qui mar 28, 2024
quinta-feira, março 28, 2024

Estado Espanhol | Meio ambiente no acordo do governo: medidas vagas e imprecisas

No contexto de um 2019 cheio de mobilizações exigindo medidas para frear as mudanças climáticas, e no qual a preocupação pela grave crise ambiental se estendeu, sobretudo entre as e os mais jovens, o pacto PSOE-UP pode ser um alívio para muitas/os das e dos companheiras/os com quem estivemos lutando ombro a ombro nestes meses nas ruas.

Por: Lucía
Diante dos governos anteriores, que negavam a importância de tomar medidas para uma “transição ecológica”, este reflete as principais demandas do movimento: potencializar as energias renováveis, colocar em cima da mesa a necessidade de um “novo modelo energético”, a “economia circular” como horizonte, planos de mobilidade e transporte sustentáveis, ou planos de proteção aos ecossistemas naturais, entre outros.
Boas intenções para 2050 não é o suficiente
É necessário colocar medidas urgentes sobre estas problemáticas, e é por isso que convidamos tod@s @s que se sentirem ouvidos/as pela preocupação do novo Governo quanto à crise ambiental, a se aprofundarem nas medidas que são apresentadas e como são apresentadas. A maioria das medidas não tem data – nem ao menos ano – de aplicação, e os objetivos que são fixados para alcançar a maioria delas tem como limite 2050.
Segundo uma análise publicada no Breakthrough National Centre for Climate Restoration por David Spratt, em 2050 já seria tarde demais para ter os objetivos cumpridos, já que muitos estudos apontam que para essas datas, a temperatura global terá aumentado quase 3ºC, o que destruiria grandes ecossistemas e provocaria o exílio de bilhões de pessoas de seus território – afetad@s pelas fortes mudanças ambientais.
Por outro lado, em uma legislatura de 4 anos estabelecer datas de aplicação ou objetivos para 2040 ou 2050 soa muito parecido às declarações das cúpulas internacionais do clima, que redigem boas intenções para aplicar em um futuro incerto, e que nunca são concretizadas. É uma incoerência apresentar medidas que nem sequer se sabe se você mesmo poderá aplicá-las.
Fala-se de instaurar o “resíduo zero” através do desenvolvimento do “ecoprojeto e da ecoinovação”, sem mencionar que este tipo de avanços costumam produzir aumentos da produtividade e da produção, já que tendem a serem aplicados sem colocar limites ao “crescimento”, como acontece neste caso.
Também não se inclui alguma limitação ao turismo desenfreado apesar de seus implacáveis efeitos: Barcelona e Palma são as cidades portuárias mais afetadas pela contaminação que os cruzeiros produzem na Europa: 26% do lixo marinho que se encontram no litoral espanhol procedem do uso turístico de nossas costas litorâneas; 1,597 bilhões de toneladas de CO2 correspondem às emissões de transporte no setor turístico a nível mundial.
Outro caso seria o do “plano de mobilidade sustentável”. O “financiamento ao transporte público” não pode ficar só nessas palavras: o que acontece com os bônus (passagens diárias) de transporte público que não param de subir de preço por todo o Estado? Como combina isto com as medidas que impedem a entrada dos veículos menos respeitosos ao meio ambiente nas principais cidades? Se as restrições às e os trabalhadores/as para chegar com nossos carros aos nossos locais de trabalho estão vigentes desde 1 de janeiro, então, as facilidades para que isto não nos afete negativamente deveriam ser aplicadas o quanto antes, não?
E não podemos deixar para trás as promessas quanto a “uma geração de eletricidade 100% renovável para 2050” ou a desejada “redução da fatura”. Ambas as medidas supõem, de uma forma ou outra, intervir sobre as grandes companhias elétricas. Nos perguntamos como este Governo poderá fazê-lo, para fechar o círculo, ao mesmo tempo em que assegura o crescimento empresarial e sem questionar a economia capitalista.
Os estudos científicos não deixam dúvidas: a luta para deter a crise ambiental é mais urgente do que nunca. Não podemos permitir planos não concretos e sem medidas claras imediatas. Também não podemos permitir que este novo Governo não se responsabilize pelas promessas que faz: pode ser que os resultados de certas medidas não sejam vistas até 2040, mas para que isso seja minimamente provável temos que começar já a aplicá-las.
Este ano continuemos com as mobilizações de 2019! Por medidas reais JÁ para deter a crise ambiental!
Tradução: Lilian Enck

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