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sexta-feira, março 29, 2024

Conexão barbárie

Enquanto fechávamos esta edição, continuavam desaparecidos o indigenista da Fundação Nacional do Índio (Funai) Bruno Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips. Eles sumiram na região amazônica e tudo leva a crer se tratar de um crime cometido por traficantes, em conluio com pescadores e madeireiros ilegais que vivem em conflito com indígenas da região. Bolsonaro, que trava uma guerra contra as comunidades indígenas em favor das mineradoras, madeireiras e do agronegócio, se limitou a culpar as vítimas, afirmando que estavam numa “aventura não recomendada”.

Por: PSTU Brasil

Já há duas semanas, as imagens da tortura e execução de Genivaldo de Jesus, asfixiado numa câmara de gás improvisada na viatura da Polícia Rodoviária Federal em Sergipe, causaram revolta e indignação. São cenas que evocam às câmaras de gás do nazismo e que mostram a realidade da violência policial contra a população negra e pobre. Passados 15 dias desse crime bárbaro cometido à luz do dia, e diante de inúmeras testemunhas, ninguém foi preso.

A execução ocorreu poucos dias após mais uma chacina perpetrada pela polícia no Rio de Janeiro, desta vez na Vila Cruzeiro, que terminou em pelo menos 28 mortos. A operação teve a participação do Bope da PM, da Polícia Rodoviária Federal e da Polícia Civil. As versões e justificativas para o envolvimento da PRF na ação mudaram no decorrer dos dias, mostrando que a real intenção era promover um espetáculo midiático e eleitoral à custa de corpos negros.

Corta para o Nordeste, onde as chuvas em Pernambuco causaram, até o momento em que fechávamos esta edição 129 mortes. São cerca de 130 mil desabrigados e desalojados. Se as chuvas são um fenômeno natural, intensificadas pelas mudanças climáticas, as mortes não. São resultado de anos de descaso de sucessivos governos, das três esferas, com a população.

Expressões do governo Bolsonaro e do capitalismo em crise

Chacinas, execuções bárbaras, desaparecimento de ativistas, mortes por “balas perdidas” em incursões policiais e vítimas de “fenômenos naturais” que chegam à casa das centenas vão fazendo, cada vez mais, parte do nosso dia a dia. A tal ponto que a população vai se anestesiando diante das cenas mais aterradoras. O que une esses casos, aparentemente distantes e sem conexão entre si? São todas expressões da barbárie promovida e impulsionada pelo governo Bolsonaro e, mais que isso, que o capitalismo em crise precisa, cada vez mais, impor à população e ao povo pobre para seguir se reproduzindo.

Assim como a situação de degradação, retrocesso e caos social criou as condições para um governo como o de Bolsonaro, o capitalismo precisa impor um grau de superexploração e repressão cada vez maior para que os super-ricos, os bilionários, as grandes empresas, banqueiros e multinacionais continuem lucrando. O resultado é a multiplicação da barbárie no nosso dia a dia. As vítimas são sempre os trabalhadores, o povo pobre, os indígenas, LGBTIs, as mulheres e os negros.

O plano do imperialismo para o Brasil, aplicado à risca por sucessivos governos e aprofundado pelo capacho do Bolsonaro, é a completa recolonização, entregando de vez o país, arrasando com o meio ambiente e os povos originários, e tirando o que resta de direitos trabalhistas, rebaixando salários e explorando até a última gota de suor. E para impor isso, aprofundar o genocídio negro e indígena, as chacinas e o encarceramento em massa. O número de pessoas encarceradas no país subiu 7,6% desde o começo da pandemia. São quase 920 mil pessoas, destas, quase metade sem julgamento, e nessa toada prevê-se que cheguem a 2 milhões nos próximos dois anos.

Lula-Alckmin não é a solução

Não é à toa que a barbárie cresça na mesma medida em que nos afundamos cada vez mais nessa crise econômica e social. Para enfrentá-la, é preciso derrotar para valer o governo Bolsonaro, a cara mais perfeita dessa situação, acabar com a fome, a miséria, o desemprego, a precarização, o sucateamento da saúde e educação, a destruição do meio ambiente e demais problemas que compõem esse caldeirão infernal em que estamos. E para fazer isso só há uma forma: atacar os lucros e propriedades dos super-ricos, dos bilionários e das grandes empresas e multinacionais que controlam a nossa economia.

A alternativa Lula-Alckmin não representa uma opção e algo realmente diferente a tudo o que está aí. Juntamente com o agronegócio, as multinacionais e os banqueiros, não vão mudar substancialmente essa política econômica, vão continuar governando para os ricos e gerenciando o capitalismo em crise. Nem mesmo representa um alívio à barbárie e repressão. É bom lembrar que Alckmin estava à frente do governo quando a PM paulista perpetrou a maior matança já registrada neste país, os chamados “crimes de maio” de 2006. Sob justificativa do combate ao PCC, a PM matou 505 pessoas em apenas duas semanas. Você acredita que Alckmin se arrependeu e mudou de lado?

Para enfrentar a barbárie, é preciso enfrentar a degradação social e o retrocesso impostos pelos governos e o capitalismo. Para fazer isso, é preciso que os trabalhadores lutem e se organizem de forma independente, avançando na construção de uma alternativa socialista e revolucionária. É a esse serviço que está a pré-candidatura de Vera à Presidência, pelo PSTU e o Polo Socialista e Revolucionário. Enquanto ficarmos reféns de projetos, programas e alternativas da burguesia, nada vai mudar e continuaremos a chorar por nossos mortos.

 

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