sex abr 19, 2024
sexta-feira, abril 19, 2024

Estado Espanhol|1º de MAIO Contra a miséria salarial e a precariedade!

Enquanto a inflação devora os salários e a patronal continua se enchendo de dinheiro, Pedro Sánchez e Yolanda Díaz se vangloriam de “reforma trabalhista histórica” e “paz social”.

Pelos salários e pensões públicas: às ruas como na França

Às portas do 1º de maio e em meio a uma notável indiferença em relação a esta data, em muitos setores da classe operária, às portas das eleições e com um panorama de mobilização social que contrasta clamorosamente com o que está acontecendo na França, Grã Bretanha e outros lugares da Europa, o dilema para os setores operários  que, com toda segurança sairão às ruas para comemorar o dia internacional da classe operária, será a qual manifestação ir: àquela que contará com a presença do “governo mais progressista da história”, aquela que escoltada pelos dirigentes de CCOO (Confederação Sindical de Comissões Operárias) e UGT (União Geral dos Trabalhadores) e junto com eles se vangloria da Reforma Trabalhista e de que “isto não é a França, aqui há paz social”? Ou sair às ruas porque com estes salários não há quem possa viver, porque a desigualdade social anda à solta, porque há muito tempo que mais trabalho não significa menos pobreza, porque os de sempre continuam se enchendo de dinheiro à custa dos de sempre. Porque progressistas ou liberais são todos governos patronais.

Corriente Roja estaremos nas ruas junto com o sindicato CoBas (Sindicato das Comissões de Base) e o sindicalismo combativo.

Diga-me do que você se vangloria e lhe direi do que você carece

 “O Governo obteve um acordo histórico na Reforma Trabalhista”, “Os contratos por tempo indeterminado chegam a recordes históricos”, “a temporalidade do trabalho despenca”, dizem os propagandistas do governo. “O Governo atual conseguiu que a Espanha seja ‘um país que cresce, cria empregos e que garante as aposentadorias com paz social’” diz Pedro Sánchez e sua vice-presidenta Yolanda Díaz assina embaixo.

E em meio a tão colossal exercício de propaganda, basta contrastar esses dados com outros da realidade. O informe de janeiro da Oxfam Intermón destaca que em 2022 “a inflação reduziu o poder de compra das famílias em pior situação em 26% a mais do que daquelas com maior renda”. Os salários, em termos reais, caíram a níveis semelhantes aos da grande crise. No ano passado os acordos salariais aumentaram em 2,8% frente a uma inflação média de 8,4%, o que supõe a maior perda de poder aquisitivo em mais de duas décadas.

Se a inflação subjacente (que exclui matérias-primas e produtos energéticos) chegou a 7,5%, os aumentos do preço dos alimentos foram, e continuam sendo, escandalosos, 15,7% em média em 2022. Outro tanto pode se afirmar sobre os preços de aluguéis e hipotecas com aumentos de 25,7% em Barcelona, 21% em Valencia ou 11,2% em Madri.

Nós trabalhadores e trabalhadoras estamos sofrendo as consequências da Reforma Trabalhista do governo PSOE-UP (Partido Socialista Operário Espanhol – Unidas Podemos) que a CEOE (Confederação Espanhola de Organizações Empresariais) aplaudiu e a burocracia sindical se vangloria. Seu mantra é “a fixidez”, a redução do emprego temporário e a diminuição do desemprego. Pois bem, um desemprego crônico de 3 milhões de pessoas, (registradas e sem contar temporários fixos quando estão sem trabalho) em meio a uma tão maravilhosa marcha da economia, que atinge 30% entre os mais jovens, é para se vangloriar? Os contratos por tempo indeterminado, efetivamente, cresceram em percentuais sem precedentes, o problema é que 2,8 milhões de trabalhadores/as (75,3% mulheres) têm contratos de tempo parcial, que continua sendo o tipo de contratação mais massivo (11,3 milhões de contratos em 2022). Os contratos fixos descontínuos dispararam, crescendo cerca de 964% em relação a 2021.  Esta modalidade interessa às empresas porque oferece uma enorme flexibilidade e porque, ao ter o rótulo de “fixos”, podem beneficiar-se das subvenções à contratação. O governo maquia as estatísticas porque toda vez que os e as trabalhadoras fixas ficam sem trabalho, não computam como desempregados. O outro lado é que dispararam em cerca de 400% o número de trabalhadores/as contratados fixos que não superam o período de experiencia (6 meses), embora não computem como demissões. E acrescente-se que as demissões por justa causa aumentaram em torno de 137%  

Quanto a SUMAR (plataforma da vice-presidenta), seria bom que a vice-presidenta do governo somasse qual é o resultado de reduzir as horas de trabalho e, portanto, da renda salarial, seja pela via de contratos em tempo parcial ou de fixos descontínuos, e que acrescente a essa soma o aumento do custo de vida, em especial para as famílias operárias. Verá, assim, como a soma lhe dá que sua Reforma Trabalhista tem sido e é um roubo dos salários dos trabalhadores/as.

Pedro Sánchez e Yolanda Díaz podem continuar fazendo sua propaganda grandiloquente apelando ao conselho de Protágoras, o filósofo grego e pai da retórica, que afirmava que: qualquer coisa é para mim o que me parece e para você o que lhe parece. Um conselho que todos os pós-modernos seguem de pés juntos porque permite construir relatos sem a menor base objetiva do que “me parece”. A rigor, os discursos que ouvimos nesses dias não têm como destinatários principais a classe operária, mas as chamadas classes médias e a aristocracia operária, a quem a sociedade da desigualdade não situa no escalão mais baixo da pirâmide social e compartilham com os grandes empresários seu amor pela paz social.

Corriente Roja sairemos às ruas junto com CoBas e o sindicalismo combativo

Para exigir aumentos salariais segundo o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) e cláusulas de revisão salarial que garantam o poder aquisitivo. Para exigir a revogação da Reforma Trabalhista de 2022 e as reformas trabalhistas de Rajoy (2012) e Zapatero (2010) que nos levaram ao cenário de miséria salarial e à temporalidade que temos hoje ou que continuem repetindo os EREs (Expediente de Regulação Temporária de Empregos) como o recente da Ford Espanha em Almussafes (Valencia). Para reivindicar a contratação por tempo indeterminado e integral para toda a classe trabalhadora e acabar com os ETTs (Empresas de Trabalho Temporário) e todas as formas de terceirização no trabalho. Para exigir o direito real à greve hoje proibida de fato em muitos lugares por meio dos serviços mínimos que impedem seu exercício.

Para rechaçar a enésima forma que amplia o período de cálculo das pensões/aposentadorias e avança na privatização por meio dos Planos de Aposentadorias de Emprego. Para exigir um sistema de aposentadorias públicas a cargo dos Orçamentos Gerais do Estado (PGE), revalorizadas automaticamente segundo o IPC, com nenhuma aposentadoria abaixo do SMI (Salário Mínimo Interprofissional), desaparecimento da brecha de gênero e revogação das reformas para que a aposentadoria ordinária seja aos 60 anos.

No 1º de maio vamos defender os serviços públicos e em particular o que hoje está sendo desmantelado, a Saúde. Por uma Saúde 100% Pública e de qualidade, pela revogação da Lei 15/97 que o governo atual mantém e que é a fonte da qual os processos de privatização bebem.

E no dia internacional de luta da classe operária, não pode faltar a solidariedade com os e as trabalhadoras do mundo e os povos que enfrentam todas as formas de ditadura, opressão e invasões. Estamos com o povo palestino contra o Estado genocida de Israel, com a classe operária e o povo ucraniano contra a invasão criminosa do tirano Putin. Estamos com a luta dos e das trabalhadoras francesas que hoje marcam na Europa o caminho a seguir. Viva a luta da classe operária!

Eles vão muito bem

O informe do Banco da Espanha constata que os lucros das empresas cresceram em 2022 sete vezes mais que os salários.

As seis maiores entidades bancárias atingiram um lucro recorde em 2022 após ganhar mais de 20,8 bilhões, “o maior lucro de sua história”.

Por seu lado, as companhias energéticas fecharam o exercício do ano citado com alguns resultados recordes nos quais as sete principais companhias do setor acumularam lucros líquidos de mais de 19 bilhões de euros que dispararam sua média de lucros acima dos 54 milhões de euros por dia, muito mais do que dois por hora.

A fortuna dos bilionários espanhóis cresceu desde 2020 a um ritmo de 3 milhões por dia. Para mostrar isso basta um botão: o fundador da Inditex, Amancio Ortega, continua sendo a pessoa mais rica da Espanha com um patrimônio estimado de 53,5 bilhões de euros, segundo a lista das maiores fortunas do país em 2022 publicada pela revista Forbes.

Com o governo «mais progressista da história», eles não estão tão mal, não é?

Estado Espanhol | 1º de MAIO Contra a miséria salarial e a precariedade!

Enquanto a inflação devora os salários e a patronal continua se enchendo de dinheiro, Pedro Sánchez e Yolanda Díaz se vangloriam de “reforma trabalhista histórica” e “paz social”.

Pelos salários e pensões públicas: às ruas como na França

Às portas do 1º de maio e em meio a uma notável indiferença em relação a esta data, em muitos setores da classe operária, às portas das eleições e com um panorama de mobilização social que contrasta clamorosamente com o que está acontecendo na França, Grã Bretanha e outros lugares da Europa, o dilema para os setores operários  que, com toda segurança sairão às ruas para comemorar o dia internacional da classe operária, será a qual manifestação ir: àquela que contará com a presença do “governo mais progressista da história”, aquela que escoltada pelos dirigentes de CCOO (Confederação Sindical de Comissões Operárias) e UGT (União Geral dos Trabalhadores) e junto com eles se vangloria da Reforma Trabalhista e de que “isto não é a França, aqui há paz social”? Ou sair às ruas porque com estes salários não há quem possa viver, porque a desigualdade social anda à solta, porque há muito tempo que mais trabalho não significa menos pobreza, porque os de sempre continuam se enchendo de dinheiro à custa dos de sempre. Porque progressistas ou liberais são todos governos patronais.

Corriente Roja estaremos nas ruas junto com o sindicato CoBas (Sindicato das Comissões de Base) e o sindicalismo combativo.

Diga-me do que você se vangloria e lhe direi do que você carece

 “O Governo obteve um acordo histórico na Reforma Trabalhista”, “Os contratos por tempo indeterminado chegam a recordes históricos”, “a temporalidade do trabalho despenca”, dizem os propagandistas do governo. “O Governo atual conseguiu que a Espanha seja ‘um país que cresce, cria empregos e que garante as aposentadorias com paz social’” diz Pedro Sánchez e sua vice-presidenta Yolanda Díaz assina embaixo.

E em meio a tão colossal exercício de propaganda, basta contrastar esses dados com outros da realidade. O informe de janeiro da Oxfam Intermón destaca que em 2022 “a inflação reduziu o poder de compra das famílias em pior situação em 26% a mais do que daquelas com maior renda”. Os salários, em termos reais, caíram a níveis semelhantes aos da grande crise. No ano passado os acordos salariais aumentaram em 2,8% frente a uma inflação média de 8,4%, o que supõe a maior perda de poder aquisitivo em mais de duas décadas.

Se a inflação subjacente (que exclui matérias-primas e produtos energéticos) chegou a 7,5%, os aumentos do preço dos alimentos foram, e continuam sendo, escandalosos, 15,7% em média em 2022. Outro tanto pode se afirmar sobre os preços de aluguéis e hipotecas com aumentos de 25,7% em Barcelona, 21% em Valencia ou 11,2% em Madri.

Nós trabalhadores e trabalhadoras estamos sofrendo as consequências da Reforma Trabalhista do governo PSOE-UP (Partido Socialista Operário Espanhol – Unidas Podemos) que a CEOE (Confederação Espanhola de Organizações Empresariais) aplaudiu e a burocracia sindical se vangloria. Seu mantra é “a fixidez”, a redução do emprego temporário e a diminuição do desemprego. Pois bem, um desemprego crônico de 3 milhões de pessoas, (registradas e sem contar temporários fixos quando estão sem trabalho) em meio a uma tão maravilhosa marcha da economia, que atinge 30% entre os mais jovens, é para se vangloriar? Os contratos por tempo indeterminado, efetivamente, cresceram em percentuais sem precedentes, o problema é que 2,8 milhões de trabalhadores/as (75,3% mulheres) têm contratos de tempo parcial, que continua sendo o tipo de contratação mais massivo (11,3 milhões de contratos em 2022). Os contratos fixos descontínuos dispararam, crescendo cerca de 964% em relação a 2021.  Esta modalidade interessa às empresas porque oferece uma enorme flexibilidade e porque, ao ter o rótulo de “fixos”, podem beneficiar-se das subvenções à contratação. O governo maquia as estatísticas porque toda vez que os e as trabalhadoras fixas ficam sem trabalho, não computam como desempregados. O outro lado é que dispararam em cerca de 400% o número de trabalhadores/as contratados fixos que não superam o período de experiencia (6 meses), embora não computem como demissões. E acrescente-se que as demissões por justa causa aumentaram em torno de 137%  

Quanto a SUMAR (plataforma da vice-presidenta), seria bom que a vice-presidenta do governo somasse qual é o resultado de reduzir as horas de trabalho e, portanto, da renda salarial, seja pela via de contratos em tempo parcial ou de fixos descontínuos, e que acrescente a essa soma o aumento do custo de vida, em especial para as famílias operárias. Verá, assim, como a soma lhe dá que sua Reforma Trabalhista tem sido e é um roubo dos salários dos trabalhadores/as.

Pedro Sánchez e Yolanda Díaz podem continuar fazendo sua propaganda grandiloquente apelando ao conselho de Protágoras, o filósofo grego e pai da retórica, que afirmava que: qualquer coisa é para mim o que me parece e para você o que lhe parece. Um conselho que todos os pós-modernos seguem de pés juntos porque permite construir relatos sem a menor base objetiva do que “me parece”. A rigor, os discursos que ouvimos nesses dias não têm como destinatários principais a classe operária, mas as chamadas classes médias e a aristocracia operária, a quem a sociedade da desigualdade não situa no escalão mais baixo da pirâmide social e compartilham com os grandes empresários seu amor pela paz social.

Corriente Roja sairemos às ruas junto com CoBas e o sindicalismo combativo

Para exigir aumentos salariais segundo o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) e cláusulas de revisão salarial que garantam o poder aquisitivo. Para exigir a revogação da Reforma Trabalhista de 2022 e as reformas trabalhistas de Rajoy (2012) e Zapatero (2010) que nos levaram ao cenário de miséria salarial e à temporalidade que temos hoje ou que continuem repetindo os EREs (Expediente de Regulação Temporária de Empregos) como o recente da Ford Espanha em Almussafes (Valencia). Para reivindicar a contratação por tempo indeterminado e integral para toda a classe trabalhadora e acabar com os ETTs (Empresas de Trabalho Temporário) e todas as formas de terceirização no trabalho. Para exigir o direito real à greve hoje proibida de fato em muitos lugares por meio dos serviços mínimos que impedem seu exercício.

Para rechaçar a enésima forma que amplia o período de cálculo das pensões/aposentadorias e avança na privatização por meio dos Planos de Aposentadorias de Emprego. Para exigir um sistema de aposentadorias públicas a cargo dos Orçamentos Gerais do Estado (PGE), revalorizadas automaticamente segundo o IPC, com nenhuma aposentadoria abaixo do SMI (Salário Mínimo Interprofissional), desaparecimento da brecha de gênero e revogação das reformas para que a aposentadoria ordinária seja aos 60 anos.

No 1º de maio vamos defender os serviços públicos e em particular o que hoje está sendo desmantelado, a Saúde. Por uma Saúde 100% Pública e de qualidade, pela revogação da Lei 15/97 que o governo atual mantém e que é a fonte da qual os processos de privatização bebem.

E no dia internacional de luta da classe operária, não pode faltar a solidariedade com os e as trabalhadoras do mundo e os povos que enfrentam todas as formas de ditadura, opressão e invasões. Estamos com o povo palestino contra o Estado genocida de Israel, com a classe operária e o povo ucraniano contra a invasão criminosa do tirano Putin. Estamos com a luta dos e das trabalhadoras francesas que hoje marcam na Europa o caminho a seguir. Viva a luta da classe operária!

Eles vão muito bem

O informe do Banco da Espanha constata que os lucros das empresas cresceram em 2022 sete vezes mais que os salários.

As seis maiores entidades bancárias atingiram um lucro recorde em 2022 após ganhar mais de 20,8 bilhões, “o maior lucro de sua história”.

Por seu lado, as companhias energéticas fecharam o exercício do ano citado com alguns resultados recordes nos quais as sete principais companhias do setor acumularam lucros líquidos de mais de 19 bilhões de euros que dispararam sua média de lucros acima dos 54 milhões de euros por dia, muito mais do que dois por hora.

A fortuna dos bilionários espanhóis cresceu desde 2020 a um ritmo de 3 milhões por dia. Para mostrar isso basta um botão: o fundador da Inditex, Amancio Ortega, continua sendo a pessoa mais rica da Espanha com um patrimônio estimado de 53,5 bilhões de euros, segundo a lista das maiores fortunas do país em 2022 publicada pela revista Forbes.

Com o governo «mais progressista da história», eles não estão tão mal, não é?

Tradução: Lílian Enck

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