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sexta-feira, março 29, 2024

Chile| O 30 de abril da CUT, um primeiro balanço da greve geral que não foi

O agravamento da pandemia e a priorização dos lucros das grandes empresas acima das vidas das e dos trabalhadores continua. O chamado à greve sanitária neste 30 de abril da CUT esteve muito aquém das necessidades.

Por: MIT Chile

Destacamos as iniciativas de setores de base e provinciais, dos trabalhadores da saúde, de organizações territoriais, que efetivaram a greve e mobilização neste dia 30, entretanto, de conjunto, a jornada esteve longe de ser uma greve geral. A diferença estava em que havia objetivos diferentes.

A agenda de “mínimos comuns” com Yasna Provoste

O chamado à “Greve Sanitária” por parte da direção da CUT foi sem organização prévia, nem assembleias preparatórias e com uma pauta vergonhosa que esteve longe de ser discutida e validada pelas bases. No balanço da mobilização de 30 de abril, a presidenta da Central Unitária de Trabalhadores (CUT), Bárbara Figueroa (Partido Comunista – PC) qualificou a Paralisação como “positiva”: “Cumpriu-se o objetivo. Ficou evidente que o que marcou e motivou este dia de mobilização foi dar um sinal de alerta sobre o cenário que será vivido neste país ao não se escutar a voz dos trabalhadores e trabalhadoras”. O “objetivo” cumprido de Barbara Figueroa ficou evidenciado na coletiva de imprensa da paralisação junto a Yasna Provoste que estava saindo da negociação no La Moneda.”Quero transmitir à comunidade que finalmente este diálogo concluiu com uma agenda de mínimos comuns que é necessário abordar com urgência, pensando nas famílias, pensando que recebam recursos de forma universal, e o Presidente Piñera tem estado disponível para isso”, destacou Provoste (Democracia Cristã – DC). Trata-se da velha estratégia do PC de chamar para confiar na colaboração de classes. Por acaso acreditamos que colaborando e negociando com o ladrão/assassino Piñera garantiremos uma agenda em benefício dos trabalhadores? A realidade tem demonstrado que não, porém o PC insiste em negociar ao invés de reimpulsionar a luta para fazer Piñera cair pela mobilização, por isso só impulsiona mobilizações demarcadas, unicamente com o objetivo de negociar em melhores condições com algum setor que denominam de “progressivo” dos partidos empresariais, como DC, Partido socialista (PS), e também com Piñera.

No chamado à greve geral de 30 de abril, Barbara Figueroa propôs uma pauta totalmente insuficiente e vergonhosa tal como uma renda básica de emergência equivalente à linha da pobreza (176 mil pesos por pessoa) e investir dinheiro do Estado no Seguro Desemprego…ou seja, já dão por fato que milhares de trabalhadores estão e continuarão perdendo seus empregos. Porém há outro caminho.

A luta dos portuários e dos territórios retomou o caminho do 18 de outubro

Dias antes do 30, diante do anúncio do governo de recorrer ao Tribunal Constitucional ao projeto da terceira retirada de 10%, a grande greve nacional dos trabalhadores portuários, com paralisação efetiva da produção, com os panelaços e a luta nos territórios, a iminência da entrada em ação de setores estratégicos da classe trabalhadora, tudo isso fez o governo retroceder, fez estremecer o tribunal constitucional e todos os partidos parlamentares. Foi retomado a força viva e aberta do Chile do “18 de outubro”. Havia força para mais, porém a condução política do PC e DC na CUT não expressa esta luta, eles são parte dos 30 anos, por isso seu chamado à greve não teve eco nos trabalhadores, nem pôde dar continuidade à luta que antes se travava contra a investida de Piñera. Resta saber se as novas conduções nas organizações sindicais, com uma política diferente, poderão dar um impulso à luta. No entanto, a paralisação efetiva dos portuários e a luta nos territórios marcaram um caminho oposto aos pactos dos “mínimos comuns”.

O Movimento Internacional dos Trabalhadores (MIT) diferentemente do balanço de Barbara Figueroa do PC, chama todos os setores em luta para nos organizarmos confiando apenas em nossas próprias forças. Rechaçando a agenda de mínimos comuns com os partidos dos 30 anos, em unidade das e dos trabalhadores com as assembleias territoriais, pela greve geral efetiva, impondo fora Piñera e todos eles! A liberdade dos presos políticos sem condições e conquistar um programa de emergência diante da pandemia, consistente com uma renda básica de $ 600.000 para demitidos impedidos de trabalhar (quarentena) e todos os que recebam menos que esse montante, proibição de demissões, dobrar o investimento na saúde, medidas financiadas com imposto imediato de 50% sobre as grandes fortunas e confisco imediato de todos os lucros das Administrações de Fundos de Pensões (AFPs), grandes mineradoras e dos bancos que estão fazendo rios de dinheiro nesta crise. É uma urgência diante do agravamento da pandemia sobre os trabalhadores.

Tradução: Lilian Enck

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