Dinâmica da produção industrial em 2012
(em relação ao mês anterior) |
Dinâmica do PIB do último trimestre (em relação ao trimestre anterior) |
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I |
II |
III |
IV |
V |
VI |
desde
VI/11 |
3/
2011 |
4/
2011 |
1/
2012 |
2/
2012 |
|
Zona Euro |
-0,2 |
0,7 |
-0,1 |
-1,1 |
0,9 |
-0,6 |
-2,1 |
0,1 |
-0,3 |
0 |
-0,2 |
União Europeia |
-0,2 |
0,3 |
-0,2 |
-0,7 |
0,8 |
-0,9 |
-2,2 |
0,2 |
-0,3 |
0 |
-0,2 |
Alemanha |
0,4 |
0,6 |
0,9 |
-2,1 |
1,6 |
-0,9 |
-0,4 |
1,4 |
-0,1 |
0,5 |
0,3 |
França |
0,3 |
0,5 |
-1,2 |
1,5 |
-2,2 |
-0,1 |
-2,6 |
0,3 |
0 |
0 |
0 |
Itália |
-2,7 |
-0,8 |
0,6 |
-2 |
1 |
-1,4 |
-8,2 |
-0,2 |
-0,7 |
-0,8 |
-0,7 |
Grã-Bretanha |
-0,6 |
0,1 |
-0,2 |
-0,6 |
1 |
-2,5 |
-4,6 |
0,6 |
-0,4 |
-0,3 |
-0,7 |
Espanha |
-0,4 |
-0,6 |
-1,9 |
-0,7 |
0,8 |
-0,6 |
-6,3 |
0 |
-0,3 |
-0,3 |
-0,4 |
Países Baixos |
-0,5 |
11,4 |
-9 |
2,8 |
0,8 |
-0,5 |
-0,1 |
-0,3 |
-0,6 |
0,2 |
0,2 |
Polônia |
0,1 |
-1,7 |
-1,9 |
2,1 |
-0,5 |
-2 |
1 |
0,9 |
1 |
0,8 |
… |
EUA |
0,7 |
0,4 |
-0,5 |
0,8 |
-0,2 |
0,4 |
4,7 |
0,3 |
1 |
0,5 |
0,4 |
Japão |
2 |
-1,6 |
1,3 |
0,2 |
-3,4 |
-0,1 |
1,8 |
0,1 |
1,3 |
0,3 |
|
Rússia |
0,5 |
1,5 |
-1,2 |
0,1 |
1 |
0 |
1,9 |
1,8 |
1,8 |
0,9 |
… |
No total, segundo as estatísticas da Renault, nos últimos cinco anos, o mercado automobilístico europeu reduziu 23%.
A situação atual é diferente da primeira onda da crise, agora aqueles que estão à beira do abismo são algumas empresas líderes, obrigadas a aplicar medidas de reduções maciças de pessoal e a não produzir em seus próprios países.
A Fiat anunciou que irá parar completamente o investimento e impôs férias forçadas a cinco mil trabalhadores em Turim.
A Renault, que se apoia mais nos mercados estrangeiros, perdeu 3% das vendas (no mercado europeu -15%), tendo diminuido a produção em 18% e com a intenção de reduzir para 10 mil trabalhadores.
As empresas que mais têm sofrido são as que perderam a batalha pelos mercados estrangeiros para as empresas americanas, alemãs e japonesas. Ao mesmo tempo, se destacam os benefícios relativos obtidos pelas montadoras Mercedes Benz e Volkswagen, que dependem de vendas para mercados mais dinâmicos fora da Europa, ficando em primeiro lugar nos países do BRIC¹. Mas também esses mercados nas condições de desaceleração econômica irão, inevitavelmente, perder dinâmica. Um sintoma disso são as tentativas de realizar reduções na fábrica da GM em São José dos Campos, no Brasil.
Não é por acaso que a indústria automobilística é, justamente, o centro da crise. Esta unifica em si mesma os resultados do trabalho de milhões de trabalhadores em empresas de todos os ramos da indústria mundial e cruza toda a economía. Por isso que uma redução insignificante na produção na indústria automobilística significa e transmite uma dura indisposição a outros ramos da indústria e se expande para outros países. E, ao mesmo tempo, é visto enquanto objeto de consumo de massa que a torna particularmente vulnerável à queda geral na receita, como resultado das medidas de austeridade econômica. Em tempos de alto índice de desemprego e dos preços elevados da gasolina, o carro torna-se um luxo.
Como a indústria automobilística tem um lugar no sistema comum de produção e consumo, a contradição mais evidente entre o caráter social do trabalho e da forma privada de apropriação de lucros se manifesta de forma mais contundente. Este setor é o que expressa a essência da crise (crise clássica de superprodução), completa e profundamente. Não é por acaso que, para estimular essa indústria, de fato, foram dirigidos os esforços de todos os governos ao redor do mundo para tirar a economia da recessão.
A partir de agora se dará uma batalha feroz entre as grandes empresas pela demanda e mercados. Possivelmente vem aí uma nova onda de protecionismo. Por outro lado, para as montadoras europeias aumentará a necessidade de tirar seu peso dos países onde está a empresa-mãe e produzir mais nas filiais estrangeiras, com a finalidade de reduzir os custos, aumentar a produtividade e, onde puder, contar com mão-de-obra mais barata. As características estruturais dessas empresas, inevitavelmente, se expressarão nas principais linhas políticas dos governos (a pressão para o protecionismo em relação às plantas nacionais, a concentração nos mercados europeus e uma demanda para a liberalização do mercado a outros países periféricos, onde há um amplo mercado automobilístico). Tudo isso será acompanhado pela intensificação das contradições interimperialistas.
A crise também atingiu outros ramos da indústria. Na Alemanha, a HP pretende cortar milhares de empregos. A empresa de distribuição de metais Kloeckner & Co. se prepara para a demissão de 1.300 funcionários. Há demissões programadas nas de energia RWE (2400 postos de trabalho) e na E.on.
Na Finlândia, a Nokia está se preparando para cortar 3.700 postos e fechar a sua fábrica da cidade de Salo, onde trabalham 780 funcionários – e tudo isso com a aprovação da burocracia sindical. Por todo o mundo, nas plantas da empresa serão destruídos, no total, 10 mil postos de trabalho; uma parte significativa será nas fábricas alemãs.
A nova onda da crise tem características fundamentais relacionadas com a origem da mesma, mas manifestada por dois novos fenômenos que expressam o aprofundamento do processo. O primeiro, a queda na produção industrial no Brasil e a grande desaceleração na China.
Antes, estes dois países mantinham ciclos de crescimento elevado, muito pelo papel de fábricas baratas para as multinacionais imperialistas, nas quais, em condições de crise, começaram a se apoiar mais nas grandes corporações. Mas, hoje, a redução do mercado na Europa está fechando o terreno para o Brasil e outros países que exportam matérias-primas para a China. Estes "segundos motores da economia mundial" são, na verdade, completamente dependentes do imperialismo e começam a sufocar por conta da queda na demanda na Europa.
O segundo fenômeno novo é que a crise atingiu economias europeias líderes: França e, em menor grau, Alemanha.
O desenvolvimento da crise não tocou profundamente a Alemanha e França. As duas mais poderosas potências do imperialismo europeu dos últimos anos, usaram ativamente o processo da União Europeia para um fortalecimento da sua posição e lhes custou menos fazer com que os países mais fracos da Europa arcassem com a crise. Assim como tinha feito o mais poderoso imperialismo, os EUA, que deixou com que as principais consequências da crise recaissem sobre a Europa. Mas agora é chegada a sua vez.
A situação é especialmente perigosa na França no que diz respeito à posição da indústria automobilística. A crise neste ramo é anunciada com toda a força e só é um pouco menor do que na Itália.
Os problemas do banco Societé General e o fim do tabú², surgido na era Sarkozy, até o fechamento de fábricas na França como condição para receber ajuda, tornaram-se os principais aspectos da sua situação instável. Isto é ainda mais uma evidência concreta de que o auxílio estatal dado aos capitalistas não salva, em definitivo, os postos de trabalho. Ollande promete nova dose de injeções em fábricas de automóveis, mas isso não vai eliminar os problemas estruturais da economia francesa.
A este respeito, a Alemanha, que tira a sua estabilidade da dominação da União Europeia, bem como fora da Europa através da exportação, é visivelmente mais forte do que a França. Mas, também na Alemanha, vê-se sinais de recessão, e, ao mesmo tempo, as exportações alemãs para os países periféricos europeus e para os países do BRIC, que foi a grande vantagem do imperialismo alemão, pode se tornar o seu oposto: com o aumento dos problemas nos países do BRIC não se pode rejeitar a possibilidade de que a crise na Alemanha, em certas condições, possa começar a se desenvolver ainda mais rápido do que em outros países europeus.
Com a tendência de crescimento da crise como pano de fundo, o fogo das lutas sociais está apenas começando a queimar. Ao aumentar a resistência em todos os países, vemos um salto qualitativo na Espanha com as manifestações dos mineiros e do crescimento de sindicatos independentes.
Por outro lado, por conta de projetos de ajustes de grande escala apareceu a preocupação dos trabalhadores na França, onde, durante o período da crise, os protestos não foram massivos, mas em seguida, no período de crescimento econômico foram a vanguarda da luta social. E, uma vez que os trabalhadores não sofreram nenhuma grande derrota, são justamente aqueles que podem fazer uma volta com uma nova força, um novo ânimo, com a força correspondente para enfrentar a crise. Até hoje os governos da França e Alemanha têm tentado evitar atacar os trabalhadores em seus países. Mas a situação cada vez pior não deixa outra opção.
Todos os acontecimentos demostram que a situação econômica está piorando e tende a se aprofundar; os ataques contra os trabalhadores europeus, em resposta, vai se espalhar por toda parte. A determinação com que os governos agem na Espanha e na Grécia sob a pressão da "Chanceler de Ferro" não deixa margem para dúvidas. Apenas as mobilizações organizadas dos trabalhadores em toda a Europa podem parar os ataques e a destruição dos seus direitos políticos e sociais, salvá-los da miséria e dos regimes políticos criminosos. Para quebrar a resistência dos trabalhadores e dividí-los, a burguesia parece semear a discórdia entre eles, para colocar os alemães contra os gregos; os gregos contra os paquistaneses, os trabalhadores nativos contra imigrantes, etc
Mas a resistência está crescendo na Europa apesar das leis mais duras, contra a vontade da burocracia sindical, apesar de todas as tentativas de transferir a culpa da crise para as costas dos trabalhadores de outro país ou dos imigrantes. No crescimento desta luta está a chave para a possível vitória coletiva sobre os capitalistas e seus governos. Mas a luta de classes na Grécia e na Espanha mostra claramente que não importa a pressão das massas, enquanto o poder estiver nas mãos da burguesia, os ataques aos trabalhadores não cessarão. Além disso, a estagnação no desenrolar das lutas, se muito longa, leva ao desgaste e desmoraliza o movimento, deixando o caminho livre para o contra-ataque da burguesia e o crescimento da extrema direita.
Para conter a catástrofe social organizada pela burguesia, é essencial que os trabalhadores avançem até a conquista do poder político através da resistência aos planos da burguesia, isto é, a luta contra todas as formas de ataques aos direitos e conquistas da classe trabalhadora. O Estado burguês e suas instituições – os governos, o parlamento e toda a máquina de repressão – têm-se revelado completamente dirigidos contra os trabalhadores e, mais que isso, são antidemocráticos. Os trabalhadores devem liquidá-los e impor seu governo, o governo operário e popular, com a base às suas próprias organizações. Não existe nenhum outro caminho.
Apenas a mobilização internacional dos trabalhadores e a instauração de estados operários e populares em todos os países europeus poderão proteger a classe trabalhadora de todos os ataques da burguesia, dos banqueiros e seus governos.
É essencial destitutir a Europa do sistema capitalista, que nos levou a catástrofe social, com todas as suas instituições e criar uma Europa dos trabalhadores e dos povos nos Estados Unidos Socialistas da Europa.
Trabalhadores europeus e do mundo todo, uni-vos!