Em outro artigo desta edição do Correio Internacional, mostramos que a
Desde então, o processo de ruptura com a CUT continua e se aprofunda. Importantes sindicatos, como o dos trabalhadores em educação do Rio de Janeiro definiram sua ruptura. No sindicato metalúrgico de Volta Redonda (Rio de Janeiro), sede de uma grande siderúrgia, símbolo das lutas contra a ditadura e as privatizações, ganhou uma chapa que postulava a ruptura com a CUT. Na mineradora Vale do Rio Doce (Minas Gerais) também ganhou uma chapa combativa, identificada com a CONLUTAS. Em petroleiros, vários sindicatos, que representam 40% dos delegados ao congresso, romperam com a direção oficialista da FUP (Federação Única dos Petroleiros e constituiram a FNP (Frente Nacional Petroleira). Alguns destes sindicatos já aderiram à Conlutas e outros estão discutindo essa possibilidade.
Ao mesmo tempo, acontecem no país algumas lutas importantes dos trabalhadores públicos, metalúrgicos e outros setores. Neste marco, se realizou, entre os dias 18 e 20 de agosto, a primeira reunião da Direção Nacional da Conlutas desde a fundação desta entidade. Apresentamos a reportagem realizada pelo Opinião Socialista, periódico do PSTU, a Zé Maria de Almeida, membro dessa direção, onde faz uma avaliação dos resultados da reunião e das tarefas votadas.
“Opinião Socialista – Como avalias a realização da reunião da Direção Nacional da Conlutas neste momento?
Zé Maria –Foi uma reunião muito importante, representativa, que reuniu em torno de 100 dirigentes e ativistas, representando 53 sindicatos, 13 oposições sindicais, seis movimentos populares da cidade e do campo e duas organizações estudantis, oriundas de 12 estados. Discutimos o marco político e definimos uma orientação. É importante destacar que começamos também a construir as condições para responder às demandas dos movimentos populares.
OS – Quais foram as principais discussões e resoluções da reunião?
Zé Maria – Ao mesmo tempo em que vamos seguir com as campanhas que já estamos fazendo contra o Super Simples (projeto de eliminação de direitos trabalhistas para os trabalhadores das pequenas empresas, NdR), pela anulação da reforma previdenciária, contra pagamento das dívidas externa e interna, etc., a reunião votou fazer um esforço para unificar as campanhas salariais que estão em curso de empregados públicos nacionais, petroleiros, bancários, metalúrgicos, trabalhadores dos Correios e demais organizações. Vamos fazer um jornal massivo para a base destes sindicatos chamando-os a somarem-se ao dia de luta já convocado pelos trabalhadores estatais, 5 de setembro, transformando essa data em um dia de luta de todos os que estão em campanha salarial.
OS – Que entidades dos movimentos populares estiveram na reunião?
Zé Maria – Estiveram presentes representações do MTL (Movimento Terra e Liberdade), do MUST (Movimento Unificado dos Sem Teto de São José dos Campos) e da Associação Oeste de Diadema (que já estão na Conlutas há mais tempo) e também representações do MLST (Movimento de Libertação dos Sem Terra), do MPRA (Movimento Popular pela Reforma Agrária) de Minas Gerais, do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) de São Paulo, que começaram à organização de um grupo de trabalho que vai ocupar-se da luta neste setor. Há, atualmente, vários processos de lutas destes movimentos, na cidade e no campo, e a Conlutas está participando ativamente. A reunião permitiu também avançar no fortalecimento da própria estrutura da coordenação, e se estão dando os passos necessários para o registro e legalização da Conlutas como uma central de caráter sindical e popular, como se resolveu no Conat.
A reunião discutiu também o fortalecimento do trabalho das oposições sindicais e o apoio à luta do povo libanês e palestino. Houve também um ótimo debate sobre a política de reparações, de quotas para negros e negras. Debatemos também as finanças da Conlutas, insistindo em que as entidades, principalmente os sindicatos, pois têm mais recursos, contribuam regularmente.