sex mar 29, 2024
sexta-feira, março 29, 2024

Itália| Hoje como ontem, sempre Resistência!

Abril para o movimento operário italiano é o mês em que se comemora o fim da ocupação nazifascista. Um dia, o dia 25, já institucionalizado e adotado até por aquelas organizações, hoje no governo, que olham com olhos nostálgicos os vinte anos que antecederam a Libertação. Mas essa data não é apenas uma etapa do que foi chamado de “novo Risorgimento” italiano. Essa data representa o esforço, o sacrifício e a luta de uma classe, o proletariado, que não só quis se livrar do pesadelo fascista, como também quis acabar com todo o sistema que o fascismo representava e do qual tirava seu próprio sustento: o capitalismo.

Por: Massimiliano Dancelli

25 de abril: um dia de luta

O dia 25 de abril é um dia de celebração, porque a memória da libertação do nazifascismo merece as devidas comemorações, mas é ao mesmo tempo um dia de luta e de ensinamento para todo o movimento operário italiano, e não podemos permitir que ninguém abuse ou distorça seu significado real.

O caminho que levou ao fim da ditadura fascista começou com as greves de março de 1943, cujo octogésimo aniversário está sendo lembrado este ano, na Fiat de Mirafiori, que era também a maior empresa italiana na época. Essas greves, que rapidamente se espalharam por todas as fábricas do norte ainda ocupadas, deram lugar a um verdadeiro e próprio movimento revolucionário que, se não teve a consequência lógica, a tomada do poder pelo proletariado, deveu-se apenas às traições realizada pelo PCI (Partido Comunista Italiano) de Togliatti, totalmente sujeito às ordens de Stalin, que já havia dividido o mundo com o imperialismo ocidental em Yalta, deixando a Itália na esfera dos Estados Unidos.

Assim, reivindicamos hoje tudo o que o 25 de abril representa: uma revolução proletária. É nosso dever como revolucionários manter viva a memória e tirar dessa experiência extraordinária as principais lições para as lutas de hoje.

É por isso que lutamos contra qualquer tentativa de distorcer ou descontextualizar estes factos e não aceitamos que este dia se torne o dia de todos, daquelas instituições que nunca estiveram ao lado daqueles que foram os principais protagonistas da Libertação. As palavras do presidente do Senado, ou melhor, do segundo gabinete institucional do Estado, La Russa, sobre o ataque partidário à Via Rasella (aquele que levou ao massacre das sepulturas ardeatinas devido à retaliação nazista): «os partisanos atacaram uma banda de músicos aposentados. La Russa ofende e tenta desacreditar os partisanos, que teriam sido simples bandidos desastrados, legitimando assim a terrível represália que se seguiu. O presidente do Senado fez eco das recentes declarações do ministro da Agricultura, Lollobrigida, que fala em “substituição étnica inaceitável”, referindo-se aos imigrantes desesperados que fogem da guerra e da fome em seus países explorados pelo imperialismo ocidental (do qual a Itália é um dos principais representantes).

Nos opomos ao governo ultrarreacionário de direita, mas ao mesmo tempo não aceitamos a hipocrisia daqueles que, se autodenominando de esquerda, tentam se apropriar desses fatos para torná-los seu legado histórico, mas depois, quando é seu turno para governar, defendem os interesses dos patrões que os partisanos combateram. Uma grande hipocrisia que começa com a exaltação à “mais bela do mundo” daquela Constituição, filha de uma traição de classe (1), que, além de nunca ter sido aplicadas as suas partes mais “progressistas”, contém em seus princípios fundamentais a defesa da propriedade privada dos meios de produção, ou seja, a defesa da burguesia e do capitalismo.

Por fim, condenamos veementemente que, entre esses senhores de “esquerda”, em nome do confronto e da democracia, convidem para seu congresso o mais alto representante desse bando de nostálgicos da reação (qualquer referência ao “casal” Landini -Meloni não é puramente casual).

Não nos deixemos levar por esses jogos altamente ultrajantes para milhões de trabalhadores e trabalhadoras: estamos prontos para lutar contra qualquer um que tente desviar a classe do caminho da revolução, denunciaremos qualquer tentativa de colaboração com os patrões.

A direção certa da marcha

Sabemos muito bem em que direção devemos ir. A luta de classes voltou a bater forte, inclusive no coração da Europa, como mostram as grandes mobilizações que continuam na França contra a reforma da previdência, assim como as greves e manifestações na Inglaterra, Espanha e Alemanha.

Além disso, a resistência das massas proletárias ucranianas não diminui. Como os operários italianos de 1943, que então deram vida e ânimo às formações partisanas que lideraram a luta armada, eles continuam a travar sua batalha contra o invasor russo, mas também contra a oligarquia representada por Zelensky, que por um lado se coloca como o líder supremo da resistência e por outro atinge os trabalhadores com leis liberticidas e em pleno benefício dos patrões (incluindo o russo que nunca foi expulso do território ucraniano). Como na Itália no período 1943-1945, a resistência ucraniana também precisa de apoio ativo.

É necessário fornecer armas modernas e suprimentos diários para garantir que os combatentes ucranianos não sucumbam ao exército russo, mas também é necessária a solidariedade e o apoio militante de trabalhadores e trabalhadoras em todo o mundo. A vitória das massas populares ucranianas seria extremamente importante para o futuro da luta de classes na Europa e não apenas aqui.

Portanto, a classe trabalhadora de todos os países deve se mobilizar contra a guerra, o que não significa pedir uma paz abstrata, mas impor-se contra seus próprios governos, exigindo o envio de armas eficientes (e não de ferro velho, como as que estão chegando) para os ucranianos; parar a corrida armamentista em seus próprios países e expor as verdadeiras intenções do imperialismo, que quer o fim da guerra para começar a dividir os recursos naturais da Ucrânia.

Temos uma grande herança histórica como movimento operário italiano e a Revolução iniciada em 1943 faz parte disso. A partir daqui devemos recomeçar: convocamos todos os trabalhadores e trabalhadoras, todos os sujeitos oprimidos e explorados, a retomar a bagagem ideológica e as lições que aqueles acontecimentos nos deixaram. Devemos ser os novos partisanos para derrotar esse inimigo que está levando toda a humanidade ao desastre. Construamos juntos o Partido Internacional da Revolução Proletária.

Hoje como ontem… sempre Resistência!

(1) Para um olhar histórico sério sobre as origens da Constituição, além do pequeno teatro enjoativo de La Russa e do Partido Democrata, recomendamos a leitura deste artigo: www.partitodialternativacomunista.org/politica/nazionale/una-rivoluzione – tradita-1943-1948-la-resistenza-operaia-in-italy

Artigo publicado em www.partitodialternativacomunista.org, 22/04/2023

Tradução: Natália Estrada.

Itália | Hoje como ontem, sempre Resistência!

Abril para o movimento operário italiano é o mês em que se comemora o fim da ocupação nazifascista. Um dia, o dia 25, já institucionalizado e adotado até por aquelas organizações, hoje no governo, que olham com olhos nostálgicos os vinte anos que antecederam a Libertação. Mas essa data não é apenas uma etapa do que foi chamado de “novo Risorgimento” italiano. Essa data representa o esforço, o sacrifício e a luta de uma classe, o proletariado, que não só quis se livrar do pesadelo fascista, como também quis acabar com todo o sistema que o fascismo representava e do qual tirava seu próprio sustento: o capitalismo.

Por: Massimiliano Dancelli

25 de abril: um dia de luta

O dia 25 de abril é um dia de celebração, porque a memória da libertação do nazifascismo merece as devidas comemorações, mas é ao mesmo tempo um dia de luta e de ensinamento para todo o movimento operário italiano, e não podemos permitir que ninguém abuse ou distorça seu significado real.

O caminho que levou ao fim da ditadura fascista começou com as greves de março de 1943, cujo octogésimo aniversário está sendo lembrado este ano, na Fiat de Mirafiori, que era também a maior empresa italiana na época. Essas greves, que rapidamente se espalharam por todas as fábricas do norte ainda ocupadas, deram lugar a um verdadeiro e próprio movimento revolucionário que, se não teve a consequência lógica, a tomada do poder pelo proletariado, deveu-se apenas às traições realizada pelo PCI (Partido Comunista Italiano) de Togliatti, totalmente sujeito às ordens de Stalin, que já havia dividido o mundo com o imperialismo ocidental em Yalta, deixando a Itália na esfera dos Estados Unidos.

Assim, reivindicamos hoje tudo o que o 25 de abril representa: uma revolução proletária. É nosso dever como revolucionários manter viva a memória e tirar dessa experiência extraordinária as principais lições para as lutas de hoje.

É por isso que lutamos contra qualquer tentativa de distorcer ou descontextualizar estes factos e não aceitamos que este dia se torne o dia de todos, daquelas instituições que nunca estiveram ao lado daqueles que foram os principais protagonistas da Libertação. As palavras do presidente do Senado, ou melhor, do segundo gabinete institucional do Estado, La Russa, sobre o ataque partidário à Via Rasella (aquele que levou ao massacre das sepulturas ardeatinas devido à retaliação nazista): «os partisanos atacaram uma banda de músicos aposentados. La Russa ofende e tenta desacreditar os partisanos, que teriam sido simples bandidos desastrados, legitimando assim a terrível represália que se seguiu. O presidente do Senado fez eco das recentes declarações do ministro da Agricultura, Lollobrigida, que fala em “substituição étnica inaceitável”, referindo-se aos imigrantes desesperados que fogem da guerra e da fome em seus países explorados pelo imperialismo ocidental (do qual a Itália é um dos principais representantes).

Nos opomos ao governo ultrarreacionário de direita, mas ao mesmo tempo não aceitamos a hipocrisia daqueles que, se autodenominando de esquerda, tentam se apropriar desses fatos para torná-los seu legado histórico, mas depois, quando é seu turno para governar, defendem os interesses dos patrões que os partisanos combateram. Uma grande hipocrisia que começa com a exaltação à “mais bela do mundo” daquela Constituição, filha de uma traição de classe (1), que, além de nunca ter sido aplicadas as suas partes mais “progressistas”, contém em seus princípios fundamentais a defesa da propriedade privada dos meios de produção, ou seja, a defesa da burguesia e do capitalismo.

Por fim, condenamos veementemente que, entre esses senhores de “esquerda”, em nome do confronto e da democracia, convidem para seu congresso o mais alto representante desse bando de nostálgicos da reação (qualquer referência ao “casal” Landini -Meloni não é puramente casual).

Não nos deixemos levar por esses jogos altamente ultrajantes para milhões de trabalhadores e trabalhadoras: estamos prontos para lutar contra qualquer um que tente desviar a classe do caminho da revolução, denunciaremos qualquer tentativa de colaboração com os patrões.

A direção certa da marcha

Sabemos muito bem em que direção devemos ir. A luta de classes voltou a bater forte, inclusive no coração da Europa, como mostram as grandes mobilizações que continuam na França contra a reforma da previdência, assim como as greves e manifestações na Inglaterra, Espanha e Alemanha.

Além disso, a resistência das massas proletárias ucranianas não diminui. Como os operários italianos de 1943, que então deram vida e ânimo às formações partisanas que lideraram a luta armada, eles continuam a travar sua batalha contra o invasor russo, mas também contra a oligarquia representada por Zelensky, que por um lado se coloca como o líder supremo da resistência e por outro atinge os trabalhadores com leis liberticidas e em pleno benefício dos patrões (incluindo o russo que nunca foi expulso do território ucraniano). Como na Itália no período 1943-1945, a resistência ucraniana também precisa de apoio ativo.

É necessário fornecer armas modernas e suprimentos diários para garantir que os combatentes ucranianos não sucumbam ao exército russo, mas também é necessária a solidariedade e o apoio militante de trabalhadores e trabalhadoras em todo o mundo. A vitória das massas populares ucranianas seria extremamente importante para o futuro da luta de classes na Europa e não apenas aqui.

Portanto, a classe trabalhadora de todos os países deve se mobilizar contra a guerra, o que não significa pedir uma paz abstrata, mas impor-se contra seus próprios governos, exigindo o envio de armas eficientes (e não de ferro velho, como as que estão chegando) para os ucranianos; parar a corrida armamentista em seus próprios países e expor as verdadeiras intenções do imperialismo, que quer o fim da guerra para começar a dividir os recursos naturais da Ucrânia.

Temos uma grande herança histórica como movimento operário italiano e a Revolução iniciada em 1943 faz parte disso. A partir daqui devemos recomeçar: convocamos todos os trabalhadores e trabalhadoras, todos os sujeitos oprimidos e explorados, a retomar a bagagem ideológica e as lições que aqueles acontecimentos nos deixaram. Devemos ser os novos partisanos para derrotar esse inimigo que está levando toda a humanidade ao desastre. Construamos juntos o Partido Internacional da Revolução Proletária.

Hoje como ontem… sempre Resistência!

(1) Para um olhar histórico sério sobre as origens da Constituição, além do pequeno teatro enjoativo de La Russa e do Partido Democrata, recomendamos a leitura deste artigo: www.partitodialternativacomunista.org/politica/nazionale/una-rivoluzione – tradita-1943-1948-la-resistenza-operaia-in-italy

Artigo publicado em www.partitodialternativacomunista.org, 22/04/2023

Tradução italiano/espanhol: Natália Estrada

tradução espanhol/português: Lena Souza

Confira nossos outros conteúdos

Artigos mais populares