sex mar 29, 2024
sexta-feira, março 29, 2024

Construir uma Coordenação de Luta do Sindicalismo Alternativo Internacional


A Reunião Internacional, realizada no Brasil após o Congresso da CSP-Conlutas, em maio, aprovou a declaração unitária transcrita a seguir. As entidades convocam um Encontro Internacional para março de 2013 em Paris, França.



Queremos fortalecer e desenvolver todas as lutas dos trabalhadores e setores explorados e oprimidos em todo o mundo. Construir um polo que busque aglutinar os setores dos movimentos sindical, popular, da juventude, independentes e alternativos, que se enfrentam contra os ataques do capital em todas as suas formas e não aceitam a lógica de conciliação das direções burocráticas tradicionais. Chamamos todos os que lutam e resistem a nos somarmos na construção de nossa unidade e solidariedade baseados no internacionalismo operário.


Unidade diante da crise
 
Entendemos ser fundamental, ante a crise, construir nossa unidade internacional, buscar coordenar e unificar nossas lutas. Independente de filiação ou não em alguma central ou organização internacional, que nos somemos para construir a unidade internacional tão necessária para enfrentar os planos imperialistas.


Aprofundar nossas trocas de experiências, debater de maneira livre e democrática nossas concepções e visões, impulsionar uma Coordenação dos setores independentes e alternativos.



Queremos construir uma rede que desenvolva ações de solidariedade e unidade, articule campanhas e iniciativas comuns, além de divulgar nossas lutas, ações e experiências, como parte do fortalecimento da unidade internacional.



Encontro Internacional

 

Chamamos a realização de um Encontro Internacional de organizações sindicais e populares, independentes e alternativas para o final de março, início de abril de 2013, em Paris, França, para avançar no debate e compreensão da realidade e na unidade de nossa luta.



Ataques aos trabalhadores

 

A crise econômica imperialista se repete e se potencializa com o aprofundamento das contradições de um sistema de produção de exploração e opressão.



A maior crise, desde 29, é profunda e atinge todos os aspectos da vida dos povos de todo o mundo. Para os patrões e seus governos é a necessidade de uma verdadeira guerra social. Ataques brutais contra nossos direitos e conquistas sociais. Apropriação de recursos naturais com consequências ambientais catastróficas. Assalto ao patrimônio público e desmonte e privatização dos serviços públicos. Desemprego para as novas gerações e perda da proteção social, aposentadorias e outras conquistas. Tudo isso para garantir o patrimônio dos banqueiros e empresas multinacionais.



Para impor sua saída se utilizam de todos os métodos necessários. A repressão se dá de todas as maneiras que a correlação de forças lhes permite, criminalizando movimentos por meio de processos, prisões e repressão permanente contra os que lutam e se enfrentam contra seus planos. Ocupações e intervenções militares são parte do plano para garantir esse projeto. Se utilizam de todas as formas de opressão e discriminação que possam nos dividir, como a xenofobia, o machismo, a homofobia, o racismo etc.



As consequências concretas são inúmeras: os ataques às conquistas dos trabalhadores europeus; os cortes na educação, saúde e investimentos públicos em todo o planeta; as ocupações militares, como do Afeganistão, Haiti, entre outras; a intervenção militar no processo da Primavera Árabe; a crise alimentar como consequência da monopolização da produção agrícola; a apropriação cada vez mais voraz dos recursos naturais em todo o planeta e o aumento da degradação ambiental. Há um retrocesso brutal nas políticas sociais universalizantes como educação, saúde, previdência e outros serviços públicos. Além disso, a imposição de todo tipo de preconceito e opressão como o racismo, o machismo, o sexismo e o incentivo permanente à xenofobia, que ganha contornos fascistizantes na relação com os imigrantes a partir do aprofundamento da crise.


Os efeitos da crise não são sentidos da mesma maneira em todo o mundo. O crescimento econômico, que ainda se mantém na América Latina, China e outros países, nãopode ser visto e compreendido como algo contraditório com a crise econômica imperialista. Mas como ritmos distintos dentro da mesma situação da crise econômica imperialista, que se utiliza inclusive de investimentos maiores em países com mão de obra mais barata e que, combinadamente, representam novos mercados, permitindo umamaior extração de mais-valia neste momento.

Compreender de um lado as especificidades e não colocar um sinal de igual nas situações é fundamental para os que querem resistir e lutar. Contudo, entender a realidade como um todo, em que mesmo com crescimento se aprofunda a exploração e a apropriação de recursos públicos e naturais, é o que pode nos permitir manter uma política classista e internacionalista de combate à ordem imperialista internacional.

A resistência
 
Mas, por outro lado, nossa classe busca de todas as maneiras lutar e resistir por todo o planeta. São as Greves Gerais do povo grego, as mobilizações dos estudantes chilenos, as greves na China, o povo árabe se mobilizando e tomando praças e armas para derrubar ditaduras de décadas como na Tunísia, Egito, Líbia, Síria, Bahrein e outros países. A luta heroica do povo palestino, as mobilizações de povos originários na América Latina em defesa da água, dos recursos naturais. São as manifestações da juventude no Estado Espanhol, as mobilizações nas praças dos Estados Unidos, as greves gerais e mobilizações na Espanha, Portugal, França. Assim como as comunidades em Moçambique mobilizando-se contra os efeitos da mineração das multinacionais e as lutas dos imigrantes em várias partes do mundo.

A Primavera Árabe, ao conseguir por meio das ações das massas derrotar e derrubar ditaduras de décadas de existência, traz novos ares para o movimento apontando a possibilidade de vitórias a partir dessas mobilizações. Por isso, é decisivo o apoio aos povos árabes, na sua luta contra as ditaduras, combinado com a denúncia e o rechaço a qualquer intervenção militar imperialista na região. Essas mobilizações, junto com a resistência heroica do povo palestino, podem levar à derrota do Estado sionista de Israel e do projeto imperialista, o que teria consequências profundas para a situação internacional.
 
Falência das direções

Infelizmente, o grande capital e seus governos contam, para impor os seus planos, com a colaboração da maioria das direções das organizações sindicais e populares pelo mundo. Organizações burocratizadas, sem democracia e que impedem que os trabalhadores e as bases decidam sobre os rumos das lutas e das resistências. Apesar dos discursos, negociam e aceitam pactos e planos de austeridade dentro da lógica do capital. Assim, se negam a construir de fato a unidade de trabalhadores, trabalhadoras e setores explorados e oprimidos em todo o mundo. Este papel de não apoiar, coordenar ou unificar as lutas é claro e categórico na situação europeia, onde se sucedem greves gerais e tantas mobilizações e manifestações com as direções tradicionais mantendo-se na direção dessas lutas para buscar controlá-las.

Novas direções
 
Neste processo surgem inúmeras tentativas de novas expressões de organização para as lutas. Tentativas de resgate da democracia, em que a base possa lutar e também decidir, para que as mobilizações não sejam conduzidas para pactos e negociações com o intuito de preservar a ordem do capital. Novas expressões de organização que busquem a retomada da unidade nas diversas lutas. Movimento sindical, movimentos populares, lutas por moradia e terra, povos originários em defesa de seus territórios e culturas, desempregados, juventude, lutas contra todas as formas de opressão e preconceito, contra intervenções militares, em defesa do direito de organização e manifestação, em defesa do meio ambiente como recursos da humanidade e não para os interesses do capital. São muitas!

De acordo com a realidade e história de cada país, é diferente a forma como se busca resgatar essas organizações de luta, que sejam contra a conciliação de classes e defendam a democracia operária e independência em relação aos patrões e seus governos.


Nossas organizações se comprometem a buscar seu fortalecimento nas lutas e na resistência dos trabalhadores com um programa classista, antiopressão e exploração, anti-imperialista, de defesa dos direitos sociais e trabalhistas, de defesa dos recursos naturais e do meio ambiente. Comprometem-se, ainda, a buscar desenvolver experiências de organização nas quais a democracia operária e a participação da base sejam combinadas com a defesa das reivindicações concretas do dia a dia, na perspectiva de atender a necessidade de construção de uma outra ordem, econômica e social, que negue de maneira radical toda forma de exploração e opressão.



Assinam esta declaração

CSP Conlutas (Brasil); Union Syndicale Solidaires (França); RMT – National Union of Rail, Maritime and Transport Workers (Inglaterra); Federação dos Sindicatos Independentes (Egito); Batay Ouvriye (Haiti); CCT – Confederación de la Classe Trabajadora (Paraguai); CGT – Central General de Trabajadores y Trabajadoras (Costa Rica); ANEL – Assembleia Nacional dos Estudantes Livre (Brasil), CONES – Coordinadora Nacional Estudiantes Secundarios (Chile), FEUCR – Federación de Estudiantes de la Universidad de Costa Rica (Costa Rica); COBAS – Sindicato de Comisiones de Base (Espanha); CUB – Confederazione Unitaria -Base (Itália); FENADAJ, Alianza de Trabajadores de la Salud y Empleados Publicos (Chile); SYNTRASESH – Syndicat National des Travailleurs des Services de la Santé Humaine (Benin); Syndicat Unique des Travailleurs des Transports Aériens ET Activités Annexes (Senegal); ISIS – Housing Assembly, ILRIG, GIWUSA (África do Sul); APUHL – Asociación de Profesionales Universitarios del Hospital Laccade (Argentina); ANDES-SN, Construção Civil (PA/CE), Metalúrgicos São José dos Campos (SP), Petroleiros – (RJ/SE), Sintect (PE), Sintusp (SP), Simpere (PE), Municipários Porto Alegre (RS), Sindjustiça (CE), Federação Sindical e Democrática dos Metalúrgicos (MG), Sindess (MG), Sintrajud (MA) (Brasil); University and College Union Liverpool University, Liverpool TUC, Asylum Voice Liverpool, Liverpool Guild of Students, Liverpool University, NUS University College London (Inglaterra); Sindicato Cervecero Kunstmann, Sindicato Frival, Sindicato Kunstmann, de Valdívia (Chile); SINDEU – Sindicato de Empleados y Empleadas de La Universidad de Costa Rica e Sindicato de Salud y La Seguridad (Costa Rica); UNITE – Community Casa Branch NN567 (Inglaterra); Sindicato de La Niñez, Sindicato de Periodistas, Sindicato de Trabajadores Club Centenario, Si­trasenavitat (Paraguai); Sindicato de Trabajadores Celima, Sindicato Nacional de Backus y Johnston, Sindicato Unitario de Trabajadores Mineros, SUTE-13 Sin­dicato de Trabajadores de La Educación – Villas Maria Del Triunfo/El Salvador, SUTE-14 Sindicato de Trabajadores de La Educación – S. J. Miraflores/Lima (Peru); SUTTAAA ; Centro Federado de La Facultad de Psicología (Peru); IAAR – Encontro Internacional de Trabalhadores de Montadoras (Alemanha); Defensoria Popular – Derechos Humanos (Chile); Émancipation  – Tendance Syndicale Lutte de Classe (França); Espacio Classista – Agrupación 1886 – SUINAV (Uruguai).

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