qui abr 18, 2024
quinta-feira, abril 18, 2024

A Ucrânia diante da ameaça de partilha Todo apoio à vitória do povo sobre a invasão de Putin!

Os trabalhadores ucranianos continuam lutando contra o exército de Putin. Sacrificando vidas tentam frear a investida do inimigo no Donbass. Recuperam territórios no sul, resistem e levam a cabo ações de guerrilha nos territórios ocupados. O povo ucraniano está mostrando para toda a região e ao mundo inteiro que Putin pode ser derrotado militarmente. Se tudo dependesse só da firmeza e da abnegação dos trabalhadores ucranianos, a derrota militar de Putin já teria se tornado um fato. Entretanto, o povo ucraniano precisa de armas adequadas, estratégias e táticas de guerra adequadas e a organização da retaguarda de acordo com a tarefa principal: derrotar os ocupantes. Isto só pode ser organizado pelo próprio povo trabalhador ucraniano, sobre cujos ombros recaem a guerra de libertação nacional, com a indispensável e mais ampla solidariedade operária internacional.

Por: Iván Razin – Pavel Polska

Os governos da UE e EUA são cúmplices do genocídio de Putin na Ucrânia

As “promessas” dos governos ocidentais de fornecer armamento moderno à Ucrânia se converteram em objeto de ácidas piadas dentro do país. Os governos dos EUA e da União europeia (EU) não estão interessados em uma vitória genuína do povo ucraniano sobre Putin. Por isso não querem fornecer armas adequadas. Porque o regime de Putin, ao reprimir a luta dos povos oprimidos na zona de influência da Rússia, garante a «estabilidade social» das corporações estadunidenses e europeias, que saqueiam toda a região. Incluindo a rapina compartilhada com os oligarcas próximos a Putin dos enormes recursos naturais da própria Rússia.

A vitória do povo ucraniano sobre Putin significaria a queda de seu regime e a “desestabilização” da ordem predatória dos monopólios ocidentais sobre um vasto território. A luta dos povos da Eurásia pela independência tampouco é do agrado dos governos ocidentais. Portanto, se consideram satisfeitos com a opção de dividir a Ucrânia, enquanto se enfraquece, embora se mantenha o regime de Putin. Em Davos, o veterano Kissinger (ex secretário de Estado dos EUA, sob Nixon) reconheceu o “valioso papel” de seu regime na opressão e repressão dos trabalhadores no espaço da antiga URSS e inclusive na Síria.

Para os governos da UE e EUA, as relações com Putin para receber seu petróleo e gás são mais importantes que a independência, a integridade da Ucrânia e as vidas do povo ucraniano. Para eles, é prioridade entrar em acordo com Putin quanto à exportação dos cereais produzidos pela Ucrânia – que na realidade são propriedade de 5 ou 6 oligarcas ucranianos associados com transnacionais.

O chamado dos governos imperialistas, como Macrón da França, para “livrar a cara de Putin”, é um apelo para capitular e render-se diante do déspota do Kremlin. É uma clara indicação de entregar o Donbass e o sul da Ucrânia para a Rússia. Assim naturalizam a partilha da Ucrânia. Por isso, ao invés das armas necessárias, fazem novas promessas ou enviam sucata. E para camuflar o abandono militar oferecem à Ucrânia a “honra” de contar até 2029 com o “status de candidato a membro da UE”. Ou melhor, esse status será para uma parte da Ucrânia. Enquanto isso, milhares de refugiados ucranianos na Europa, estão sendo empurrados para trás, de volta à sua terra sob as bombas russas de várias maneiras. Foi com esta finalidade que uma delegação de governos da UE–Macrón, Scholz e Draghi– chegou a Kiev. O cúmulo do cinismo!

E o mais grave é que Zelensky, o presidente ucraniano, apresente a candidatura para ser membro da UE – ou seja, ser colônia da UE – como uma grande conquista.

Todas as forças para derrotar a ocupação russa.

O sangue dos ucranianos que hoje morrem na frente e sob as bombas na retaguarda, mancha as mãos de Putin, mas também estão manchadas as mãos dos governos europeus, que se negam a fornecer as armas necessárias à Ucrânia. Na Ucrânia, esta política criminosa dos governos ocidentais se transfere de fato para os trabalhadores na frente de batalha. Porque o alto comando ucraniano e seus subalternos, em muitos casos, lança com torpeza, as tropas de combate sem as armas nem os meios necessários. A recusa dos combatentes a irem desarmados para a frente de batalha se torna motivo de choques internos e ameaças de sanções por indisciplina. Tudo isso conduz a grandes perdas, desmoraliza e enfraquece a luta.

A isto se soma a situação em que os grandes capitalistas e os funcionários na retaguarda estão roubando a ajuda humanitária e negociando com ela nos mercados e redes comerciais, ganhando com a crise do combustível, espremendo as dívidas dos trabalhadores, em geral lucrando com a guerra, minando a resistência popular.

Em Krivoy Rog, um centro industrial de primeira linha, com mais de 100 mil mineiros e metalúrgicos, cujos operários armados lutam pelo país, a corporação transnacional Arcelor Mittal e outras grandes empresas estão realizando demissões de trabalhadores. Isso está acontecendo em outras empresas em todo o país. As demissões em Krivoy Rog e em todo o país se amparam nas mudanças reacionárias recentes no Código Trabalhista adotado pela Rada (parlamento, ndt.) e pelo governo no interesse dos oligarcas e corporações estrangeiras. Inclusive agora, a Rada prepara outro pacote legislativo antioperário, que permite jornadas de trabalho mais longas, redução de salários e facilitar “a redução de pessoal” por parte das empresas.

É inaceitável enviar trabalhadores desarmados para a batalha com o pretexto de que “ainda não foram entregues as armas”. Também é inaceitável que a partida de um trabalhador para a frente de batalha signifique a perda da vaga no trabalho e o salário e que ameace o sustento de sua família, ou que os salários sejam reduzidos pela metade com o argumento da guerra. É criminosa a especulação dos capitalistas e dos funcionários à custa da guerra. São crimes contra a defesa do país e só servem aos planos de Putin.

Precisamos de uma guerra popular no sentido pleno da palavra.

Os trabalhadores da Ucrânia demonstraram que estão prontos para lutar pelo país. Realmente impressiona e comove quantos trabalhadores feridos em batalha nos hospitais manifestam estarem ansiosos para recuperarem-se logo para poder regressar às linhas de frente. Mas é preciso criar as condições para que as pessoas que arriscam sua vida possam fazê-lo de maneira efetiva. Devemos continuar exigindo dos governos estrangeiros as armas necessárias para a Ucrânia. Porém, a partir dos sindicatos devemos fazer um apelo direto aos trabalhadores de todos os países para pressionar seus governos e parlamentos, que representam apenas os interesses dos capitalistas e das classes altas.

É necessária também uma organização adequada de todo o país com a finalidade de combater os invasores nos aspectos militar e econômico: medidas para proporcionar à população armas e produtos e meios necessários para a guerra e para a vida.

Em primeiro lugar, se requer o máximo armamento geral do povo trabalhador, com treinamento militar universal de homens e mulheres, em centros de trabalho e estudo. Se isto tivesse acontecido no Sul antes da invasão, se as pessoas de Kherson y Melitopol estivessem armadas sem exceção, não teria sido obrigada a opor-se aos ocupantes em manifestações desarmadas. E assim o inimigo não teria podido manter a ocupação dessas cidades.

Em segundo lugar, se requer uma adaptação do método de guerra. Cada vez mais, nos territórios ocupados, estão ocorrendo ações de resistência a partir de baixo contra os ocupantes e seus “governos” títeres locais, formados por colaboracionistas traidores.

Em terceiro lugar, é necessário centralizar nas mãos do Estado sob o controle do povo trabalhador e transferir toda a produção e distribuição para as necessidades da defesa nacional.

A tarefa de derrotar Putin deve ser tomada em suas próprias mãos pelos trabalhadores da Ucrânia.

Estas medidas necessárias no interesse da defesa vão contra os interesses dos oligarcas e corporações estrangeiras que precisam de um «mercado» e temem um povo armado. E estas medidas até agora não foram observadas. Pelo contrário, por parte do governo vemos uma retenção ao armamento do povo na mesma lógica que os governos estrangeiros retêm o armamento da Ucrânia. A “liberdade de comércio” permanece inabalável. Instruções são dadas de “esclarecer” a falta de meios elementares entre os combatentes, como se tratasse de um “ mal entendido”. Isto demonstra que os funcionários do governo não têm planos para uma solução fundamental para estes problemas. Portanto, os trabalhadores da Ucrânia devem confiar apenas em suas próprias forças e tomar as tarefas de defesa do país em suas próprias mãos.

Reiteramos o apelo aos trabalhadores e povos oprimidos de outros países para que exijam dos governos de seus países que forneçam armas para a Ucrânia sem condições. Além disso, insistimos na necessidade de organizar a solidariedade material internacional mais ampla possível com a luta dos trabalhadores ucranianos contra a invasão contrarrevolucionária de Putin, através de organizações sindicais e sociais de seus países. Chamamos à participação na campanha de Ajuda Operária aos trabalhadores de Krivoy Rog, organizada pela Rede Sindical Internacional de Solidaridade e Luta.

Tradução: Lilian Enck

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