qui mar 28, 2024
quinta-feira, março 28, 2024

Conferência Internacional dos Trabalhadores do Setor Automobilístico

A Conferência foi realizada em Sindelfingen, na Alemanha, uma pequena cidade próxima a Stutgart , com um população de 60.000 habitantes, mas que tem uma grande concentração da indústria automobilística. A Mercedes tem 35.000 trabalhadores e a Bosch tem 12.000 somente neste município, que vive em torno da indústria automobilística.

Por: Luiz Carlos Prates

Participaram delegações de 20 países: Alemanha, Brasil, Colômbia, EUA, Venezuela, Espanha, Itália, França, Polônia , Rússia, República Tcheca, Ucrânia, Turquia, Irã, Paquistão, África do Sul, Marrocos, Suécia, Índia.

A delegação da CSP-Conlutas contava com sete companheiros, sendo seis de São José dos Campos e um de São Paulo, representando as montadoras da região e o setor de autopeças.

A plenária de delegados iniciou-se com a apresentação feita pelos três coordenadores: Joern Kleffer, da Alemanha; Jesús Armendariz, da CGT da Espanha; e Mancha, da CSP-Conlutas. Fizemos um balanço das atividades do grupo de coordenação no último período, apresentando o balanço financeiro e a situação do setor no momento atual, com destaque para a renovação dos contratos de trabalho das maiores empresas do setor nos EUA, onde havia sido rejeitada a proposta apresentada pela burocracia. Foi colocada em votação e aprovada a prestação de contas e o regimento da Conferência.

Um dos momentos mais emocionantes da abertura foi uma homenagem prestada pelos delegados ao companheiro Dirceu Travesso, o Didi, da CSP-Conlutas, que sempre foi um dos impulsionadores da organização internacional dos trabalhadores da qual este projeto é parte.

A Conferência se desenvolveu com a realização da plenária de delegados, com cerca de 50 delegados internacionais, e grupos de trabalho sobre diversos temas e com participação aberta. Alguns temas dos grupos foram: a situação da saúde dos trabalhadores na indústria, poluição ambiental e no local de trabalho, repressão nos diversos países e na indústria automobilística, movimento sindical, organização de base, unidade sindical , a questão dos imigrantes, a ditadura militar no Brasil e o papel da Volkswagen e outras indústrias do setor, reforma ou revolução, mulheres. Esses grupos foram realizados simultaneamente.

Em outro momento, também foram realizados fóruns de trabalhadores das empresas. O maior foi o da GM, que reuniu participantes de 10 países e fez um balanço das atividades em comum, destacando-se: as diversas manifestações de solidariedade às greves que aconteceram em São José dos Campos; a luta contra o fechamento da planta de Bochum, na Alemanha, que contou com varias ações; a luta contra as demissões de lesionados na Colômbia, que teve um acampamento na Embaixada dos EUA. Em todos esses fóruns, foram eleitos coordenadores que serão responsáveis por manter contato e ter uma publicação periódica nas empresas. Foram realizados fóruns da Mercedes, Volkswagen, Renaut-Peugout, Ford e Bosch.

Uma segunda plenária foi realizada com informes da situação da indústria automobilística e das lutas dos trabalhadores nos diversos continentes, com posterior debate. Foram apresentados informes da Europa, África, América do Norte e do Sul, Ásia.

Após os debates, iniciou-se a discussão sobre a fundação da Coordenação Internacional dos Trabalhadores do Setor Automobilístico. Foi apresentado o documento que havia sido aprovado pela coordenação e distribuído a todas as delegações antecipadamente e que seria o manifesto de fundação. Este documento recebeu vários adendos e contribuições e foi aprovado por unanimidade. Também foram aprovados os princípios de organização do movimento.

Em meio às lutas

Esta conferência refletiu as diversas lutas que ocorrem neste momento no setor. A delegação da Turquia é parte de um grande processo de lutas que ocorre no país, com greves, ocupações de fábrica, e que foi apoiada por todos. Na Índia, a GM está com plano de fechamento de uma planta e enfrenta resistência, como ocorreu em Bochum,e  o sindicato nacional metalúrgicos daquele país se fez presente. Da África do Sul, compareceu uma representação do NUMSA,tradicional sindicato dos metalúrgicos que rompeu com a orientação conciliadora da COSATU (central sindical sul-africana que apoia o governo do CNA). Do Brasil, a delegação da CSP-Conlutas expressava as diversas greves que ocorreram contra as demissões e que fizeram com que várias empresas recuassem.

Na tarde de sexta-feira, foi realizada uma manifestação com cerca de 500 trabalhadores e delegações de vários países no centro da cidade de Sindelfingen, passando na frente da enorme planta da Mercedes Benz. A demonstração, como é chamada no país, teve apoio dos moradores da pequena cidade, que só conheceu grandes mobilizações operárias na década de 1980.

O manifesto aprovado na Conferência, além de demarcar a necessidade de unificar a intervenção das organizações classistas, convocou uma Jornada Internacional de Luta para o período de 28 de abril (dia mundial de luta contra os acidentes de trabalho) a 1o de maio (retomando o caráter de luta deste dia), quando as diversas organizações realizarão atividades em seus países.

A demissão de dirigentes sindicais do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos  Campos (CSP-Conlutas ) foi denunciada e o encontro exigiu a reintegração dos ativistas e organizará uma campanha. Foram aprovadas outras moções: contra o fechamento da fábrica da GM na Índia, apoio às greves da Turquia, exigência de liberdade aos presos políticos do Irã, e pela retirada das tropas do Haiti.

Ao final, foi aprovado o manifesto inicial da Coordenação Internacional dos Trabalhadores do Setor Automobilístico e os princípios gerais de organização, conclamando todas as organizações que concordem com a proposta a engrossar as fileiras da coordenação e fortalecer uma alternativa classista. Foi eleito o grupo coordenador (ICOG) com representação da Alemanha, Brasil, Espanha, África do Sul, Colômbia e Itália. Este grupo organizará as atividades de solidariedade, a jornada de lutas e a Segunda Conferência Internacional em 2019. A CSP-Conlutas, a CGT e o grupo alemão serão os organizadores do ICOG.

Luiz Carlos Prates,”Mancha”, pela Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas.

 

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