A live da juventude pró Palestina foi um sucesso

Realizamos no domingo passado a live da juventude da LIT de apoio a luta palestina.
A live foi apresentada pelos companheiros Dan (Workers’ Voice, EUA) e João (Juventude Rebeldia, PSTU). Houve a participação de juventudes de vários países, como EUA, Brasil, Itália, Espanha, Colômbia, Argentina, México e Portugal. Alexander Hall, ativista socialista cubano mandou uma saudação em vídeo desde Havana.
A primeira apresentação foi de Anna, estudante norte americana, militante de Workers’ Voice e participante dos acampamentos da juventude no EUA. Falou como desde meados de abril cerca de 150 acampamentos ocorreram nos EUA, que foram violentamente reprimidos. Diversos governos democratas e republicanos prenderam mais de 3000 estudantes.
Isso tem enorme importância porque o movimento estudantil nos EUA não tem a mesma tradição política de outros países. Os estudantes têm de pagar dezenas de milhares de dólares para estudar nessas universidades, e não têm organizações independentes.
Worker’s Voice tem uma tradição revolucionária de intervenção no movimento estudantil, desde a heroica luta durante a guerra do Vietnã. Teve e tem uma intervenção em algumas universidades, em particular em San Francisco. Ali buscou estabelecer uma organização de assembleias diárias, e uma busca sistemática de estabelecimento de relações com o movimento operário. E desenvolve uma luta sistemática para evitar que o partido Democrata ocupe a direção dessas lutas.
Soraya Misleh falou a seguir e emocionou a todos. Contou com os palestinos em Gaza usavam as tendas para escrever “Obrigado estudantes, nós vemos e ouvimos vocês” aos estudantes dos EUA.
Soraya falou do oitavo mês do genocídio, uma nova fase da Naqba, já com cerca de 45 mil mortes, 70% dos quais mulheres e crianças. Todas as universidades e 90% de todas as escolas destruídas. Mais de 1500 mortes também na Cisjordânia.
Ela disse da importância da luta nas universidades para romper seus acordos com Israel, porque ali se desenvolvem tecnologias militares e ideologias sionistas pró genocídio.
Falando sobre programa, Soraya ressaltou a importância da consigna imediata do cessar fogo, mas também de suas limitações, porque nós não queremos voltar a situação de opressão de antes.
Seria a volta ao “nada normal”. Defendeu a ruptura das relações diplomáticas, políticas e econômicas com Israel. Se manifestou contra a política dos “dois estados”, que legitimaria a paz de cemitério. Por isso defendeu o fim do estado genocida de Israel, e a construção de um estado único, laico democrático e não racista na Palestina.
Terminou citando um poeta palestino- Refaat Alareer, que foi morto pelas bombas sionistas em dezembro de 2023- que em seu último poema dizia:
“se eu tiver que morrer, você deve viver para contar nossa história”.
Karim (do Movimento de Estudantes Palestinos, Itália) falou sobre a situação das crianças e jovens palestinianos, que são as principais vítimas da violência sionista em Gaza e na Cisjordânia. A propaganda pró-Israel inventou notícias falsas sobre decapitações de crianças israelenses em 7 de outubro, mas a realidade é que o genocídio israelense atinge brutalmente os jovens palestinos.
Na Cisjordânia, as crianças palestinas devem ser escoltadas quando vão para a escola em grupos, porque são atacadas tanto pelos militares israelitas como pelos colonos.
O sionismo sempre foi especialmente cruel contra os jovens palestinos, com estudantes, para acabar com a luta de resistência, tanto fisicamente como para tentar destruir a identidade cultural palestina. Mas, apesar da força militar de Israel, não tiveram sucesso.
Não serão as resoluções internacionais ambíguas que farão o povo palestiniano vencer, mas sim a sua luta de resistência, desde que possam juntar-se à luta internacional contra o sistema capitalista.
Mandi Coelho, representante do Rebeldia, militante do PSTU, falou sobre as dores de ser jovem no mundo hoje. Como a barbárie sionista e genocida sobre os jovens em Gaza é a face mais brutal do que o capitalismo reserva para os jovens do mundo. Como a ONU fala da atual juventude como uma geração fracassada, sem perspectivas de estudo, trabalho ou futuro. E os jovens do mundo tem de responder a pergunta se assume a postura de fracassado ou se luta contra o genocídio na Palestina, contra a catástrofe climática, a exploração imperialista.
Mandi lembrou Lenin quando dizia que era necessário dividir o movimento estudantil, que é policlassista. E dividir politicamente, o que expressa bem os acampamentos pro Palestina que são gritos que vem dentro das universidades em apoio ao povo palestino em Gaza. Isso significa disputar ideologicamente a consciência dos estudantes. Como se enfrentar com a ultradireita que defende Israel.
Defendeu atuar em unidade de ação com todos os que estão contra o genocídio. Mas é necessário também se enfrentar com os reformistas que defendem a solução dos dois estados. É fundamental se unificar com a luta da classe operária.
Lembrou dos ensinamentos de maio de 68, sintetizada em frases como “A humanidade só será feliz quando o último capitalista for enforcado com as tripas do último burocrata”. “Não tomem o elevador, tomem o poder”
Terminou dizendo que a história é feita por aqueles que lutam encarniçadamente juntando estudantes e operários, com a ousadia e coragem dos jovens palestinos, e não aceitar a marca do fracasso que o capitalismo quer nos impor.