qui abr 18, 2024
quinta-feira, abril 18, 2024

Conlutas: é hora de unificar as lutas dos trabalhadores

Em outro artigo desta edição do Correio Internacional, mostramos que a crise da CUT (Central Única dos Trabalhadores) é mais acelerada que o desgaste da figura de Lula. Sua adesão incondicional ao governo levou-a a enfrentar-se de modo crescente com as necessidades dos trabalhadores  e isto provocou um processo quase contínuo de ruptura de vários sindicatos. Uma parte destes sindicatos, oposições sindicais, organizações camponesas, sociais e estudantis, que representam uma base de quase 1.800.000 trabalhadores, fundaram a Conlutas (Coordenadora Nacional de Lutas), em um Congresso realizado em maio passado.

Desde então, o processo de ruptura com a CUT continua e se  aprofunda. Importantes sindicatos, como o dos trabalhadores em educação do Rio de Janeiro definiram sua ruptura. No sindicato metalúrgico de Volta Redonda (Rio de Janeiro), sede de uma grande siderúrgia, símbolo das lutas contra a ditadura e as privatizações, ganhou uma chapa que postulava a ruptura com a CUT. Na mineradora Vale do Rio Doce (Minas Gerais) também ganhou uma chapa combativa, identificada com a CONLUTAS. Em petroleiros, vários sindicatos, que representam  40% dos delegados ao congresso, romperam com a direção oficialista da FUP (Federação Única dos Petroleiros e constituiram a FNP (Frente Nacional Petroleira). Alguns destes sindicatos já aderiram à Conlutas e outros estão discutindo essa possibilidade.

Ao mesmo tempo, acontecem no país algumas lutas importantes dos trabalhadores públicos, metalúrgicos e outros setores. Neste marco, se realizou, entre os dias 18 e 20 de agosto, a primeira reunião da Direção Nacional da Conlutas desde a fundação desta entidade. Apresentamos a  reportagem realizada pelo Opinião Socialista, periódico do PSTU, a Zé Maria de Almeida, membro dessa direção, onde faz uma avaliação dos resultados da reunião e das tarefas votadas.

 

“Opinião Socialista – Como avalias a realização da reunião da Direção Nacional da Conlutas neste momento?

Zé Maria –Foi uma reunião muito importante, representativa, que reuniu em torno de 100 dirigentes e ativistas, representando 53 sindicatos, 13 oposições sindicais, seis movimentos populares da cidade e do campo e duas organizações estudantis, oriundas de 12 estados. Discutimos o marco político e definimos uma orientação. É importante destacar que começamos também a construir as condições para responder às demandas dos movimentos populares.

 

OS – Quais foram as principais discussões e resoluções da reunião?

Zé Maria – Ao mesmo tempo em que vamos  seguir com as campanhas que já estamos fazendo contra o Super Simples (projeto de eliminação de direitos trabalhistas para os trabalhadores das pequenas empresas, NdR), pela anulação da reforma previdenciária, contra  pagamento das dívidas externa e interna, etc., a reunião votou fazer um esforço para unificar as campanhas salariais que estão em curso de empregados públicos nacionais, petroleiros, bancários, metalúrgicos, trabalhadores dos Correios e demais organizações. Vamos fazer um jornal massivo para a base destes sindicatos chamando-os a somarem-se ao dia de luta já convocado pelos trabalhadores estatais, 5 de setembro, transformando essa data em um dia de luta de todos os  que estão em campanha salarial.

 

OS – Que entidades dos movimentos populares estiveram na reunião?

Zé Maria – Estiveram presentes representações do MTL (Movimento Terra e Liberdade), do MUST (Movimento Unificado dos Sem Teto de São José dos Cam­pos) e da Associação Oeste de Diadema (que já estão na Conlutas há mais tempo) e também representações do MLST (Movimento de Libertação dos Sem Terra), do MPRA (Movimento Popular pela Refor­ma Agrária) de Minas Gerais, do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) de São Paulo, que começaram à organização de um grupo de trabalho que vai  ocupar-se da luta neste setor. Há, atualmente, vários processos de lutas destes movimentos, na cidade e no campo, e a Conlutas está participando ativamente. A reunião permitiu também avançar no fortalecimento da própria estrutura da coordenação, e se estão dando os passos necessários para o registro e legalização da Conlutas como uma central de caráter sindical e popular, como se resolveu no Conat.

A reunião discutiu também o fortalecimento do trabalho das oposições sindicais e o apoio à luta do povo libanês e palestino. Houve também um ótimo debate sobre a política de reparações, de quotas para negros e negras. Debatemos também as finanças da Conlutas, insistindo em que as entidades, principalmente os sindicatos, pois têm mais recursos, contribuam regularmente.

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