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quinta-feira, março 28, 2024

A paz da burguesia é a violência para a juventude trabalhadora

Atualmente, a classe trabalhadora salvadorenha está sendo duramente afetada por grupos que categorizaremos como lumpens. São grupos que servem à burguesia, aparatos como o narcotráfico e tudo o que se engloba na corrupção estatal. Levam a um aprofundamento das condições precárias de vida dos trabalhadores.

Por: UST – El Salvador

Porém, a origem da insegurança em nosso país tem um responsável principal, que é o imperialismo. Por meio de seus partidos burgueses servis, gerou políticas que liquidam todas as conquistas. Entre elas, a mais importante foi a Revolução Salvadorenha, que poderia ter conquistado uma vida com alternativas dignas aos trabalhadores, especialmente à juventude.

No entanto, isso não aconteceu. Pelo contrário, a reação foi mais selvagem e rendeu duros ataques que estamos vivendo hoje: as privatizações dos serviços, o desinvestimento na educação e na saúde, a falta de centros de arte e lazer, a inexistência de empregos dignos, os salários miseráveis, a falta de moradias dignas.

Isso foi uma vitória para o imperialismo. Muitos se perguntam: o que isso tem a ver com a insegurança? A verdade é que, quando a juventude não possui alternativas para poder crescer e se desenvolver plenamente, é lançada nas mãos podres do capitalismo e transformada em peça fácil e chave de homens e mulheres que estão nos aparatos de poder financiados por armas e drogas.

Um negócio à custa da vida dos trabalhadores

Agora com os novos impostos, a maior parte do orçamento é dirigida às instituições judiciais e de segurança, com um discurso de que com maior repressão, militarização ou inclusive a pena de morte se acabará com a delinquência, assegurando que o jovem é o responsável e escondendo totalmente as causas estruturais dos problemas.

Enquanto os jovens são utilizados para realizar extorsões, sequestros, assassinatos, roubos, venda de drogas, por trás deles estão os que possuem as riquezas e o poder de manipular órgãos do Estado, especialmente os da “Justiça”. Este é um segredo a sete chaves que ninguém se atreve a tornar público, em que funcionários estão livres apesar de seus atos de corrupção, mas os jovens são reprimidos nas ruas.

Enquanto os serviços sociais são cada vez mais sucateados para proporcionar recursos às instituições de segurança, os grupos lumpens possuem armas de alto calibre e suas práticas são as mais reacionárias. Os pequenos comércios são duramente atacados pelas extorsões, porém as grandes empresas obtêm cada vez mais lucros.

Criminalizam a juventude

Atualmente, a classe trabalhadora, por ser gravemente atingida pela situação do país, justifica todo ato que se faça contra esses grupos e isso acontece graças à desinformação que os meios de comunicação veiculam. Elas são porta-vozes dos grupos que detêm o poder e que querem justificar suas políticas nefastas e inservíveis que criminalizam a juventude.

Essas políticas não são um modelo novo, mas um plano norte-americano que, desde 1994, atua com “tolerância zero” e que vem sendo implementado no país com diferentes nomes – desde “mão dura” até “El Salvador seguro”. Com esses programas, buscam acabar com a criminalidade, segundo eles, mas na prática não fazem outra coisa que fortalecer o aparato repressivo para frear as lutas dos trabalhadores e deter o avanço das capacidades da juventude trabalhadora.

São os filhos dos trabalhadores que são jogados nas mãos desses grupos por suas condições de pobreza e marginalidade, são eles que morrem todos os dias. Por isso, afirmamos que garantir alternativas para a infância e a juventude poderá afastá-los da degeneração que esse sistema oferece.

Combater o mal do país e do Estado burguês

Os funcionários corruptos estão soltos, o desperdício do dinheiro público continua vigente nos órgãos estatais, o narcotráfico avança, a venda de armas cresce. Dessa forma, vemos quem são os verdadeiros delinquentes.

Convém ao sistema capitalista manter os jovens nas esferas contrarrevolucionárias, evitar que se eduquem, pois este discurso não é de agora, nem é local. Desde o maio francês (1968), os governantes burgueses temem e detestam a força renovadora e crítica da juventude, em particular a dos estudantes, críticos entre os críticos e rebeldes por vocação.

Nós, a juventude trabalhadora do país, precisamos combater com organização e luta os ataques que a burguesia está implementando. É nosso dever exigir uma educação de qualidade e gratuita para todos, centros de arte em todo o país, centros de lazer, bibliotecas principalmente nas zonas rurais, empregos com salários dignos e condições de trabalho adequadas.

Exigimos que sejam garantidos os direitos mais básicos. Não é com repressão que a onda de violência no país será detida. É utópico pensar que o problema será resolvido com militarização. A verdadeira saída é lutar por uma juventude com direito à educação em todos os níveis, com acesso a empregos e salários dignos, moradias dignas, à arte em toda forma de expressão.

Artigo publicado em El Proletario n.° 43, novembro de 2015.

Tradução: Renato Fernandes

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