sex mar 29, 2024
sexta-feira, março 29, 2024

Façamos como a França! As greves e o protesto de massas contra Macron não param

As greves e protestos contra o governo Macron já duram meses na França.  O protesto começou em janeiro contra uma “reforma” das aposentadorias/pensões que pretende elevar a idade de aposentadoria de 62 para 64 anos, mas logo foi mais além desta simples reivindicação: hoje a mobilização de massas aponta objetivamente para a queda de Macron e do governo.

Por: PdAC, Itália

Desde janeiro foram realizados oito dias de greve nacional, dos quais o mais forte foi o de 23 de março, ocorrido no dia seguinte ao ato autoritário de Macron, que, fazendo uso do art. 49.3 da Constituição, conseguiu que a reforma fosse aprovada passando por cima Assembleia Nacional.

A reação das massas francesas foi histórica: no dia 23 de março, milhões de trabalhadores e estudantes saíram às ruas de todas as cidades da França (900.000 só em Paris), organizando barricadas e se defendendo contra a repressão policial (que em muitos casos foi obrigada a recuar). Em Paris, o aeroporto Charles de Gaulle e a estação de trem Gare de Lyon ficaram bloqueados por horas. Em algumas cidades, câmaras municipais e prefeituras foram tomadas (em Bordeaux, o Palácio Municipal foi incendiado). O dia 28 de março também foi um dia intenso de lutas, com duros enfrentamentos, principalmente em Paris.

Acima de tudo, muitos setores de trabalhadores e muitas fábricas decidiram autonomamente organizar greves prolongadas (paralisações atribuíveis ou devidas): isso aconteceu no setor de transporte (os ferroviários são um dos setores mais combativos: infelizmente um ferroviário da Sud Rail perdeu um olho por conta da repressão), em refinarias, em empresas do setor de energia e na limpeza pública. Paris e outras cidades estão invadidas pelo lixo devido à greve por tempo indeterminado dos catadores. Centenas de escolas e universidades também estão ocupadas.

Os grandes dias de greve nacional são proclamados conjuntamente por todos os sindicatos franceses, os chamados “intersindicatos”, que reúnem os sindicatos confederados e de base (Solidaires e outros). Se, em comparação com as direções sindicais italianas, os franceses estão dando um exemplo positivo –aqui, a CGIL (Confederação Geral Italiana dos Trabalhadores) convida Meloni para falar em seu Congresso e os sindicatos de base muitas vezes se recusam a proclamar greves unitárias com os confederados–, ao mesmo tempo eles demonstram fortes limites, que correm o risco de enfraquecer o protesto e levá-lo a um beco sem saída. A “intersindical”, incluindo a direção nacional da CGT (Confederação Geral do Trabalho), ao invés de apoiar ativamente as ações de greve prolongadas decididas por setores de sua própria base, proclamando, como seria necessário, uma greve geral prolongada, limita-se a convocar “dia de ação” individuais e isolados, com greves e manifestações em intervalos variáveis. A partir do dia 23 de março, estavam reunidas as condições para uma prolongada ação disruptiva e bem-sucedida, capaz de dobrar Macron, o governo e os patrões. Em vez disso, eles optaram mais uma vez por dias de greve (28 de março e 6 de abril): essa forma de ação isola e sufoca ações corajosas de greves prolongadas.

Os militantes da LIT-Quarta Internacional na França estão ativos na luta para favorecer a organização de comitês de luta que possam contornar a direção burocrática e construir uma grande ação grevista prolongada até a derrubada de Macron e do governo! E, ao mesmo tempo, construir a direção política revolucionária sem a qual é impossível levar a luta à vitória.

Tradução do italiano para o espanhol: Natália Estrada.

Tradução do espanhol para o português: Lilian Enck

Confira nossos outros conteúdos

Artigos mais populares