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sexta-feira, abril 19, 2024

Contra a alta do custo de vida: Aumentar salários e aposentadorias, não aos lucros dos empresários!

Desde o início da guerra na Ucrânia, os políticos encontraram o pretexto perfeito para atribuir a este conflito o empobrecimento e precariedade que sofremos, entretanto isso já acontece não desde a invasão de Putin, mas desde a crise econômica de 2007-2008. Só os grandes patrões se recuperaram dessa crise, com o resgate dos bancos e as reformas trabalhistas (2010 e 2012) que, longe de serem revogadas, foram sustentadas pela nova reforma trabalhista do atual governo, consagrando a parcialidade (em resumo, salários precários) através de contratos fixos descontinuados[1] e em tempo parcial.

A crise da COVID foi outro revés para esta anêmica “recuperação” da economia mundial, um revés do qual a classe trabalhadora mais uma vez foi quem pagou a conta: enquanto o governo doava mais de 100 bilhões ao IBEX35, os trabalhadores tiveram seus salários cortados através das ERTEs (Expediante de Regulamentação Temporária de Trabalho, ndt.) ou foram diretamente deixados na rua.

Inflar os preços para aumentar seus lucros

Com a inflação disparando, vemos como as empresas de energia elétrica continuam a bater recordes de lucros: em 2020 aumentaram em 28% para chegar aos 3,018 bilhões e somente até agosto de 2022 fecharam as contas com 3,548 bilhões, com o inverno ainda pela frente. Dizem-nos também que o preço da cesta básica aumentou devido ao aumento dos preços dos combustíveis, necessários para o transporte de mercadorias. Mas a verdade é que a Repsol, a Cepsa e a BP (empresas petrolíferas) também duplicaram seus lucros este ano. Além disso, as grandes multinacionais enganam as pessoas diminuindo o peso dos produtos e cobrando o mesmo e às vezes mais.

A perda do nosso poder de compra é a fonte de riqueza deles?

Diante desse cenário, devemos nos perguntar se existe alguma relação entre o aumento dos lucros das empresas, o alto custo de vida e a retenção de nossos salários e aposentadorias? Enquanto o aumento da inflação foi de 10,4% em agosto, o aumento dos salários por acordo coletivo foi de apenas 2,6% e o das aposentadorias de 2,5% (3% no caso das aposentadorias mínimas e não-contributivas[2]). E o que propõem o governo, CCOO (confederação Sindical de Comissões Operárias) e UGT (União Geral de Trabalhadores), diante do aumento geral do custo de vida? Um Pacto de Renda que é um novo roubo e uma farsa contra a classe trabalhadora. Na qual os patrões vão “regular” os seus lucros, enquanto os salários e aposentadorias continuam a perder poder de compra.

É evidente que os patrões enriquecem às nossas custas e que os governos deste regime, seja qual for a cor, são responsáveis para assegurar que assim seja. É por isso que as crises são pagas pelos trabalhadores e aposentados. Pagamos pelas crises reduzindo nossos salários devido às precárias condições de trabalho que nos são impostas através de reformas trabalhistas e reformas previdenciárias. Também pagamos pela crise quando os patrões nos impõem o aumento do custo de vida sem aumentar nossos salários.

É por isso que nós de Corriente Roja, chamamos a uma mobilização em 15 de outubro em defesa dos salários e aposentadorias de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) real.

Auto-organizar-se para lutar contra o que está por vir

Celebramos a convocação para 15 de outubro porque é uma convocação estadual na qual convergem diversos setores em luta, mas não podemos ficar apenas na mobilização deste fim de semana, pois os ataques que virão ainda têm um longo caminho a percorrer.

Nós de Corriente Roja somos claros: somente a auto-organização nos bairros, locais de trabalho e centros de estudo pode garantir não só a resistência, mas também a luta contra todas essas medidas. Não nos deixemos enganar por aqueles partidos que falam da boca para fora que prometem um futuro brilhante para a classe trabalhadora, mas de fato governam para a burguesia e seus lucros. Confiemos apenas em nossa classe, em nossa força: só a mobilização e a luta nas ruas podem garantir nossos direitos!

– Exijamos um plano de emergência social para a classe trabalhadora e o povo!

– Revogação das Reformas Trabalhistas! Contra o emprego parcial e temporário!

– Aumento de emergência dos salários e aposentadorias! Cláusulas de revisão salarial automática de acordo com o IPC!

– Contra o Pacto de Toledo: Aposentadorias garantidas pelo Orçamento Geral do Estado! Nenhuma previdência privada ou mochila austríaca[3]! Aposentadoria aos 60 anos!

– Trabalho para todos: Redução da semana de trabalho para 35 horas semanais sem redução de salário!

– Nacionalização dos bancos, empresas de energia elétrica, petrolíferas e de serviços públicos, sem indenização e sob o controle dos trabalhadores!

Junte-se à Corriente Roja!

Nós de Corriente Roja trabalhamos para construir uma organização ancorada na classe trabalhadora, na juventude e nos setores oprimidos; que impulsione as lutas a partir de cada local de trabalho, centro de estudos, bairro ou cidade.

Não queremos depender do Parlamento nem de qualquer banco ou empresa. Para nós, a independência econômica é um pré-requisito para a liberdade política. É por isso que nos autofinanciamos graças às contribuições de militantes e afiliados/as.

Cada um de nós é necessário e toda contribuição, por mais modesta que seja, é de enorme valor. Por tudo isso, nos dirigimos a você e o convidamos a participar da construção do Corriente Roja.


[1] Contrato por tempo indeterminado com duração ilimitada em que há interrupção dos serviços contratados, por exemplo, resorts, expedições agrícolas, hotéis de verão, emprego de Natal, etc., ndt;

[2] As aposentadorias/pensões não contributivas são as concedidas a pessoas que, sem terem preenchido os requisitos contributivos necessários, se encontrem em situação de necessidades e careçam de recursos suficientes para a sua subsistência, ndt;

[3]A ‘mochila austríaca’ é um sistema individual de compensação por demissão que foi implementado na Áustria em meados de 2003. Neste sistema, o trabalhador, ao longo do seu período de trabalho, recebe uma contribuição anual do empregador para uma capitalização. Desta forma, a compensação é reduzida quando a demissão é feita, ndt;

tradução: Rosangela Botelho

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