qui mar 28, 2024
quinta-feira, março 28, 2024

Ativista social morre em presídio no Egito

NÃO PODEMOS DEIXAR QUE MATEM NOSSOS JOVENS!
A morte do ativista social Shady Habash de 24 anos no Egito, autor de um vídeo clip em que caçoava politicamente do ditador Al Sisi, mostrou como regimes burgueses despóticos visam eliminar uma parcela de jovens lutadores sociais nos cárceres de seus Estados.

Por: Américo Gomes
Como já abordamos em vários artigos o sistema carcerário utilizado pela burguesia em seu Estado é parte do controle social sobre o proletariado. Um dos elementos do aparato de repressão utilizado contra a classe trabalhadora. O objetivo deste sistema não é recuperar ninguém e sim castigar e punir, com: a superlotação, os maus tratos, o abandono, a falta de planos de formação, etc. Atualmente a pandemia do coronavírus com a péssima qualidade da comida, a falta de materiais de limpeza e planos de vacinação está estabelecendo a pena de morte dentro das prisões.
É assim em boa parte do mundo, e atinge majoritariamente presos pobres, negros, imigrantes e de baixa criminalidade. Por isso uma carta aberta assinada por mais de 550 personalidades, entre elas o Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel e a ativista negra Ângela Davis, denunciou, na semana passada, que o encarceramento em massa dos Estados Unidos é um mecanismo promotor da Covid-19 e, portanto, uma ameaça à saúde global.
Nos países onde há mobilizações de massas contra seus governos repressores, como Chile, Argélia, China e Palestina ele se transforma, junto com os aparatos policiais e judiciários, em mais instrumento de repressão contra os dissidentes políticos, particularmente operários, jornalistas, advogados e intelectuais.
Assassinato no Egito
Shady Habash era cineasta y fotógrafo, estava preso em prisão preventiva há dois anos no presidio de Tora no Cairo, sem ainda ter tido julgamento. Seu “crime”: dirigir o vídeo clip de uma música que fazia uma crítica política em tom de brincadeira com o presidente egípcio, Abdelfatah al Sisi. Se converteu em um fenômeno viral em um país onde impera a censura. Acusado de “pertencer a grupo terrorista”, “difusão de notícias falsas”, “abuso das redes sociais”, “blasfêmia” e “insulto as forças armadas”.
É também no Egito que um advogado de 25 anos foi condenado a 3 anos de prisão por difundir no Facebook uma inofensiva montagem fotográfica do presidente com orelhas de Mickey Mouse e um cômico, Shadi Abu Zaid, foi preso por repartir a policiais bolas feitas de camisinhas, na Praça Tahrir, durante o aniversário dos protestos contra Hosni Mubarak e está preso até hoje junto com outros 60.000 pessoas por acusações políticas.
A morte de Shady é a decima primeira que ocorre nas infectadas prisões egípcias. O governo alega que causa foi “razões de saúde não precisas”.
Desencarceramento para evitar um massacre nos presídios
Manter as condições inadequadas de combate ao coronavírus nos presídios pelo mundo significa impor a pena de morte a milhares de presos.
São urgentes medidas concretas que permitam conter o avanço dos vírus. Por isso, para além da liberdade imediata aos presos políticos, é necessário dar liberdade aos presos comuns em idade avançada e aqueles que estão em prisão preventiva acusados de crimes não-violentos. É preciso garantir a provisão de equipamentos de proteção individual para presos e agentes penitenciários junto com a oferta de equipes médicas capazes de confrontar a pandemia dentro das prisões.
Estas são medidas mínimas para combater o avanço do vírus. Mas sabemos que se aproximam tempos de profunda crise econômica e social onde os governos tentarão utilizar vastamente a criminalização dos protestos sociais. Por isso, estrategicamente, temos de lutar pelo fim do modelo de encarceramento em massa como uma política de contenção do descontentamento social.
Imediata liberdade para todos os presos políticos
A morte de Shady não pode ser em vão, tem que ser mais um impulso para a campanha internacional que está exigindo a liberdade de todos os presos políticos nesta época de pandemia do coronavírus.
Al Sisi indultou a 4.000 presos no mês passado, mas, entre eles, nenhum preso político. Como no Chile em que Piñera tentou indultar os militares golpistas da ditadura chilena enquanto mantinha na cadeia os ativistas da “Primeira Linha”. Só não foi em frente porque foi barrado pelos protestos gerados na sociedade. Nenhum genocida deve ganhar a liberdade, somente aqueles que são lutadores sociais em prol da classe trabalhadora.
 

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