sex mar 29, 2024
sexta-feira, março 29, 2024

Petro, de mãos dadas com o imperialismo

Apesar de seu discurso aparentemente anti-imperialista na ONU, Petro avança em sua agenda de mãos dadas com o imperialismo dos EUA. Seu relacionamento cada vez mais fluido com Biden – comandante em chefe do imperialismo mundial – demonstra isso. Recentemente, em novo episódio de “cooperação”, Petro e a própria Francia Márquez se reuniram com Antony Blinken, secretário de Estado dos Estados Unidos. No passado, as visitas desse tipo de funcionário à Colômbia foram recebidas com manifestações, devido ao entendimento que eles apareciam para zelar por seus interesses imperialistas, fortalecer a submissão semicolonial e marcar território em seu quintal. Agora, reformistas de todos os matizes saúdam a visita e a consideram algo “positivo”.

Por: Roberta / PST Colômbia

Em alguns não passa de uma postura abominável e oportunista, em outros é de uma ingenuidade sem precedentes. A ingenuidade ou a insolência são tais que até se diz que Petro está influenciando o imperialismo, ou seja, o presidente de uma semicolônia influenciaria as decisões e políticas do imperialismo. É preciso ser muito míope para acreditar em algo assim. Os Estados Unidos, apesar de sua decadência, continuam sendo o país número um na hierarquia das nações do sistema imperialista mundial, as decisões e políticas de seu presidente têm o único objetivo de salvaguardar seus próprios interesses, ou seja, os de manter a submissão e a pilhagem permanente de países como a Colômbia, suas semicolônias. De forma alguma, e sob nenhum ponto de vista, existe a possibilidade de Petro, com seus belos discursos, estar mudando a mentalidade predatória do imperialismo ou influenciando de alguma forma sua política. Queremos ser bem nítidos, é Petro que é usado pelo imperialismo e não o contrário, se o imperialismo muda ou ajusta suas políticas, é para seu próprio benefício e lucro, não para nosso benefício.

O tema principal do encontro foi a estratégia antidrogas. Desde que Biden chegou ao poder quando Duque era presidente esperava-se uma mudança nesse nível e agora com Petro encontra melhores condições para promovê-la. Claro que somos totalmente a favor da legalização de todas as drogas, como parte essencial da luta contra a violência na Colômbia e em outros países afetados pelo narcotráfico e pelas máfias. Esta, definitivamente, não é a proposta de Biden e Bliken, mas sim uma abordagem mais “flexível e integral” que mantém a ilegalidade e a perseguição ao tráfico de drogas. Se o imperialismo propõe uma mudança em sua estratégia antidrogas, é porque vê uma possível mudança mais conveniente para seus negócios.

Da mesma forma, a reunião abordou outros temas importantes como a Venezuela e diferentes acordos de “cooperação”, ou seja, acordos para aprofundar o jugo imperialista. O objetivo da visita imperialista foi também garantir que a Colômbia não ceda à pressão da China para expandir seus mercados, ou seja, manter a Colômbia firme no campo ianque em sua guerra comercial contra o gigante asiático. Blinken também se reuniu com Francia Márquez para acertar questões relacionadas à “equidade étnica”, que consiste em desenvolver o capítulo étnico do acordo de Paz com as FARC.

Já em julho, antes da visita da comissão Biden, havíamos afirmado que: “eles vão querer manter a validade dos acordos comerciais, os benefícios para as multinacionais de origem americana e o pagamento pontual da dívida externa que consome grande parte do orçamento nacional.

Se Biden tem seus interesses a discutir com o novo governo, o povo colombiano, que votou majoritariamente no Petro, tem os seus, e são totalmente contrários: o fim da guerra às drogas, a soberania política, militar e econômica. Portanto, para que a reunião tão celebrada trouxesse benefícios para o povo colombiano, seria necessário que o governo Petro propusesse uma política de verdadeira soberania e independência internacional:

1- Como os Estados Unidos são o maior consumidor de coca, que Petro exija que o governo dos EUA legalize o tráfico de drogas para eliminar esse negócio sangrento, que custa à Colômbia milhares de mortes todos os anos e milhões de dependentes de drogas.

2-Que o governo Petro, assumindo verdadeiramente uma política soberana e independente, quebre os tratados militares com os Estados Unidos e exija o fechamento e a retirada de suas bases militares, assim como o presidente do Equador Rafael Correa fez com a base de Manta. Além disso, declare que a Colômbia está se retirando como “Aliado principal” e Membro Global da OTAN. Também rejeitar todo tipo de “ajuda” que signifique o fortalecimento do aparato repressivo (como o armamento da ESMAD), a formação de mercenários, etc.

3-Para garantir a soberania alimentar e combater a fome, que Petro rompa os tratados de livre comércio (TLC) que só serviram para aumentar as importações, principalmente de alimentos, aprofundando cada vez mais a dependência alimentar, encarecendo os alimentos em um país com muita capacidade de produção.

4- Que não se pague a onerosa e abominável dívida externa, mais do que paga com juros e saques, para que esse dinheiro seja destinado a enfrentar a pobreza e a crise social.

5-Exigir que os Estados Unidos forneçam armas sem quaisquer condições à resistência ucraniana para enfrentar a invasão criminosa de Putin a seu território, abandonando ao mesmo tempo sua política de escalada armamentista, o que só aumenta os riscos de novas guerras internacionais que só trarão mais morte de trabalhadores e destruição.

De nossa parte, continuaremos a rejeitar a presença dos delegados imperialistas em nosso território, chamamos a não confiar neles ou em sua “cooperação” e denunciamos que seu único interesse é impedir que a Colômbia seja uma nação soberana e continuar saqueando nossos recursos.” [1]

Hoje essas palavras e essas medidas mínimas permanecem absolutamente válidas.

[1] https://www.magazine.pstcolombia.org/2022/07/visita-de-la-comision-biden-sus-intereses-y-los-nuestros/

Tradução: Tae Amaru

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