUP. É preciso romper, também, com a CUT. Motivos não faltam: a FUP nada mais é do que a representação sindical, entre os petroleiros, da direção governista da CUT.

É a CUT, dirigida, de fato, pelo ministro do Trabalho Luiz Marinho, que faz todos os ataques ao movimento sindical: prepara a reforma sindical e trabalhista, trai a luta dos trabalhadores, divide sindicatos, prepara as medidas provisórias que retiram direitos dos funcionários públicos federais e implementa as reformas previdenciárias e os fundos de pensão.

Para construir a FNP tivemos que sair do congresso e, agora, necessitamos sair da FUP. Para construir uma nova organização nacional, devemos sair da CUT. A nova entidade, para nós, é a Conlutas, mas este é um debate a ser feito entre os rompem com a CUT.

 

Campanha salarial e reivindicatória

Os governistas da FUP não querem saber de campanha salarial este ano. Estão esperando chegar o dia 31 para assinar algum acordo rebaixado com a empresa sobre o plano de previdência complementar e irem fazer campanha para Lula.

A Frente Nacional dos Pe­­troleiros não aceita esta po­lítica, por isso decidiu que este ano haverá, sim, “campanha salarial e reivindi­ca­tó­ria”, e vai levar esta proposta para a base. A frente também propõe que as assembléias na base votem o índice salarial e demais reivindicações.

O índice salarial que es­ta­mos propondo é: o ICV do Dieese, mais perdas sala­riais e 5% de aumento real. Também queremos discutir nessa­ campanha o plano de cargos e salários, e não deixar pa­ra ja­neiro. Pedimos também o cumprimento da Lei de Anistia (MAS), a isonomia para to­dos com o fim da discriminação, além de outras reivindicações.

 

Oposição bancária impulsiona campanha salarial por fora da cut

 

O Movimento Nacional de Oposição Bancária está impulsionando uma campanha salarial alternativa e de luta, por fora da CUT. A campanha será discutida­ e organizada no próximo dia 26 no Rio de Janeiro, durante o Encontro Nacional de Base. Além da oposi­ção sindical de diversas cidades, devem participar os sindicatos de bancários de Bauru e região, Maranhão e Rio Grande do Norte.

A decisão de lançar uma campanha alternativa deve-se à política da CNB (Confederação Nacional dos Bancários) e Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores no Ramo Financeiro) de impor uma pauta de reivindicações “rebai­xadíssima”, além de barrar a luta dos trabalhadores dos bancos estatais, impedindo os bancários de reivindicar suas questões específicas. Tal manobra ocorre através da chamada mesa única de negociação, sob o manto de uma falsa unidade.

“Este encontro é importante para criar uma alternativa à paralisia da Federação de Bancários, ligada à CUT, que abandonou as reivindicações centrais da categoria, como a reposição integral de perdas”, disse Fábio Bosco, membro da oposição bancária e candidato a deputado estadual pela Frente de Esquerda em São Paulo.

Para se ter uma idéia, apesar dos sucessivos lucros re­cor­des obtidos pelo setor financeiro, os bancários dos bancos privados sofreram um arrocho de aproximadamente 30% nos últimos anos. Os ban­cários do Banco do Brasil sofrem defasagem de 80% e os da Caixa Econômica Federal de cerca de 100% – e Lula ainda diz que os bancários têm altos salá­rios… No entanto, a pauta cu­tista reivindica apenas re­posição da inflação no último ano, de pouco mais de 2%, e “aumento real” de 7,05%.

Sobre a proposta da Conlutas de organizar uma cam­panha salarial unificada en­tre as diversas categorias, Dirceu Travesso, bancário da oposição e candidato a deputa­do federal­ em São Paulo, afirma: “Eu acho que é essencial bus­car a unidade dos trabalhadores que têm data base em setembro. Isso ajuda a criar um grande movimento para que os trabalhadores alcancem suas reivindicações”.

Confira nossos outros conteúdos

Artigos mais populares