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quinta-feira, março 28, 2024

O mito da recuperação e as eleições de 20 de dezembro

Rajoy encerra seu mandato e entra em campanha reivindicando a “recuperação econômica”. Afirma que, se o PP não ganhar, o país vai retroceder e abandonar o caminho do crescimento e da criação de empregos. Mas, para as milhões de famílias operárias que sentiram do modo mais brutal o gosto amargo da crise, a história da recuperação é como a lenda do monstro do Lago Ness: todos já ouviram falar, mas ninguém nunca viu. Apesar de que, para sermos mais precisos, alguns de fato o viram: os banqueiros e os empresários, os Botín e os Ortega.

Por: Ángel Luis Parras – Candidato Suplente de Senador pela Unidade Popular (Madri)

O Estado Espanhol experimentou, nos últimos anos, um duplo fenômeno econômico: por um lado, o aumento da pobreza e o rebaixamento geral dos salários e direitos sociais. Por outro, um forte aumento da concentração de riquezas nas mãos de uns poucos. Isso ocorreu porque Rajoy, e antes Zapatero, aplicaram rigorosamente as políticos impostas a partir de Bruxelas pela União Europeia e pela Troika.

Qualquer análise rigorosa da realidade desmente a falácia da recuperação. A União Europeia apenas cresce menos de 0,5%, segundo as previsões para 2015. Nossos salários continuam abaixo dos valores de 2008 e os empregos temporários e os salários miseráveis se generalizaram. A criação de empregos da qual Rajoy se gaba não foi somente pobre como de uma extrema precariedade. A dívida pública continuou crescendo e já está em 100% do PIB. E a UE e a Troika, com Merkel e Hollande à cabeça, já advertiram que o novo governo que vier após o dia 20 de dezembro terá que aplicar, sem falta, novos cortes para cumprir os “objetivos de déficit” e as “reformas estruturais” de Bruxelas.

A parte positiva desta história é que estes últimos sete anos estiveram repletos de lutas sociais e movimentos populares que lutaram nas ruas para defender os direitos que querem nos roubar.

As eleições de 20 de dezembro têm uma grande importância. A Corriente Roja, desde o início do atual ciclo eleitoral, apostou em uma candidatura de unidade contra o governo dos banqueiros e grandes empresários e da Troika. Apostamos desde o primeiro dia em discutir um programa e colocar a classe trabalhadora no centro da cena. Por esta razão, somamos esforços com os companheiros e companheiras do Sindicalistas pela Unidade Popular. A partir daí, apresentamos um programa e candidaturas operárias às eleições primárias da Unidade Popular, agrupamento encabeçado por Alberto Garzón, da Esquerda Unida, mas que conta com diversos outros coletivos em seu interior. Esta candidatura é a que mais se aproxima deste esforço, apesar de algumas limitações importantes em suas propostas. Assim, não defende a suspensão do pagamento da dívida pública nem a ruptura com a camisa de força da UE. E sobre a questão catalã, um dos temas mais candentes e centrais na crise do regime monárquico, omite-se de defender com clareza o direito do povo catalão a decidir de maneira soberana, diante das ameaças e do autoritarismo de Rajoy, apoiado por Pedro Sánchez (PSOE) e Albert Rivera (Ciudadanos).

O PSOE não é nenhuma alternativa ao PP. Foram eles que, a mando da Troika, começaram a aplicar os cortes, privatizações e reformas que desembocaram na catástrofe atual. Nos pontos essenciais, como no tema da Catalunha ou da submissão à UE, não se diferenciam em nada do PP. Ciudadanos é uma cópia transgênica do PP para enganar a população com a aparência de novidade, aproveitando que ainda não estão manchados pela corrupção. O Podemos, por sua vez, girou profundamente à direita. Já não questiona a dívida e toda sua política econômica e social está subordinada ao respeito às regras da UE e da Zona do Euro. Assume todos os pactos internacionais, como a OTAN. E aposta em uma saída meramente eleitoral, quando a realidade é que as mudanças não são possíveis se não vêm das ruas, dos locais de trabalho e estudo.

Não à guerra

A Europa vive um momento novo diante dos brutais atentados terroristas em Paris. O Estado Islâmico (ISIS) é uma organização que cresceu com a conivência ou a ajuda direta do imperialismo norte-americano, europeu e os regimes do Golfo, que o utilizaram para enfrentar as legítimas revoltas na Síria e no Iraque. As raízes do ISIS estão na guerra e na ocupação do Iraque pelos EUA. Os governos europeus e a Rússia estão utilizando os atentados terroristas para bombardear a Síria e para iniciar uma escalada autoritária na Europa, que afeta em primeiro lugar os trabalhadores e trabalhadoras imigrantes e os refugiados e refugiadas que chegam. Diante disso, nós, da Corriente Roja, dizemos: Não em nosso nome! Não aos bombardeios! Não ao ataque aos direitos e liberdades democráticas! Atendam os refugiados que vocês mesmo provocaram!

Artigo publicado em Página Roja, Segunda Época n.° 35, dezembro de 2015.

Tradução: Arthur Gibson

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