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sexta-feira, março 29, 2024

8M | Greve pelas mulheres

Outro 8 de março se aproxima, e tal como aconteceu nos últimos anos, começa a discussão sobre que dia necessitamos. Diante da mudança de Governo, o movimento de mulheres coloca como eixo a legalização da reivindicação que em 2018 tomou as ruas: o aborto seguro, legal e gratuito.

Por: PSTU-Argentina
Quatro anos de macrismo deixou os bairros de nosso país devastados, fome e desemprego exponencial. As mais afetadas, as mulheres e dissidências sexuais da classe trabalhadora e setores de desempregados.
Diante de mais crise, se produz um aumento da decomposição social. Por isso não devemos nos surpreender pelo alto índice de feminicídio com que terminamos 2019 e começamos esse ano de 2020. No mês de janeiro foram 21, uma mulher a cada 35 horas. A maioria das vítimas, nas mãos de seu companheiro ou ex-companheiro, das quais 39% foi em sua própria casa, o lugar mais perigoso para as mulheres.
A violência continua sendo o principal mal principal que atinge as mulheres. A ilegalidade do aborto é parte dessa mesma violência, que não permite decidir o momento da maternidade e deixa a sua própria sorte aquela que decide interromper a gravidez. Nesse caso, sobrevive a que paga um preço altíssimo em uma clínica privada e morre a que não tem dinheiro e tem que recorrer a qualquer método desesperado diante da falta de acesso.
Por outro lado, a desigualdade salarial e as tarefas de cuidados, que recaem sobre a metade feminina da população, são também temas a se resolver. Calcula-se que as mulheres dedicam 6 horas semanais a tarefas de cuidados dos filhos, idosos e tarefas domésticas. O dobro dos homens. É preciso gerar políticas de estado que tirem estas tarefas do âmbito privado da família, e criem novos ramos de produção onde se inclua aos desempregados e desempregadas. E, por outro lado, lutar pelo trabalho igual, salário igual em todos os ramos.
Para acabar com a violência e pelo aborto legal: NÃO AO PAGAMENTO DA DÍVIDA
Nós, do PSTU acreditamos que se deve deixar de pagar a Dívida Externa, romper com o FMI e destinar esse dinheiro para declarar a Emergência Nacional contra a violência à mulher, para criar trabalho digno e tirar da miséria milhares de mulheres, para criar casas abrigo para vítimas de violência de gênero, para garantir subsídios aos órfãos por feminicídio, para garantir o aborto legal e gratuito nos hospitais.
O coletivo Ni Una Menos há alguns anos levantou a consigna “Nos queremos vivas, livres e sem dividas”. Nos queremos vivas, livres e sem dívidas. Mas não pagando. Acreditamos que sem romper laços de submissão com o imperialismo isso não poderá ser possível, as necessidades das mulheres e dissidências sexuais devem ser prioridade do governo Fernandez. Não ao pagamento da já demonstrada fraudulenta e ilegal dívida externa.
Que a CGT e a CTA chamem uma greve pelos nossos direitos
Vamos por um 8 de março de ruptura com o FMI, pela emergência nacional contra a violência e o aborto seguro legal e gratuito que precisamos. Que se aprove por decreto de necessidade e urgência JÁ! Não temos que esperar nada do Congresso que já rejeitou em 2018, as ruas já se pronunciaram a favor. Pela educação sexual integral e não sexista em todos os níveis educacionais, sindicatos e clubes de bairro. Autodefesa em todos os lugares de trabalho e estudo e nos espaços sociais.
Também, deve estar colocado o enfrentamento com as igrejas, que convocam para a mobilização em Luján, em “defesa da vida”. É urgente a imediata separação da igreja do Estado.
É necessário que as centrais sindicais convoquem uma greve do conjunto dos trabalhadores em 9 de março. Para que se escute nossas reivindicações.
Mas não podemos esquecer da situação latino americana e mundial que nos rodeia. No Chile as mulheres chilenas estão na primeira linha enfrentando o governo de Piñera. Na Bolívia, resistem ao golpe e denunciam a Añez. Na Colômbia, participaram da greve geral e da mesma forma na França. Por isso este 8 de março temos que retomar o caráter internacionalista que tem a luta das mulheres. Unir as forças, sem fronteiras, para lutar por nossas reinvindicações junto a nossos companheiros da classe trabalhadora.
Precisamos frear o roubo aos aposentados e às estatais que nos tira a mobilidade e a clausula gatilho para pagar os juros da dívida.
É preciso acabar com as reformas da previdência e trabalhista que em todo o mundo obrigam aos trabalhadores a nos responsabilizar pela dívida fraudulenta.
Desde agora devemos nos organizar para participar e exigir a partir dos de baixo, nos locais de trabalho, a greve que necessitamos. E em cada local de estudo decidir em assembleias a participação e o pronunciamento dos centros e federações estudantis.
Tradução: Túlio Rocha

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