sex mar 29, 2024
sexta-feira, março 29, 2024

Os próximos desafios da Colutas

Conlutas faz sua primeira reunião nacional após o Conat
 
Diego Cruz, da redação e Opinião Socialistas
 
Engana-se quem pensa que os desafios expostos no Congresso Nacional dos Trabalhadores (Conat) estão encerrados. Pelo contrário, foi apenas o ponto de partida para a estruturação nacional e fortalecimento da Coordenação. A exato um mês do Congresso, diversos sindicatos, movimentos e oposições, nacionais e de base, se reuniram nos dias 5 e 6 de junho em São Paulo para apontar os próximos passos da recém-fundada entidade.

Como principal resolução de mobilização foi tirado um chamado ao dia 21 de junho, em todo o país, apoiando as campanhas salariais, a luta da GM e Volks contra as demissões, e divulgando a campanha contra o Supersimples.
 
Balanço do Conat

Participaram do congresso cerca de 210 entidades sindicais, além de dezenas de oposições, movimentos e organizações estudantis.As entidades avaliaram que, apesar dos erros cometidos por causa da inexperiência de se organizar eventos desse tipo e porte, o Congresso havia sido extremamente positivo. Um ponto bastante ressaltado foi o fato do Conat ter resgatado a tradição de congressos amplos, democráticos e de base, há muito abandonado pela CUT.

Além disso, a organização do Conat deu um verdadeiro exemplo de independência, não só de classe, mas, sobretudo financeira. Todos os gastos com a estrutura do evento e das viagens das delegações foram pagos pelas entidades dos trabalhadores ou através de arrecadações próprias

No entanto, o que caracterizou a avaliação das entidades foi o entendimento de que o Conat se tratou de um evento histórico da classe trabalhadora, por construir uma entidade nacional alternativa á CUT. ?Foi uma vitória muito importante, um marco histórico para a reorganização dos trabalhadores?, avalia Dirceu Travesso, do Movimento de Oposição Bancária de São Paulo e da direção do PSTU.

A organização espera agora finalizar o caderno de resoluções do Conat até a segunda quinzena de junho. Além disso, a Coordenação também publicará uma revista especial sobre o Congresso, com reportagens e as principais resoluções do evento. Outro importante material de registro do Congresso são os vídeos que a Conlutas disponibilizará em breve.
 
Impulsionar as mobilizações

Entendendo que a Conlutas deve se construir nas lutas, as entidades discutiram principalmente a necessidade da entidade impulsionar as principais mobilizações dos trabalhadores neste segundo semestre.

Nesse sentido, foi reforçada a campanha de lutas contra o Super Simples, que na opinião de Travesso ?é uma antecipação da reforma trabalhista que pretende destruir os direitos históricos dos trabalhadores com 13° salário e férias derrotar esse projeto, vai ser um dos maiores desafios da recém fundada entidade?.   Para potencializar a campanha, Dirceu explica que ?foram impressos um milhão de panfletos, explicando o nefasto caráter do Super Simples e também para divulgar o surgimento da Conlutas?.

Foi apontado como extremamente necessário reprodução em todo o país de exemplos de unificação das lutas, como as mobilizações dos servidores públicos em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

Outra campanha a ser impulsionada é a luta contra as demissões da Volks e GM. Apesar das diferenças com a CUT, tal como sua posição vacilante diante dos anúncios das demissões, a Conlutas está chamado à unidade dos metalúrgicos contra a precarização das condições de trabalho e o desemprego.

Outro exemplo significativo desse esforço foi o ato unificado realizado pelo MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), Must (Movimento Unificado dos Sem Teto), e o MTL (Movimento Terra, Trabalho e Liberdade), em São Paulo no dia 31 de maio. Os movimentos realizaram um ato unificado na Praça da Sé contra a criminalização dos movimentos sociais.
 
Dia de luta

O próximo dia 21 de junho será um dia de luta de extrema importância. Em São Paulo será o dia de mobilização unificada dos servidores estaduais. Já em Belo Horizonte, os servidores municipais realizarão manifestações nesse dia.

Uma orientação aprovada na reunião foi ampliar este dia como referência para todo o país, tanto para apoiar e buscar unificar as campanhas salariais, como para as outras lutas em curso.

Nesse dia, devemos realizar atos em todos os estados em frente a uma concessionária da Volks e da GM, para protestar contra os ataques dessas empresas aos operários.

Também no dia 21, a Conlutas, junto com outras organizações sindicais, entregará uma carta aberta aos parlamentares em Brasília, contra a aprovação do Super Simples.

Outra ação decisiva da Coordenação que terá uma atividade importante no dia é a Campanha pela anulação da reforma da Previdência. A Conlutas entregará o primeiro lote de assinaturas do abaixo-assinado à Procuradoria Geral da República. Portanto, é fundamental que as entidades enviem as assinaturas recolhidas para a sede da Conlutas até o dia 16 de junho.
 
Estruturar a Conlutas nos estados

Além dessas campanhas, outras como a Campanha contra a dívida pública e a que reivindica aumento real do salário mínimo já contam com cartilhas explicativas. O desafio é massificar as cartilhas a fim de explicar aos trabalhadores o que está em jogo sobre esses temas. 

O Conat, vê-se, não foi o ponto de chegada, mas apenas o ponto de partida para formação da Conlutas enquanto alternativa real de luta. As enormes tarefas que se apresentam, no entanto, só serão realizadas com uma forte estruturação da Coordenação nos estados. ?O desafio agora é estruturar a Conlutas nos estados, apoiando e impulsionando as mobilizações?, finaliza Travesso.

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