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sexta-feira, março 29, 2024

As mulheres na linha de frente da luta no Equador

Tal como vimos em vários países do mundo, as mulheres estiveram nas ruas, bloqueios, ocupações, grupos de solidariedade e em todas as frentes de luta na rebelião indígena e popular que ocorreu no Equador pela derrota do decreto 883.

Por: Vero Chulde

As mulheres indígenas, trabalhadoras, estudantes, camponesas, jovens, mães, idosas do Equador e todas as que sofrem exploração e a pressão na sociedade capitalista enfrentam novamente a violenta repressão da polícia e do exército equatorianos sob o governo de Lenin Moreno e dos grandes capitalistas nacionais e internacionais aos quais ele serve.

Para salvar os ricos e arrecadar dinheiro para atender as exigências do Fundo Monetário Internacional, o governo de Lenin Moreno, elaborou o decreto 883 que põe fim ao subsídio da gasolina e do diesel, dobrando assim o preço dos combustíveis, o que significa o aumento das passagens, o aumento dos preços dos alimentos e demais produtos de primeira necessidade, agravando ainda mais o padrão de vida da população pobre do Equador, que já é insustentável.

Essas medidas econômicas fizeram surgir a luta no país e que mulheres da classe trabalhadora, indígenas, camponesas e jovens não tivessem dúvidas e se manifestassem com toda a sua força.

O exemplo corajoso de resistência das mulheres nas frentes de luta tocou profundamente no espírito de solidariedade do povo pobre em geral e das mulheres que em seus bairros, de suas casas, empregos, locais de estudo, organizações sociais se uniram de diferentes maneiras para participar em unidade e solidariedade com a luta.

A presença de mulheres é inegável na participação de centros de ajuda humanitária, nas brigadas de voluntários de diferentes tipos, como aquelas criadas para cuidar dos feridos ou para ajudar nas tarefas de alimentação e até no cuidado das crianças; nos centros de coleta de doações de diferentes setores, nas cozinhas comunitárias que se organizaram nas diferentes universidades que abriram suas portas e, é claro, na participação na luta direta a partir dos bairros com marchas, concentrações e panelaços.

Para não falar das mulheres que enfrentaram nas ruas a brutal repressão, muitas com seus filhos nos braços, foi muito importante ao chamar as forças armadas e policiais para que abandonassem o governo, parassem de reprimir e viessem para o lado da luta. Isso se evidenciou em Cotopaxi, Chimborazo, Cañar, Bolívar e outras províncias onde as forças da repressão tiveram que recuar.

Em todas as províncias, a humilde mulher do povo participou altivamente dos bloqueios de estradas e rodovias, das concentrações, das marchas, das ocupações das sedes dos governos e outras instâncias, das ocupações e controle dos blocos petroleiros na região amazônica.

Essas ações foram fundamentais para a sustentação das mobilizações e da greve nacional. Durante 11 dias, lutamos junto com os trabalhadores do campo e da cidade, com a juventude.

As lutas no Equador nos ensinam na prática que nós, as mulheres humildes do povo pobre, devemos nos localizar, antes de tudo, com base em nossa condição de classe operária, as e os trabalhadores, as e os camponeses e o povo pobre.

se prova com a postura da ministra do governo de Lenin, María Paula Romo, que se apresenta como feminista e é uma das principais responsáveis ​​por defender as propostas do governo de mergulhar ainda mais a nossa classe na miséria. Além disso, também é a principal responsável pela repressão brutal que os e as lutadoras estão enfrentando. Embora tenha vindo com o falso pedido de desculpas pelas bombas de gás lacrimogêneo lançadas nas Universidades Católica e Salesiana, todos sabemos que ela está junto com os responsáveis ​​pelas ordens de reprimir o movimento.

Somente com a organização e a unidade dos homens e mulheres trabalhadoras e a juventude, somente com a luta foi possível derrotar o pacote e somente unidos nas ruas para derrubar esse governo, derrubar as políticas de fome do FMI e de uma vez por todas, avançar em um programa que liberte a classe trabalhadora e, juntamente com isso, permita medidas concretas para libertar as mulheres e as jovens, camponesas e trabalhadoras da opressão machista que afeta com mais violência às mulheres trabalhadoras do povo.

A unidade dos e das trabalhadoras é o único caminho possível para alcançar uma nova sociedade justa, equitativa, solidária, verdadeiramente democrática e sem opressão para nós e para nossas filhas e filhos.

Tradução: Lena Souza

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