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sexta-feira, abril 19, 2024

Contra a inflação: Aumento geral dos salários já!

A luta pelo aumento dos salários e pela melhoria das condições de vida dos trabalhadores empregados e desempregados é uma tarefa de primeira ordem face a uma inflação chegando aos três dígitos.

Por :PSTU – Argentina

A inflação é mundial. Muito dinheiro é impresso, sem apoio na produção. Sabemos que a força de uma moeda depende da produtividade da economia do país. Desde o início da pandemia, os governos imperialistas injetaram o equivalente a 16 trilhões de dólares. O dinheiro perde valor e os preços sobem. Por exemplo, as intervenções militares – entre outros gastos improdutivos – causam déficits fiscais nos Estados Unidos, que, em parte, são cobertos com a impressão de dólares. Mas se salva da inflação como a da Argentina porque amplia seu “bolo” apropriando-se da riqueza de países como o nosso. Com a marcha para uma nova recessão, o imperialismo aumenta a pilhagem do resto do mundo.

O FMI pretende que o ritmo da desvalorização permanente do peso exceda o aumento dos preços, para aumentar as exportações e reduzir as importações. E assim ter um superávit comercial para pagar a Dívida. A redução das retenções vai nesse sentido.

Os empresários desabastecem à espera de novas desvalorizações, maiores do que a inflação, para obter mais pesos pelos dólares que mudam ao preço oficial, o que servirá para baixar cada vez mais o salário real, encher as fábricas de jovens que trabalhem pela metade do que recebe um adulto, suprimir licenças de acordos coletivos, indenizações, etc. Eles querem uma Reforma Trabalhista que aumente ainda mais a nossa exploração. Não basta para eles os acordos de aumento de salário abaixo da inflação, assinada pelos dirigentes sindicais. Ou  a fraude trabalhista de contratos com prazo fixo (contratos precários), ou terceirização, e uma justiça trabalhista lenta beneficiando as patronais.

Fica nítido, então, que a inflação é, na verdade, um mecanismo para baixar os salários.

O superministro Massa não veio resolver os problemas para nós trabalhadores, como controlar os preços e aumentar os salários de acordo com a inflação, a fim de conter e resolver nossas necessidades. Ele veio para resolver as necessidades das patronais dos cereais e do petróleo em primeiro lugar, comprando  a soja a um dólar por 200 pesos e vendendo aos importadores a um dólar por 140 pesos, cuja diferença de 60 pesos causa uma perda para o Banco Central, somado aos bilhões de dólares que deve em juros sobre os títulos Leliqs que paga a fundos abutres e bancos, aumentando exponencialmente a Dívida Pública. Esse roubo ao Estado aprovada pelo FMI teve o aval de opositores e oficialistas. Para nós significa maior desvalorização do peso, de modo que nosso salário mal chega ao dia 15 de cada mês.

Empresários, Governo e líderes sindicais discutem montante fixo único

Um Bônus fixo único é uma saída para compensar a inflação? Que nem sequer é mencionado se seria remunerativo.

Como o Governo faz com aposentados e pensionistas, ou empresas que fecham a última parcela do acordo de 2022 com um bônus já que não basta apenas com o percentual acordado.

Claramente as contas não fecham retornando do Supermercado ou da Imobiliária para renovar o contrato de aluguel. Sem falar nas tarifas que abrangem quem se inscreveu e quem não o fez nos subsídios de Energia.

Com esta inflação mensal a 7% e a inflação anual a mais de 100% não haverá qualquer soma para compensar a perda de poder de compra que continuará aprofundando entre agora e março, quando voltarão a ser abertas as negociações. Sabemos que nos locais de trabalho os trabalhadores se preocupam em obter mais dinheiro hoje sob qualquer condição. Mas a desvalorização da moeda até agora e a projetada para 2023 devoram nossos salários. E a cada três meses estamos na mesma situação.

A negociação paritária para o nosso salário é uma saída quando estamos à beira da hiperinflação?

Todos sabemos que aqueles que se sentam para negociar o percentual na negociação paritária não são delegados e representantes que vivem com 120 mil pesos (salário de pobreza) ou 180.000 pesos (cesta básica). São dirigentes que durante este governo se sentaram desde o primeiro dia ao lado do interesse dos patrões e do Governo dos Fernandez, em vez de preparar os planos de luta para alcançar um aumento genuíno e depois ajustar mensalmente com cláusula de gatilho de acordo com a inflação.

Sempre dissemos que esse modelo, de anos, de discutir salários pelas costas dos trabalhadores e sempre “por baixo” não serve, ainda que reabrindo 2 ou 3 vezes por ano as negociações. As paritárias, embora não concordemos como método, não são mais de março a março. E nas reaberturas são aceitos bônus e reajustes de acordo com a inflação e ainda não cobrem 100% como neste ano. É o que chamamos de paritária “bicicleta”.

É por isso que lutamos pelo Aumento Geral dos Salários, com reajuste automático (mensal) de acordo com a inflação. E queremos que abram os livros contábeis se disserem que não podem aumentar.

A reivindicação de horas extras, tão sentida em muitos locais de trabalho, é uma saída?

Na maioria dos locais de trabalho, os companheiros lutam por horas extras para complementar os baixos rendimentos. E se são nos fins de semana melhor porque se paga a hora um pouco mais. Mas esse mecanismo é prejudicial e perverso para nós, uma vez que aqueles que mais ganham são os patrões, aumentando a produção sem ter que contratar mais trabalhadores e assim permitimos que eles continuem pagando baixos salários. E perdemos a oportunidade de estar com a nossa família e amigos durante o nosso merecido descanso. Muitas vezes sofremos um acidente porque não conseguimos dormir o suficiente.

Os desempregados ainda estão no “exército de reserva” da patronal, de modo que as empresas continuam baixando os salários e contratando trabalho precário por 50.000 pesos. Isso não só não cobre o salário de pobreza, mas cria toda uma ideologia, inflada pela mídia, de culpar os desempregados, que se não pegam esses trabalhos é porque não querem trabalhar. Já ouvimos aos desempregados que recebem um plano de 27 mil pesos que com bicos semanais completam muito mais de 50.000 pesos, embora também não atinjam o salário limite de pobreza.

Para nós a verdadeira solução para o desemprego é que as horas de trabalho sejam distribuídas sem redução salarial, que todos trabalhemos 6 horas, com um salário igual à cesta básica familiar. E a partir dos locais de trabalho, temos que controlar através das comissões internas e órgãos de delegados as “Bolsas de Trabalho”.  Ou seja, que a renda para o preenchimento de novos cargos não seja controlada pelas máfias sindicais ou pelos escritórios de recursos humanos, mas pelos próprios trabalhadores. Abrindo assim as portas da Indústria aos vizinhos das fábricas e familiares dos trabalhadores, como mulheres, filhas e filhos, materializando assim a grande tarefa de unir os trabalhadores empregados e desempregados. 

E para resolver o problema salarial, não é uma saída a superexploração do trabalho aos sábados, domingos e feriados, mas lutar, como dissemos, por um aumento salarial igual à cesta familiar indexada à inflação.

Plano de Luta para conseguir um Aumento geral de Salários e um Plano de Obras públicas para gerar emprego

Há muitas lutas isoladas, a maioria tem um motor econômico: nossas carências para chegar ao fim do mês, ou para ter trabalho, moradia, saúde, educação, melhores escolas, melhor alimentação, em comparação com a redução estatal do Orçamento para tudo isso.

O governo, os opositores e os dirigentes sindicais debatem com os bolsos e o estômago cheio. Temos que nos organizar nos locais de trabalho e nos bairros, realizando assembleias, mobilizando-nos para exigir soluções urgentes para nossas demandas. Unindo todas as lutas para vencer.

A CGT e a CTA deveriam estar convocando a unificar a luta de todos os trabalhadores, da saúde, do Estado, professores, portuários, rebocadores, de pneus, movimentos sociais e estudantes e convocar um Plano de Luta para que todos alcancemos um aumento salarial superior aos 100% da Inflação.

Que implementem um Plano de Obras Públicas, que não só geraria empregos, mas reativaria diversas indústrias como metalúrgica, de alumínio, madeira, vidro, tijolos, cimento, para construir mais escolas, hospitais, habitação, pavimentação, redes de água, gás, eletricidade, redes ferroviárias. Essa é a forma de combater o desemprego, juntamente com a escala móvel de horas de trabalho nas empresas, também controlando a produção e os livros contábeis. Não vemos que o Plano “Potencializar Trabalho” para os desempregados como subsídio social dado pelo Estado seja a solução para sair da pobreza e do desespero. É um trabalho genuíno com uma renda igual à cesta familiar que é necessário, não um “complemento”.

Nossa organização pela base tem que desencadear essa grande luta até alcançar essa lista de demandas, indo tão longe quanto necessário, formando os comitês por local de trabalho e por bairros que controlem tudo, incluindo a segurança e a autodefesa, bem como os preços. Temos que entender que o plano de reajuste para pagar a fraudulenta Dívida Interna e Externa sempre prejudica a nós, os trabalhadores. Hoje obrigam-nos a aceitar um aumento de 5%, negociando nas paritárias, sem greve. Mas se não promovermos uma luta como a travada pelos companheiros do setor de Pneus, em três meses seremos enforcados novamente pela inflação. Portanto, se não colocarmos freio nisso com uma luta conjunta de todos os trabalhadores, nunca recuperaremos o que perdemos. Temos que preparar a Greve Geral tão necessária para mudar o curso deste governo e derrubar o acordo com o FMI.

Aumento salarial já, igual à cesta familiar com cláusula de gatilho mensal de acordo com a inflação!

Salário igual para trabalho igual!

Distribuição das horas de trabalho sem redução salarial!

Plano de Obras Públicas para gerar emprego!

Controle operário da produção, dos riscos no trabalho, trocas de mão de obra e livros contábeis!

Comitês de controle de preços liderados por delegados de fábrica!

Prisão e apreensão aos especuladores!

Não pagar a fraudulenta Dívida Pública Interna e Externa!

tradução: Tae Amaru

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