sáb abr 20, 2024
sábado, abril 20, 2024

Uruguai| Repúdio ao estupro brutal!

Na madrugada de domingo, 23 de janeiro, uma mulher registrou uma queixa por estupro. Na brutal agressão, em princípio quatro homens estão envolvidos. Este evento aberrante aconteceu em uma casa localizada no bairro Cordón, em Montevidéu. O jornal El País noticiou: “Os médicos que trataram a mulher determinaram que ela tinha sinais de ter sido estuprada”. Este caso é semelhante ao que aconteceu em 2019, quando uma jovem relatou ter sofrido abuso sexual por três homens, em um acampamento Valizas. Na ocasião não houve condenação, pois a justiça considerou que não havia “elementos nítidos ou objetivos”. (1)

Por: Lucha Mujer – IST/Uruguai

É por isso que é necessário que todos estejam presentes nas ruas nesta sexta-feira, 28, às 18h, enquanto dezenas de grupos de mulheres e de diferentes lugares estão chamando.

Devemos obrigar esse sistema de justiça patronal e machista a condenar vigorosamente aqueles que perpetraram essa aberração, esse estupro coletivo. A convocação já foi feita através das redes sociais por muitas mulheres que não pertencem a nenhum grupo e que aderiram. Hoje é fato que a chamada é massiva em todo o país. Não podemos deixar essa nova barbárie passar em silêncio, não podemos nos indignar e ficar parados, devemos dar uma resposta transbordando as ruas, organizando a mobilização. Somos capazes e devemos fazê-lo.

O repúdio cresce a partir de baixo

Não é para menos. Em nosso país, temos exigido mais direitos, orçamento para combater a violência contra as mulheres, locais de proteção para vítimas de violência e acabar com os feminicídios. No entanto, estamos presenciando eventos, como a “Operação Oceano”, onde os culpados não são processados ​​e nada acontece, ainda mais quando os acusados ​​pertencem às classes abastadas.

 

Desde a promulgação da Lei contra a violência de gênero sob o governo “progressista” da Frente Ampla, a mesma ficou em letra morta e apenas promessas. Tanto o governo anterior quanto o atual não destinou o dinheiro necessário para levá-la adiante. Pior ainda, sob a atual presidência de Lacalle Pou, várias vozes dentro de sua coalizão multicolorida intensificaram seu discurso machista e de ataques às mulheres e grupos LGBTI.

Este ataque às mulheres é declaradamente expresso pelos membros do partido militar de Cabildo Abierto e parlamentares do Partido Nacional como Álvaro Dastugue, que afirmam que a descriminalização do aborto e do casamento entre pessoas do mesmo sexo deve ser revogada. Eles e muitos outros querem retroceder as conquistas das mulheres, como a interrupção voluntária da gravidez, e têm discursos abertamente violentos e machistas, manifestando-se publicamente contra os direitos já conquistados pelas mulheres com suas lutas heroicas.

Lacalle ao lado de Dastugue Foto-twitter.com/alvarodastugue

Lacalle Pou, questionado pela mídia, disse “que deveria haver uma punição exemplar” diante desta última violação. Mas isso não tira sua responsabilidade, primeiro pela falta de orçamento que seu governo omite para ter algumas ferramentas para enfrentar a violência contra a mulher, e segundo por manter a pior expressão de machismo e violadores de direitos humanos como parceiros em sua coalizão.

Este terreno fértil serve de estímulo nesta sociedade capitalista que fomenta o machismo, de modo que enquanto uma mulher é vítima desse estupro brutal, ela é posteriormente revitimizada, como fez o comunicador Martín Fablet, que, responsabilizando as mulheres, declarou: “Não me faça beicinhos no Instagran, não me faça pequenos vídeos rebolando”. Isso é repudiável!! Porque é uma expressão do abuso e submissão que se quer manter e aprofundar sobre as mulheres. Por isso também merece nossa maior condenação.

Para começar a inverter esta situação temos que retomar as ruas!!

 

 

 

A convocação que está sendo preparada a partir de baixo é o nosso compromisso, sexta-feira 28 deve ser o começo, o ponto de partida que mantenha uma mobilização permanente para nos defendermos dos abusadores e repudiar o machismo, bem como exigir o orçamento necessário do governo e que o justiça pare de fazer vista grossa. Para que essas propostas e a defesa de nossos direitos sejam cumpridas, devemos continuar organizados e mobilizados.

Nesta sexta-feira, dia 28, todas às ruas de todo o país!!

Foto – IST

ALGUMAS FIGURAS DE CRIMES SEXUAIS

A promotora de crimes sexuais Sylvia Lovesio, responsável por esta investigação, disse que no Uruguai existem apenas três promotores de crimes sexuais, cada um com entre 800 e 1.000 investigações e um número crescente de denúncias. (2)

A Faculdade de Direito da UDELAR possui um Escritório de Advocacia Criminal. Atende pessoas com recursos insuficientes para pagar um advogado particular, portanto, para serem atendidas, devem comprovar sua situação. Foi criado em 2017 e nesse ano as apresentações por crimes sexuais e violência de gênero foram de 8%. Em 2019 os casos aumentaram para 43% e em 2020 representaram 70% dos casos atendidos. Em 2021, aqueles que se apresentaram para denunciar casos de abuso ou violência sexual eram cerca de 65% das pessoas. Juan Raúl Williman, o professor responsável pela Clínica Criminal, afirma que, pouco a pouco, “se transformou em uma clínica de atendimento a vítimas de abuso sexual”.

Os números oferecidos não incluem casos como a Operação Oceano -onde o escritório atende 12 vítimas- nem o caso denominado “Varones de Carnaval”. O Prof. Williman disse ao jornal El Observador que: “estão no limite das possibilidades de atendimento” e se perguntou “o que diriam os números” se tivessem maior capacidade de atendimento e os recursos necessários.

As Promotorias especializadas em crimes sexuais estão superlotadas, a Unidade de Vítimas e Testemunhas da Procuradoria Geral da República atendeu 60% dos casos que respondem por crimes sexuais e violência doméstica desde sua criação. (3)

1)https://www.elobservador.com.uy/nota/caso-de-violacion-sin-precedentes-en-uruguay-aguarda-por-estudio-de-adn-para-avanzar-202212418510

2)https://www.bbc.com/mundo/noticias-america-latina-60136399

3) https://www.elobservador.com.uy/nota/dos-de-cada-tres-casos-que-atendio-el-consultorio-penal-de-udelar-fueron-por-delitos-sexuales-y- gênero-20221261960

Eu repudio ao brutal estupro!! Todos e todos para as ruas

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