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sexta-feira, março 29, 2024

Peru| Para derrotar o governo assassino de Boluarte, é necessária uma verdadeira Greve Nacional Operária e Popular

A queda de Castillo gerou uma resposta legítima dos setores camponeses e populares mais pobres e esquecidos do Peru. Principalmente porque viram em uma tela gigante como a direita e o Congresso corrupto, que atacaram o governo desde o primeiro dia, ficavam no Palácio e com isso enterraram todas as expectativas de mudança que depositavam em Castillo.

Por: PST-Peru / Editorial de Bandera Socialista

Ainda mais se esses ataques, orquestrados pela direita e pela grande imprensa, exalavam ódio de classe ante o governo que os pobres consideravam seu, ainda que Castillo não tivesse cumprido nenhuma de suas promessas e acabasse envolvido em escândalos de corrupção.

A resposta do novo governo Boluarte, de mãos dadas com este congresso inapresentável, foi declarar o estado de emergência e meter bala para esmagar a luta, que hoje se tornou uma verdadeira rebelião popular.

E não seria para menos. Os setores em luta hoje carregam 58 mortos, o que descreve o massacre com o qual responde Boluarte, que se agarra à cadeira presidencial para satisfação da direita, que exige mão forte para enfrentar a rebelião, mesmo que isso signifique queimar todas as suas fichas antes de ceder às exigências populares.

O deslocamento para a capital de imensos contingentes populares e camponeses com seus parcos recursos, a luta incansável que se repete todos os dias no interior do país e que em Lima produz enfrentamentos, e a solidariedade com que se sustentam, são heroicas porque estão enfrentando um governo que lhes declarou guerra. Portanto, não há como voltar atrás, mesmo sabendo que cada dia pode deixar mais dor e sofrimento e a possibilidade de perder mais vidas.

A juventude universitária e os setores populares da região metropolitana de Lima começam a entrar em cena. Veem no governo Boluarte um atentado às liberdades democráticas, como foi a intervenção abusiva na Universidade San Marcos, e contra o discurso do governo que rotula os que lutam de terroristas e violentos para justificar as mortes.

E embora os trabalhadores participem das mobilizações, os mais organizados em sindicatos e federações ainda estão longe de ter protagonismo. A principal razão se deve ao papel desorganizador e cúmplice da esquerda e das burocracias sindicais, que apoiam, mas não decidem assumir a liderança da luta.

Primeiro fizeram o papel de enfileirar-se ao governo Castillo, atrelando a classe trabalhadora com o governo, perdendo a oportunidade de organizar a mobilização dos trabalhadores para arrancar nossas reivindicações. Com isso, a direita ocupou as ruas e acabou se fortalecendo para depois dar o golpe final no governo Castillo.

E ante a posse do governo Boluarte, eles se posicionaram no papel de defensores da “institucionalidade e do Estado de Direito” e lhe deram legitimidade.

Neste marco, Boluarte responde a luta popular a sangue e fogo, com uma classe operária ainda fora de cena devido à confusão e desconfiança gerada pelos seus atuais dirigentes, como a direção da CGTP (Confederação Geral dos Trabalhadores do Peru) e os chamados partidos de esquerda, que hoje se agarram aos seus assentos parlamentares.

Só a pressão da dura luta popular e depois do massacre com que este governo respondeu, a direção da CGTP convocou uma Greve Nacional. A greve não passou de um dia nacional de protesto. Depois convocou duas mobilizações, sem dúvida importantes e necessárias. Mas tudo isso a partir de um chamado à solidariedade, quando o que é preciso é que a classe operária se coloque à frente da luta popular.

9 de fevereiro outra greve nacional

Agora a CGTP anuncia a convocação de uma nova Greve Cívica Popular Nacional para o dia 9 de fevereiro.

Diante disso, devemos dizer que, embora importante e justo, sua implementação efetiva está nas mãos da liderança da CGTP.

O que realmente precisamos é que a classe operária assuma a liderança na luta com uma verdadeira Greve Nacional combativa que paralise as minas e a indústria, afetando os lucros empresariais, e que paralise o Estado e a atividade de todos aqueles que defendem o massacre do povo.

Somente com esta eficaz ação, como fizeram nossos pais e avós na Greve Nacional de 19 de julho de 1977 que derrubou a ditadura militar da época, poderemos derrotar o governo criminoso de Boluarte e o Congresso apoiado pelas Forças Armadas e Forças Policiais.

Devemos cobrar dos dirigentes das centrais e federações que garantam esta tarefa. E deve ser tomada pelas lideranças de base mais conscientes e combativas. É hora de convocar nossas assembleias e discutir em cada local de trabalho a necessidade de fazer uma Greve Nacional contundente para garantir a vitória da luta atual.

Dependerá da nossa ação e convicção encontrar uma saída para esta crise por esta via. Uma saída que permite que a classe trabalhadora e o povo em luta decidam o destino de nosso país.

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