qui mar 28, 2024
quinta-feira, março 28, 2024

Colômbia|Os resultados da concertação salarial, exigir salário equivalente ao custo da cesta básica!

Empresários, dirigentes das centrais operárias e do governo, fazem um balanço muito positivo da concertação como política para “negociar” o salário mínimo. Devemos lembrar que essa foi a mesma política implementada pelas direções das centrais operárias para entregar as conquistas dos trabalhadores ao pactuar a Lei 50 em 1990.

Por: PST-Colômbia

A concertação ganhou, os trabalhadores perderam

Na luta entre o capital e o trabalho não é possível que as duas partes ganhem. Porque com o “aumento” do salário mínimo os trabalhadores e os empresários não podiam ganhar ao mesmo tempo.

Se foram os empresários que propuseram a metodologia de negociação e a mesma foi aceita pelo governo e pelas direções das centrais operárias, é óbvio que os empresários foram os ganhadores. Eles não iriam propor uma metodologia que reduzisse seus lucros. Assim confessou Mac Master, o presidente da ANDI (Associação Nacional de Empresários da Colômbia): “estamos muito satisfeitos e nos sentimos realmente contentes de ter feito parte desta negociação e de propor uma metodologia que foi aceita pelo Governo e também pelos representantes dos trabalhadores”.

Os empresários sempre argumentam, como chantagem, que se aumenta o salário aumenta a informalidade e o desemprego. O que não é verdade. Se aumenta o salário, os empresários simplesmente ganham menos porque a mais valia é reduzida. Outro argumento é que se aumenta o salário, sobem os preços dos produtos e serviços. Também não é verdade, a não que ser que tomem essa decisão para evitar que o lucro dos empresários seja reduzido, mas inclusive isso será compensado porque se os trabalhadores têm maior capacidade de consumo as vendas e a produção vão aumentar.

Por que os trabalhadores perdem?

A concertação e o pacto social são políticas reverenciadas pelos empresários, os governos e as direções políticas e sindicais dos trabalhadores, porque assim eles ganham enquanto nós trabalhadores perdemos. Os empresários e os governos apresentam seus planos, que serão sempre antioperários, e são esses os planos que as direções das centrais operárias pactuam.

Seria diferente se os trabalhadores mobilizados, com a força que dão a unidade e a luta nas ruas, nas paralisações e greves nas fábricas apresentassem uma lista de petições ao governo e aos empresários e que essa lista fosse negociada. É o que acontece em uma fábrica, os trabalhadores apresentam uma lista de reivindicações e essa é a que se negocia. Pode-se dizer que com essa metodologia, nós trabalhadores temos possibilidades de ganhar, sobretudo se pressionarmos com a mobilização; no pior dos casos, nada se perde, porque o que foi conseguido no acordo salarial anterior não se negocia, a não ser que a direção do sindicato seja patronal.

Qual é a metodologia dos trabalhadores?

O que as direções das centrais operárias deveriam ter feito, era não só apresentar uma proposta de aumento do salário mínimo, mas outros pontos básicos como redução da jornada de trabalho e aumento do emprego. Mas ao mesmo tempo convocar a mobilização e nesse processo impulsionar a paralisação da produção, com o objetivo de obrigar os empresários e o governo a negociar essa lista.

Por outro lado, o parâmetro para o aumento salarial não pode ser o índice de inflação. A começar porque são o governo e os empresários os que apresentam esse número, ajustado de acordo com seus interesses. O parâmetro deve ser o custo da cesta básica com os dados e informação que nós trabalhadores apresentarmos, que atualmente é de $2 000 000 aproximadamente. O DANE (Departamento Administrativo Nacional de Estatística) sempre apresenta números ajustados. Uma amostra disso é o índice de inflação apresentado para 2022 de 13,12%. Basta que os próprios trabalhadores fazer as contas com as notas fiscais do mercado para concluir que o preço dos alimentos e serviços aumentou entre 50% e 100%.

Em quanto ficará o “aumento” salarial?

Nos enganam com o parâmetro do índice da inflação, porque assim que se aumenta o salário, fazem a manobra de aumentar os preços de alimentos e serviços. No acordo, entre o governo, os empresários e as direções das centrais operárias, acertaram que mais de 200 produtos e serviços seriam desindexados do aumento do salário mínimo. Mas esses produtos e serviços estão aumentando justo em torno de 13%. Concluindo: o aumento real do salário mínimo para 2023 foi de 3% e não de 16% como comemoram as direções das centrais operárias.

Às ruas para lutar

Com esse aumento real, de apenas 3%, que será absorvido e ultrapassado com manobras para aumentar o custo de vida, não temos outro caminho a não ser ir às ruas, lutar nas fábricas e nas empresas, na universidade, no colégio, a partir do bairro e das comunidades. Esquecermos que houve aumento salarial e exigir que seja decretado um aumento real que corresponda ao custo da cesta básica. É a exigência que devemos fazer às direções das centrais operárias; que se coloquem à frente dessa convocação ou que se afastem e não detenham a mobilização.

Tradução: Lilian Enck

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