sex mar 29, 2024
sexta-feira, março 29, 2024

O oportunismo politico extremo do Bloco Social e Popular

Nem a imaginacao mais delirante teria suspeitado que o Bloco Social e Popular (BSP) ia estar a beira de uma explosao, por um lado, e de nao ‘fechar’ juridicamente o trato com o PLRA, partido burgues e conservador, por motivos tao oportunistas e burocraticos a saber: o “partido instrumental” eleito por Lugo como seu partido; e as formas juridicas para o acordo eleitoral que, no fundo, nao e mais que a forma concreta de distribuicao de cargos parlamentares.

Sao talvez os temas relativos a terra, ao trabalho, a soberania ou a criminalizacao das lutas e dos lutadores sociais, os motivos da crise e do descontentamento com a burguesia e com a pequena burguesia politica? Nao! Claro que Nao!

Ser ou nao ser “partido instrumental”: eis a questao.

O apoio incondicional a Lugo os levou, por forca de sua propria dinamica, a promover e  a endossar a Alianca Patriotica pela Mudanca (APC), alias, de boa vontade e com clara agitacao, se tomamos em consideracao as bandeiras do PMAS e TEKOJOJA com Jaegli, e Llano, entrelacados todos nessa mal intencionada e patetica comemoracao do 27 de agosto passado.

Com este ato de nascimento o APC que ja expressava a tragica ruptura politica com o BSP, supunha-se que tinha chegado ao limite do indecoro oportunista. Mas a Camilo Soares (PMAS) e a seus amigos (Juan Torales, Bernardo Rojas, Victor Bareiro e Raul Marin) nao se pode atribuir temeridade e falta de coerencia . levam o oportunismo a fundo e sem panos quentes.

Nao foi o programa ou a politica burguesa levantadas na APC o que  atraiu aos Torales, Soares ou Bochecha, mas outros “assuntos de importancia relevante para a revolucao socialista” tais como: o pedido (nao o condicionamento, Torales), quase suplica por um gesto compassivo da parte de Lugo para colocar-se como “partido instrumental” e, os ecos das cotoveladas virulentas entre as forcas do BSP na busca por arrancar maiores beneficios setoriais.

O que e o oportunismo politico? Lenin contra o BSP e seus dirigentes

Muitos se perguntam e com razao, como e possivel tamanho deslize e oportunismo? E preciso reconhecer, sinceramente, que e dificil estar preparado para um oportunismo politico tao rasteiro.

Talvez ajude, abordar o trajeto destes capitaes do oportunismo com o legado politico de Lenin, um mestre da revolucao (a quem gostam citar alguns, para melhor deslizar) – sobre a logica operativa de todo oportunista. Com efeito, Lenin afirma: “o oportunismo consiste em sacrificar os principais interesses do proletariado para conseguir vantagens parciais, menores e passageiras”.

«E preciso eleger» – argumento que os oportunistas sempre trataram e tratam de utilizar como justificativa. “E preciso escolher entre a reacao e os radicais burgueses, que prometem uma serie de reformas realizaveis na pratica. (.) E preciso lutar por aquilo, que mesmo que  seja pouco, seja alcancavel”. (…) E preciso “ser politicos praticos.”. Lenin e pleno de exemplos sobre como opera o oportunista, assinalando maneiras como pensam: “. tudo o que seja falar destas ou de outras aspiracoes «essenciais» e puro palavreado de «utopistas», sao meras «frases revolucionarias». E preciso escolher e escolher sempre entre o mal existente e o menor dos projetos propostos para reformar”.

Lenin prossegue: “(.) a defesa da colaboracao de classes, a renuncia a ideia da revolucao e aos metodos revolucionarios de luta (.) o fetichismo da legalidade burguesa, a renuncia ao ponto de vista de classe e a luta de classes por temor a que se percam «as grandes massas da populacao»: sao, indubitavelmente, os fundamentos ideologicos do oportunismo”.

E como se Lenin visse desfilar diante dos seus olhos os companheiros do BSP, os ‘garotos e garotas’ do
PMAS e a variada direcao do TEKOJOJA. Ao olhar para os capitaes do Bloco Social e Popular, nao nos resta senao reconhecer o pensamento de Lenin, e registrar a persistencia no tempo destes vicios e tendencias no movimento popular.

Aonde chegara o BSP, empurrado pelo seu furioso oportunismo?

E dificil predizer de maneira concreta e especifica onde ira chegar o BSP, ja que ao ter como unico norte seus interesses fracionais e nao basear-se em teoria alguma nem defender um programa para os explorados e oprimidos, podem ir pulando de um lugar para outro. Ora bem oportunistas… ora super sectarios.

Mas ja estao em aguas profundas e a burguesia politica nao os necessita realmente, por isso provavelmente optarao por camuflar-se em algum lugar escondido do navio burgues, sem incomodar, mas fazendo o  jogo ilusorio de qual tanto gostam. Ou talvez, ante tanta segregacao e desprezo politico reajam e, fugindo se atirem a agua tratando de sobreviver endurecendo e usando uma linguagem ‘popular’ contra os partidos oligarquicos. Com os oportunistas, nunca se sabe.

O PT nao tremera a mao.

Neste contexto politico especifico e, conscientes da inundacao politico oportunista que arrasa tudo por onde passa e que se origina na expectativa e na esperanca de tirar de cima, 60 anos da macula do partido colorado – nos,  os militantes do PT em conjunto com outras forcas, vamos levantar sem vacilacao as bandeiras do classismo, do socialismo e da revolucao.

Nao vamos cair na armadilha do “mal menor”, que nao implica em outra coisa que “enfraquecer o antagonismo de classe e as fronteiras do partido por meio de uma alianca eleitoral. Trataremos de levar a fundo o que Lenin colocava, no marco de suas reflexoes com relacao a politica revolucionaria em contextos eleitorais e, na sua luta contra o sistema burgues e a politica oportunista: “Nos mantemos uma politica independente e so transformamos em palavra de ordem nossa, aquelas reformas que interessam incondicionalmente a luta revolucionaria, que incondicionalmente contribuem para elevar a independencia, o grau de consciencia e a combatividade do proletariado e dos explorados e oprimidos em geral”.

Nota: Todas as entrevistas sao de Lenin V. Cfr. em “De novo sobre um gabinete saido da Duma”, “Contra o Revisionismo”, e se prologo a edicao russa do folheto do revolucionario alemao G. Liebknecht: «Nada de compromissos, nada de pactos eleitorais».

Confira nossos outros conteúdos

Artigos mais populares