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sexta-feira, março 29, 2024

Sebástian Romero: Lutar contra o novo roubo aos aposentados

Sou Sebastián Romero, mais conhecido como o “gordo do morteiro”. Já são quase 3 anos, desde aquele 18 de dezembro de 2017, em que milhares de nós que fomos às ruas para enfrentar a Reforma Previdenciária e barramos a Reforma Trabalhista no governo Macri. Desde então, sou um perseguido político. Atualmente estou preso, durante o Governo de Alberto Fernández, que não hesita em colocar a mão no bolso dos idosos, assim como Macri, com a nova Lei da Mobilidade de Aposentados.

Por: Sebastián Romero, preso político por defender os aposentados
A diretora da ANSES, Fernanda Raverta, orgulhosamente anunciou que a aposentadoria mínima será de 19.034 pesos argentinos.- ao mesmo tempo em que a mídia noticia que para não estar abaixo da linha da pobreza são necessários 20.710 pesos. Como os aposentados vão comer, pagar impostos e serviços, remédios e tratamentos, utilizar transporte público (se é que podem), com o miserável salário que recebem e continuarão recebendo? Não podemos permitir que se metam com os idosos: é indignante que, depois de uma vida de muito trabalho e sacrifício, eles morram na miséria. O mesmo acontece com as crianças do nosso país, os jornais anunciam que 63% são pobres.
Para os patrões e o Governo o mais importante é sua economia
A pandemia deixou claro como esse sistema funciona em todo o mundo. Uns com discurso mais popular e outros menos, mas todos os governos mostraram que a economia é para eles mais importante que a vida da classe trabalhadora. Quando falam de economia, referem-se aos lucros das empresas e como podem gerar mais riqueza.
Meus companheiros, trabalhadores da mineração, em Santa Cruz estão lutando porque os patrões os fazem trabalhar, embora haja um surto de infecção de COVID e o sistema de saúde já esteja em colapso em algumas cidades. Este é um exemplo de algo que se multiplica por dezenas no país.
Os povos se levantam
A rebelião liderada este ano pela população negra nos Estados Unidos mostrou que os pobres do mundo estão FARTOS e dispostos a se rebelar até mesmo nos países do “primeiro mundo”. A revolução chilena, que não pôde ser derrotada nem pela repressão nem pela pandemia, é outro exemplo, assim como a Belarus. Agora vemos a luta do povo peruano, que sofreu um genocídio pela COVID, e que já derrubou 3 presidentes em 10 dias se mobilizando e enfrentando a repressão.
No mundo, as mulheres levantam suas vozes, se organizam e lutam por seus direitos, por suas vidas e pelo fim da violência a que são submetidas, pelo fim dos estupros, dos assédios e pela igualdade social.
Multiplicam-se as Primeiras Linhas
Nós que estávamos na primeira linha naquele 18 de dezembro de 2017, fomos chamados pelos meios de comunicação de violentos por defender os aposentados e a juventude, por nos defender com o que tínhamos em mãos de uma terrível repressão. Passei mais de 29 meses sem poder ver minha família, ainda estou na prisão. E meu companheiro Daniel Ruiz passou 13 meses no presídio de Marcos Paz por um processo no qual, em quase 1 ano de julgamento, não puderam provar absolutamente NADA do que o estão acusando, nem contra Daniel, nem contra César Arakaki, nem aquilo de que me acusam e me mantêm preso. Essa é a Justiça neste sistema: serva dos governos e dos ricos, dura com os pobres e os lutadores.
Mas apesar de ter sofrido esses ataques e perseguições, valeu a pena. Temos orgulho de ter sido parte dessa linha de frente, e de sermos irmãos das linhas de frente que surgem nas lutas do mundo, que também são atacadas. Nós trabalhadores e trabalhadoras temos o direito de defender nossas vidas e, para isso, devemos nos organizar mais e melhor na autodefesa em todas as lutas. O despejo de Guernica e a repressão aos funcionários municipais de Córdoba nos mostram que não podemos sair de mãos atadas. Que fique claro para o governo: se houver repressão, haverá autodefesa.
A luta é o único caminho
Diante desse novo roubo aos aposentados, alguns meios de comunicação (dos quais nestes anos várias vezes falaram de mim e negaram que além do “gordo do morteiro”, eu seja um operário demitido de uma multinacional subsidiada pelo Estado), questionaram onde eu estava agora que Alberto Fernández fez um ajuste contra os aposentados. Aqui estou, sendo um preso político, mas na mesma trincheira de 2017, na defesa dos nossos velhos e dos pobres, contra os planos do Governo, dos patrões e do FMI.
Se centenas de milhares de nós lutamos contra o plano de Macri, contra os planos do FMI e das multinacionais, que nos saqueiam e exploram cada vez mais, como não vamos lutar agora que nossos filhos e nossos velhos estão morrendo de fome, na pobreza, na doença, na miséria e tristeza?
Alberto Fernández disse em seu discurso de posse que se estivesse fazendo algo errado, nós o avisássemos. Agora é quando temos que avisar que está fazendo coisas muito erradas.
O que ficou claro com o terrível despejo de famílias de Guernica e o ajuste acertado com o FMI, agora querem encobrir com o falso Imposto sobre a Riqueza e o projeto de aborto legal.
Não nos deixemos enganar: temos que lutar pelo aborto legal (que, se passar, não é um presente de nenhum governo, mas um triunfo de uma luta de anos) e contra o ajuste e o roubo aos aposentados.
Infelizmente, as direções sindicais estão cada vez mais vendidas. Agora a maioria nem mesmo em palavras ou com alguma medida mínima, se opõe ao ajuste, como pelo menos faziam em 2017. Acertam os reajustes salariais por baixo, hoje com a desculpa da pandemia.
Isso não pode continuar assim. Temos que impulsionar assembleias de filiados e não filiados nos locais de trabalho para discutir um plano de luta e romper com o Pacto Social, com os dirigentes na cabeça ou com as cabeças dos dirigentes. Organizar comitês ou comissões para desenvolver a luta e garantir as tarefas votadas, não se atrelando à estrutura sindical que não serve para fomentar as lutas. São muitos setores lutando, temos que nos unificar e, com mandatos de base, construir uma lista comum de reivindicações nas zonas e províncias, começar a formar espaços onde possamos coordenar todas as lutas.
Os trabalhadores e principalmente as mulheres trabalhadoras, viemos de uma história cheia de lutas que nos custou sangue, suor e lágrimas. Ninguém nunca nos deu nada, nós conquistamos tudo com a luta nas ruas.
Sigamos o caminho do povo peruano e chileno, Viva as lutas da América Latina e do mundo! Fora FMI! Por uma Revolução liderada pela classe operária que conquiste a Segunda e Definitiva Independência rumo a uma sociedade socialista!
Junte-se ao PSTU para fazer juntos essas lutas.
tradução: Tae Amaru

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