Jue Mar 28, 2024
28 marzo, 2024

Enquanto nos pedem para acreditar na paz, expedem-se ordens de assassinatos!


Carta a Juan Manuel Santos



Senhor Presidente:



Com o lema “Minha contribuição é acreditar”, o senhor desfilou no último dia 9 de abril, chamando os colombianos a “acreditar” no processo de negociações de paz que o seu governo desenvolve com as FARC em Havana, Cuba. Gostaríamos de acreditar, mas, por enquanto, não podemos!



Somos dirigentes sindicais que, no marco da Constituição e da legislação vigente, lutamos cotidianamente pela defesa dos interesses de milhares de trabalhadores. Não somos nem jamais fizemos parte do confronto armado; da mesma forma que milhões de colombianos, apenas sofremos a suas consequências.



Com a falsa acusação de que seríamos “agentes” ou membros de organizações guerrilheiras, durante as últimas décadas os empresários, os grandes meios de comunicação a seu serviço, e diversos agentes estatais têm estigmatizado nossa atividade. A realização de um acordo negociado entre seu governo e as organizações armadas mostraria a absoluta falsidade do argumento vil usado para assassinar vários milhares de dirigentes sindicais e mostraria que o método das ameaças e do assassinato dos dirigentes das lutas operárias e populares transcende os marcos deste confronto armado. Trata-se, na verdade, de um método intrínseco aos ferozes níveis de superexploração adotados pelo empresariado colombiano, incorporado como parte do próprio regime político por todos os governos anteriores.



Por isso, por enquanto não podemos “acreditar”; pois enquanto avançam as negociações em Havana e o senhor nos pede que “acreditemos”, continuamos recebendo novas ameaças de morte.



No próprio dia 9 de abril, Dia Nacional das Vítimas, e enquanto milhares de pessoas, incluídos os dirigentes sindicais do Sinaltrainal, o senhor mesmo, e muitos de seus servidores públicos marchavam pela paz, foi assassinado o dirigente camponês, presidente da Mesa Municipal de Desterrados, Elber Antonio Cordeiro, em Valencia, Córdoba. E no dia 5 de abril chegou à sede do Sinaltrainal de Cartagena o panfleto com as ameaças, que encaminhamos em anexo.



Por seu conteúdo, não resta a menor dúvida de que está inspirado e orientado diretamente por setores do empresariado, no mínimo, de nossa cidade. Passando das ameaças aos fatos, na madrugada do dia 13 de abril, 5 homens armados, de acordo com o que já é conhecido pelas autoridades, tentaram invadir em Cartagena a casa de nosso companheiro Wilson Castro, para atentar contra ele e sua família, tratando de efetivar a ameaça de morte do dia 5 de abril (que inclui o companheiro Edwin Molina, ambos dirigentes sindicais e trabalhadores da Coca Cola). Igualmente, no dia 15 de abril, na casa do companheiro Jairo del Río Caro, foi deixado um panfleto com ameaças, escrito com letras recortadas de revistas, onde lhe deram 24 horas para sair da cidade, sob pena de morte.



Quantos novos assassinatos de dirigentes sindicais serão necessários para que um governo como o que o senhor preside adote medidas reais e efetivas para conter a ações de grupos que, inspirados pelo empresariado, tratam de impedir que exerçamos nossos legítimos direitos de organização sindical, defesa de nossas reivindicações e defesa dos interesses dos trabalhadores?



A defesa de nossa vida não pode continuar dependendo de um esquema rotineiro de escoltas e denúncias permanentes à Promotoria, sem nenhum resultado efetivo nas investigações, sem localizar os verdadeiros responsáveis pelas ordens de assassinato. Exigimos de seu governo medidas imediatas, radicais e efetivas para conter os assassinos e para obrigar os empresários a adotar todas as medidas necessárias para garantir a defesa de nossas vidas, que é, ao mesmo tempo, o respeito aos direitos de organização e atividade sindical no país.



Para discutir diretamente com o senhor, Presidente, as medidas e ações imediatas que deverão ser adotadas, lhe solicitamos publicamente uma audiência com uma delegação dos dirigentes que assinam esta petição.



Enviaremos cópia da presente carta à OIT, aos organismos de direitos humanos, organizações sindicais e políticas dos demais países.



Coordenação Sindical de Solidariedade de Cartagena – 16 de abril de 2013



Assinam:



Edwin Molina Galván

Sinaltrainal



Wilson Castro Padilla

Sinaltrainal



Jairo do Rio Caro

Sinaltratubocar



Walberto Marrugo Cervantes

Sintratucar



Daniel Pólo Lidueña

Sintrabiofilm



Edna Guzmán Palácio

Ustrial



Fredis Marrugo

Ustrial



Para mensagens:



Sinaltrainal – sinaltracartgena@hotmail.com

Sintrabiofilm – sintrabiofilm@yahoo.com.co

Ustrial – ustrialcartagena@hotmail.com

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