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quinta-feira, abril 18, 2024

2015: 43 mulheres a menos! Todas ao 7N!

A dívida está sendo paga, a violência machista continua.

A menos de dois meses das eleições gerais, foi convocada para 7 de Novembro (7N) uma Marcha em Madri contra as “violências machistas”. Nós, da Corriente Roja, apoiamos e chamamos a participar desta manifestação porque a luta e a mobilização na rua, como as recentes Marchas da Dignidade, continuam sendo a principal ferramenta que temos para conquistar nossos direitos e reivindicações.

Por: Secretaria de Mulheres da Corriente Roja

O 7N é uma jornada de luta contra TODO tipo de violência contra a mulher, e não só contra os assassinatos de mulheres, que são a forma mais visível e crua desta violência.

Violência machista é a desigualdade salarial, as demissões por ficarmos grávidas ou tirarmos licença. É a maior taxa de desemprego que sofremos, o emprego precário e temporário que, para nós, é a norma, ou o assédio sexual nos lugares de trabalho.

Violência machista é a responsabilidade quase exclusiva e a carga de trabalho doméstico que nos obrigam a assumir e que deterioram nossa saúde. É a destruição e privatização dos serviços públicos de atendimento a idosos, menores e dependentes, cujo cuidado fica sob nossa responsabilidade.

Violência machista é a ausência de educação sexual e de valores de igualdade nas escolas para prevenir a gravidez de adolescentes, os estupros e agressões sexuais que não são denunciados por medo, ou a homofobia entre jovens e menores que continua existindo. É a coisificação de nossos corpos através da publicidade.

Violência machista é a dificuldade de ter acesso a anticoncepcionais gratuitos e seguros, a um serviço de planejamento familiar ou poder recorrer a uma interrupção voluntária de uma gravidez não desejada nos serviços de saúde pública. Violência machista é obrigar menores de 16-17 anos a serem mães contra sua vontade.

Para acabar com o machismo e a violência, suspender o pagamento da dívida e desobedecer as leis e medidas injustas

A proteção necessária às mulheres vítimas de violência machista e as políticas de igualdade não podem ser garantidas enquanto continuarmos pagando uma dívida que chega a 90% do PIB e que só em juros significará, em 2016, um assalto de 33,5 bilhões aos cofres públicos do Estado. Mas, além disso, é preciso revogar o artigo 135 da Constituição que determina prioridade ao pagamento da dívida, por cima das necessidades sociais. Temos de enfrentar a lei de bases do regime local que deixará as prefeituras das pequenas cidades sem a competência de prestar serviços de atenção à mulher. Temos também de enfrentar a lei de estabilidade orçamentária que sufoca as Comunidades autônomas, impedindo o aumento das despesas para cobrir as necessidades sociais e garantir educação, saúde e serviços sociais públicos e de qualidade.

Nos últimos anos, além de ter havido corte no orçamento para garantir leis como a Lei de prevenção contra a violência machista, a lei do aborto ou a lei de igualdade (que, apesar de serem insuficientes, significaram um avanço), também está aumentando a desigualdade com as medidas aprovadas pelo governo do PP, como a reforma trabalhista e de aposentadorias ou a lei de reforma educacional (LOMCE). Por isso, devemos nos organizar para revogá-las.

As organizações operárias e estudantis à frente da luta contra o machismo

Em todas essas formas de violência e discriminação, nós, as mulheres trabalhadoras, somos as mais prejudicadas. E se somos jovens, imigrantes ou parte do coletivo LGTBI, a opressão que sofremos é ainda pior.

O machismo e a violência contra a mulher não é uma atitude ou conduta individual, mas algo que se perpetua e se mantém por meio de instituições como a igreja, a escola, a família e, sobretudo, com as medidas aprovadas pelos sucessivos governos a serviço da troika, dos banqueiros, dos especuladores e dos corruptos, para nos fazer pagar sua crise.

E mesmo que alguns homens tirem vantagens pessoais ou privilégios materiais, quem se beneficia desta opressão é a burguesia: essa minoria formada por homens e mulheres que vive se apropriando da riqueza social que a classe trabalhadora produz dentro deste sistema capitalista. Os governos de mulheres, como Merkel na Alemanha, Kirchner na Argentina ou Dilma no Brasil, também aplicam políticas de ajuste e definem seus orçamentos a serviço de banqueiros e especuladores, contra as mulheres trabalhadoras.

O machismo é uma ideologia que interessa à burguesia manter e reproduzir porque é uma das ferramentas que utiliza para superexplorar as mulheres trabalhadoras, bem como para debilitar e dividir o conjunto da classe trabalhadora. Isto se potencializa principalmente em tempos de crise. Por isso, para nós, diferentemente do que dizem as organizações feministas, a luta contra o machismo não é uma tarefa só das mulheres, já que, para conseguir a unidade que necessitamos, as medidas específicas contra a opressão à mulher e por seus direitos têm de ser defendidas e exigidas pelo conjunto da classe trabalhadora, e não só pelas mulheres dentro desta.

Derrotar este governo mediante o voto não é suficiente

Nas próximas eleições gerais, nosso primeiro passo será tirar o PP (e seus substitutos) do governo e romper com o bipartidarismo. Mas nós, as mulheres trabalhadoras, não podemos nos conformar só em dar nosso voto. No dia seguinte do novo governo, seja ele qual for, teremos de exigir um Plano integral contra a violência machista dotado de orçamento suficiente para prevenir, atender e proteger de forma eficiente às vítimas, além de continuar lutando pela suspensão do pagamento da dívida para criar emprego e garantir moradia digna para todas, bem como saúde e educação 100% públicas e gratuitas. Convidamos você para vir para a Corriente Roja travar essa luta e construir conosco uma alternativa de classe e internacionalista que luta contra toda forma de opressão e exploração.

Tradução: Suely Corvacho

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