Jue Mar 28, 2024
28 marzo, 2024

Sobre as falsas acusações do PRT-Costa Rica



Nota de esclarecimento do SI da LIT-QI sobre a campanha do PRT da Costa Rica sobre sua suposta “expulsão”


 


 

O PRT da Costa Rica lançou uma campanha internacional sobre sua suposta expulsão da LIT-QI, expulsão que teria sido orquestrada para calar sua voz em função de suas diferenças políticas. Segundo suas denúncias, esse debate era reprimido pela direção da LIT-QI e pelo PT da Costa Rica.




Queremos explicar rapidamente o verdadeiro pano de fundo dos problemas criados pelo PRT, de forma sistemática, durante o tempo em que esteve ligado à LIT-QI, e como toda esta campanha que agora este partido impulsiona confirma nossa caracterização: estamos diante de uma organização que se constrói a partir da disputa fracional, realizando ataques destrutivos, públicos e sistemáticos à própria organização a qual pertenciam, a LIT-QI. Para isso, valem-se do método das calúnias e dos amálgamas[1]. O PRT teve, durante cinco anos, uma atitude destrutiva em relação à LIT-QI, em particular na Costa Rica, onde o alvo de sua campanha era o PT, seção oficial de nossa Internacional nesse país.



Para apresentar mais dados sobre os fatos dessa trajetória, reproduzimos a carta do PT, que documenta as falsas acusações e a prática de sistemáticos ataques do PRT.



No que diz respeito ao Secretariado Internacional (SI) e ao Comitê Executivo Internacional (CEI), a primeira questão importante a esclarecer para o ativismo de esquerda na Costa Rica e em nível internacional – e que o PRT-CR omite – é que a sua entrada na LIT-QI decorreu de uma unificação entre a LIT e o então CITO, em 2008. De todas as organizações que participaram desse processo de unificação, o PRT foi a única que não se integrou à LIT-QI.



Como consta em documentos públicos, a unificação CITO-LIT-QI partiu de acordos importantíssimos de princípios e não deixou de registrar as diferenças políticas, que ambas as organizações não consideraram impeditivas para a unificação. Este acordo de princípios permitiu que a LIT-QI, após a unificação, fosse uma nova Internacional. Novas seções se incorporaram, como o PST colombiano, houve unificações na Argentina (PRS-PO com a então FOS) e no Peru (PST com LS). A incorporação de quadros dirigentes com muita trajetória provenientes do CITO nas tarefas de direção, bem como nas direções nacionais desses três países, foi um saldo político de muita importância para a LIT-QI. Evidentemente, essas unificações exigiram um árduo trabalho, buscando sempre colocar como centro a discussão política e tendo uma metodologia leal e fraterna, com uma postura contrária a que as organizações precedentes se mantivessem no interior da organização unificada fazendo uma luta mesquinha, e tendo como objetivo comum a reconstrução da LIT-QI. A única organização proveniente do antigo CITO que se comportou sistematicamente como uma fração e atuou com um critério oposto em relação ao PT (antigo MAS) da Costa Rica e à LIT-QI foi o PRT.



O PT mostra em sua carta como o PRT atuou durante esses cinco anos: em nome de “expressar com toda liberdade suas diferenças com a direção da LIT-QI em vários aspectos”, assim como expressar suas “diferenças com as políticas e ações da seção oficial”, escolheu o PT como alvo quase permanente. E quando alertamos sobre esses graves erros, atacou a direção da LIT-QI com a mesma virulência com que atacava o PT.



Nós, do SI, tratamos de alertar os dirigentes do PRT de que essa atitude era incompatível com o status de organização simpatizante. Para que se entenda, a palavra simpatizante é utilizada em um partido leninista para definir aqueles ativistas ou militantes que, sem assumir ainda todos os deveres da organização, apoiam sua ação, suas propostas, defendem suas posições e tendem a se integrar com os demais militantes. Simpatizar é simpatizar. Acreditamos que é fácil entender que, se uma organização nacional se depara com pessoas que se declaram simpatizantes, mas que cotidianamente e perante o movimento de massas vivem atacando o partido, denunciando suas políticas e ações ou atacando sua direção como burocrática, oportunista, etc., seguramente não serão mais reconhecidas como simpatizantes, a não ser que esse partido renuncie a se apresentar para o movimento de massas como uma alternativa de direção.



O mesmo acontece quando uma organização nacional que se assume como simpatizante tem como prática sistemática o ataque e a denúncia da seção oficial e da direção internacional. Este é o problema que impediu a integração do PRT-CR à LIT-QI, em contraposição aos demais partidos provenientes do CITO. Para que fique claro, eles mesmos não deixam dúvidas ao reivindicar seu direito de “criticar o PT (e portanto a LIT) sempre que for necessário”. E ainda acrescentam, como corolário, uma característica típica das seitas: os amálgamas e as mentiras para justificar sua versão.



Um grave problema: o método dos amálgamas e das mentiras



Em sua carta de ruptura, o PRT monta o seguinte enredo: tivemos diferenças políticas, a LIT não suporta a discussão de diferenças e não quer debater nossas posições e, por isso, fomos "expulsos".



Segundo argumento: existem problemas graves de machismo no PSTU do Brasil e o PRT considera-se o defensor da luta das mulheres, pois suas teses eram a favor do “feminismo socialista”. A direção da LIT-QI, que, segundo eles, queria evitar a discussão dos problemas, “limitou sua intervenção” e finalmente expulsa-os para que não se discuta a fundo. “Estas discrepâncias foram crescentes e estiveram acompanhadas das medidas para limitar nossa intervenção e o debate na LIT-QI. Este processo terminou finalmente com nossa expulsão”.



Em primeiro lugar, sobre a discussão de suas posições sobre o “feminismo socialista”:



A discussão sobre a opressão da mulher, sob uma ótica marxista, está sendo realizada com força no interior da LIT-QI desde 2005. Além da elaboração teórica e de Seminários sobre a opressão da mulher em 2006 e 2007, nossa Internacional e nossos partidos vêm pautando essa discussão, tanto interna como publicamente, e por isso foram temas importantes em nossos Congressos de 2008 e 2011. Também por isso foram publicados documentos e materiais sobre o tema, discussão que se reflete na intervenção de nossos partidos.



Ao discutir nossa intervenção na questão da opressão das mulheres, abriu-se um rico debate teórico e programático em relação ao tema. Mas, ao contrário do que o PRT afirma de forma mentirosa, esses debates foram e continuam sendo amplos e democráticos. Inclusive convidamos uma organização com a qual estávamos abrindo relações, o FSP dos EUA, para participar de uma comissão que discutiu o tema em 2008. Seus textos foram publicados inclusive nos materiais do Congresso na internet e tiveram direito a apresentar informes, mesmo não sendo da LIT-QI. Também foi publicado um dossiê sobre o tema na revista teórica Marxismo Vivo – Nova Época no1. A posição teórica do FSP é justamente a do “feminismo socialista”, a mesma que os dirigentes do PRT reivindicam. Isso não acontece por acaso, mas sim porque eles têm uma relação de anos com o FSP e reivindicam sua base teórica.



Não é o objetivo desta nota, mas a imensa maioria da LIT-QI tem uma diferença teórica com a elaboração do FSP, e que é seguida pelo PRT-CR, pois consideramos, como Engels e Moreno, que as reivindicações das mulheres, bem como a dos negros e de outros setores oprimidos, não são em si mesmas anticapitalistas e que as lutas contra a opressão são cruzadas pela questão de classe.



Consideramos o feminismo como a III Internacional fazia, como uma corrente burguesa. Tentar construir um feminismo socialista é querer unir as mulheres independentemente da classe a qual pertencem, é cair em um desvio frentepopulista. Reivindicamos a elaboração da III Internacional, que chamava a lutar pelas bandeiras das mulheres, a abrir as fileiras dos partidos comunistas a elas, mas, ao mesmo tempo, chamava a combater o feminismo como corrente burguesa.



No entanto, independentemente de qual posição seja ou não correta, o que é absurdo e uma calúnia do PRT é afirmar que a LIT-QI se recusou a discutir e por causa dessas posições resolveu expulsá-los!



Sobre o machismo e a relação com a discussão política sobre o feminismo socialista



Fez e faz parte de nossa reflexão encarar a difícil situação de retrocesso em relação a este tema e como o machismo traz graves contradições para o movimento de massas e exerce um papel nefasto também no partido revolucionário. Como afasta companheiras, destrói a confiança entre revolucionários, porque reproduz a opressão da mulher dentro do partido.



Desde o Congresso de 2005, onde se discutiu  um caso grave de machismo de um dirigente da LIT e principal dirigente da seção boliviana, temos encarado com força o problema da moral revolucionário e de sua importância para construir uma direção revolucionária. A partir daí, priorizamos a elaboração do documento de moral revolucionária em 2008 como um dos principais documentos do Congresso, que já afirmava que o principal problema moral que atravessávamos era o relacionado ao machismo. Passamos a discutir também como nossos partidos reagiam diante das pressões machistas vindas da sociedade capitalista e do retrocesso na consciência de classe. Fruto do enfrentamento do problema, foi elaborado o documento Moral e Machismo do PSTU brasileiro, que os dirigentes do PRT citam em sua carta.



Esse documento põe o dedo na ferida, reconhece a grave situação e chama os militantes do PSTU a um combate decidido contra o machismo em nossas filas no marco do combate pela moral revolucionária.



O documento expressa uma elaboração decorrente de um combate que teve como vanguarda as camaradas da comissão de mulheres do CC do PSTU, mas foi realizado um trabalho em comum entre a direção do PSTU e a direção da LIT.



O PRT diz que esse documento “circulou no congresso”, insinuando que foi uma iniciativa de algumas companheiras contra ou por fora da direção da LIT. Na verdade, a discussão desse documento no congresso do PSTU foi realizada de pleno acordo entre o CC do PSTU e o SI da LIT-QI, assim como sua distribuição no congresso da LIT-QI. E essa discussão e as medidas para torná-la efetiva continuam, porque é um combate contra as pressões que nossos partidos sofrem ao intervir em uma sociedade em que a opressão é violenta e atravessa a classe operária. E nos orgulhamos de estar dando essa batalha.



Finalmente, o material do PRT faz um amálgama entre uma discussão sobre a questão da forma de organização do movimento de mulheres e uma suposta exclusão deles para evitar o debate, porque: “Por todas essas razões, consideramos que o principal motivo, não declarado, da expulsão é para terminar nossa intervenção no debate sobre feminismo socialista hoje na LIT”.



Ou seja, insinuam que foram expulsos para que se evitasse enfrentar a situação de machismo, já que a ferramenta para combatê-lo seria sua posição teórica de “feminismo socialista”.



Como dissemos desde que abrimos essa discussão sobre o machismo dentro do partido revolucionário, o que nos diferencia de outras organizações de esquerda não é que sejamos imunes ou que não tenhamos graves problemas. O que nos diferencia é que os discutimos e enfrentamos de forma clara dentro da LIT-QI. A manobra e o amálgama do PRT é feita porque, conhecendo perfeitamente esses fatos, tendo tido contato com esse documento no Congresso da LIT, conhecendo os informes do congresso do PSTU, conhecendo tudo isso, mente conscientemente para tentar explicar sua suposta “expulsão”, não a partir de seu método destrutivo e de priorizar a luta fracional no movimento contra a organização da LIT-QI em seu país e em nível internacional, mas de um suposto medo da LIT-QI de discutir suas posições.



Comunicado do PT da Costa Ricas sobre as falsas acusações do PRT (CR)



O PRT da Costa Rica iniciou uma campanha internacional contra o PT e a LIT por meio de um comunicado em três idiomas intitulado “O PRT da Costa Rica expulso da LIT-QI”, publicado em um encarte de seu jornal, em sua página do Facebook e enviado amplamente às organizações de esquerda e aos seus contatos. Nesse comunicado figura uma série de acusações falsas à LIT e ao nosso partido, seção da LIT na Costa Rica. Não é nosso método entrar em uma guerra de comunicados e não vamos fazê-lo. No entanto, vemo-nos na obrigação de responder a essa nota para esclarecer o tema junto aos militantes e simpatizantes da LIT e ao público em geral.



Estamos de acordo em um único ponto com a direção do PRT quando esta diz, como conclusão, que “de nossa parte, esgotou-se a experiência com a LIT-QI”. Esta é exatamente a conclusão a que chegamos após cinco anos de uma malograda experiência com essa organização. No entanto, as razões que nos levaram a esta conclusão são muito diferentes.



O PRT ingressou na LIT em 2008 como organização simpatizante, depois de um processo de unificação da LIT e do CITO. Mas, após cinco anos de uma convivência impossível, o PT chegou à conclusão forçada de que o PRT não se comportava como uma organização simpatizante, mas como uma organização inimiga do PT, que é o representante da LIT na Costa Rica. A declaração do PRT é só uma culminação desse processo, mas que o confirma plenamente (pela positiva e pela negativa, isto é, por suas falsas afirmações). Vejamos:



Em primeiro lugar, é falso que o PRT tenha sido expulso da LIT. A direção do PT da Costa Rica deixou de reconhecer o PRT como seção simpatizante. Os estatutos de nossa Internacional dizem que a seção nacional tem esse direito, o que suspende essa condição de simpatizante. No entanto, o que o PRT não diz é que cabem recursos ao CEI e ao Congresso da LIT, que é quem tem poder para decidir. Obviamente, são recursos internos a nossa organização internacional. Foi o PRT que, apesar de estar consciente disso e de estarmos somente a algumas semanas da reunião do CEI e a menos de um ano do próximo Congresso da LIT, renunciou a esse direito de apelação e preferiu atacar publicamente o Secretariado Internacional da LIT e toda a Internacional.



Em segundo lugar, é mais falso ainda que o PRT tenha sido expulso por suas posições políticas sobre o “feminismo socialista” e o chamado ecossocialismo. O PRT apresentou a posição sobre o “feminismo socialista” livremente em dois Congressos da LIT (no IX, em 2008, e no X, em 2011) e também em documentos internos, e nunca se restringiu o seu direito a debater. Ao contrário, seus documentos foram distribuídos a todos os partidos da Internacional, inclusive fora do período pré-congressual. Apesar de que somente o PRT defendesse esta posição e não houvesse um único delegado das seções da LIT no X Congresso que a defendesse, foi-lhe dado o direito a ter um informe próprio no ponto dedicado ao tema.



Essa acusação chega a ser absurda porque, como eles mesmos reconhecem, há dentro da LIT um debate livre com diferentes posições, não só sobre o tema da opressão da mulher e da organização das mulheres, mas também sobre Cuba, sobre a caracterização da situação mundial revolucionária, sobre a revolução síria e líbia e muitos outros temas, tão ou mais decisivos que os mencionados. Todos esses temas foram debatidos livremente e nunca foi tomada nenhuma medida disciplinar contra ninguém.



Em terceiro lugar, é ainda mais falso que a decisão da direção do PT se deva às diferenças políticas que o PRT sustenta com nossa organização. O PT não tem nem nunca teve problema algum em discutir aberta e francamente no interior da LIT nossas posições políticas nem as críticas feitas a nós, por mais duras que sejam.



O PT nunca exigiu que o PRT deixasse de apresentar publicamente posições políticas diferentes das nossas, apesar de que éramos parte de uma mesma Internacional. O problema é que o PRT, que se reivindicava uma organização simpatizante da LIT-QI, atacou o PT publicamente de forma permanente, durante cinco anos, como se este partido fosse uma organização burocrática, inimiga dos revolucionários.



Portanto, não se trata nem sequer de um problema do princípio de organização da LIT (o centralismo democrático), mas de um critério de senso comum: como é possível que uma organização simpatizante, isto é, que supostamente simpatiza com a LIT e que reivindica ser parte de uma mesma organização internacional, se dedique a fazer da seção oficial o alvo de seus ataques tais como “burocracia”, “oportunistas” e muitos outros do mesmo calibre?



Caracterizações e ataques desse tipo só podem ter um significado: o PRT caracteriza o PT como uma organização inimiga que é preciso destruir. Por outro lado, como o PT é a seção reconhecida e não questionada da LIT, essa postura política se transforma em um ataque à própria organização internacional. Como se trata de elucidar a verdade que se oculta sob um amontoado de falsas acusações, vamos nos deter a explicar alguns dos principais ataques que o PRT fez ao PT.



O PRT ataca pública e sistematicamente o PT



Para começar, o PRT omite um elemento que deveria ser central na explicação do que aconteceu, e é que, desde sua entrada na LIT até hoje, nunca foi possível colocar em marcha um processo de fusão entre o PRT e o PT. O objetivo de fusão foi colocado desde o princípio, já que a política de qualquer organização que reivindica a tradição da III Internacional deveria ser conseguir a unificação dos grupos nacionais que são parte dela.



Nesse caso não foi diferente. O CEI da LIT, desde o início, em uma Resolução tomada em março de 2009, colocou-se como meta uma fusão entre os dois grupos. Esse objetivo era óbvio porque permitiria construir uma única organização da LIT, muito mais forte que ambas separadamente e que mesclasse quadros com diferentes experiências na luta de classes e na construção dos partidos. 



No entanto, o CEI esclarecia que, para que esse processo de fusão pudesse avançar, era necessário que os dois grupos conseguissem estabelecer uma relação fraternal entre si. Uma condição para gerar essa relação fraternal, que além do mais faz parte de nossa concepção de Internacional, é que não deveriam existir ataques públicos entre AMBAS as organizações, já que isto claramente não só entorpece o processo de fusão como também desacredita o processo de construção de ambos os partidos.



O método de resolver as diferenças internamente tem como objetivo garantir o debate político ao mesmo tempo em que se preserva a unidade da organização e o processo de construção de uma organização operária. O método de ataques públicos permanentes entre posições de uma mesma organização é um método destrutivo utilizado frequentemente por seitas dedicadas permanentemente às rixas estéreis.



No entanto, o processo de fusão nunca pôde ser concretizado porque o PRT teve uma política muito diferente: o que não pode controlar tenta destruir, e este foi o seu método em relação ao PT desde o início. Diante da impossibilidade de uma unificação imediata, a direção da LIT propôs que, para conseguir criar a confiança entre ambos os grupos, fosse feito um processo de coordenação nas frentes comuns e que as diferenças tramitassem no âmbito interno da LIT.



O PT cumpriu essa política. Não existe nas edições do nosso jornal Socialismo Hoje uma só linha de ataques públicos ao PRT, ou um único panfleto ou comunicado em que tenhamos atacado este partido. Já o PRT não só passou esse tempo nos atacando publicamente, lançando acusações de todo tipo, como burocratismo, oportunismo, traidores das lutas, etc., como também nunca apresentou nenhuma dessas acusações dentro dos organismos da Internacional. Isto é, sempre se negou a fazer equipe com a direção da LIT para tramitar suas diferenças com o PT. São muitos os exemplos desses ataques ao longo desses cinco anos, que explicam muito bem o seu método de funcionamento, mas vamos nomear os mais importantes:



1.       Em junho de 2009, a Juventude Revolucionária do PRT rompe publicamente com a gestão da Convergência (corrente impulsionada pelo antigo MAS, atual PT) na FEUCR (Federação da Universidade da Costa Rica), acusando-a de oportunismo, capitulação à autoridade universitária e burocratismo.



2.      No segundo semestre de 2009, ataca Héctor Monestel, dirigente do MAS e, naquela ocasião, representante dos trabalhadores no Conselho Universitário da UCR, acusando-o de ser parte da autoridade (patronal) universitária, impedindo sua participação na tendência sindical que o PRT impulsionava para o Sindicato de Empregados Universitários (SINDEU).



3.      Nas eleições burguesas de fevereiro de 2010, quando o MAS chamou o voto crítico na Frente Ampla, o PRT acusou publicamente a direção do MAS de oportunismo e “poumismo” (referência ao POUM da Espanha que apoiou a Frente Popular) e acusou publicamente o Secretariado Internacional da LIT de claudicar a esta suposta capitulação.



4.      Em novembro de 2010, a corrente Alerta, impulsionada pelo PRT, chama a não votar no segundo turno das eleições da FEUCR, quando estas eram disputadas entre a Convergência, corrente impulsionada pelo MAS, e uma corrente burguesa chamada Progre (aliança entre o Partido de Ação Cidadã e a Frente Ampla). A corrente Alerta justificava sua posição dizendo que o MAS era uma corrente “trosko pequeno-burguesa” que atuava por meio de manobras “burocráticas e clientelistas”. Em uma resolução interna, o CEI da LIT caracterizou esta posição do PRT de não apoiar a seção da Internacional quando esta se enfrentava com uma corrente burguesa como “um problema de princípios”, isto é, uma traição.



5.      Em agosto de 2012, o PRT defende as mesmas posições e acusações ao PT feitas pela frente composta pela direita e pelas organizações oportunistas de esquerda para impedir a realização do Congresso Nacional de Estudantes e a fundação de uma Federação Nacional de Estudantes Universitários.



6.      Em outubro de 2012, um militante da JR-PRT publica uma nota em que acusa a corrente Convergência de “traição”, “boicote” e “sabotagem” em relação à luta por bolsas de estudo na UCR. Diante de nossos protestos contra essa calúnia, a direção do PRT se negou a repudiar a nota publicamente e se limitou a dizer que “a publicação da nota não foi prudente”.



7.      Nas mobilizações estudantis contra a repressão em 8 e 15 de novembro, a JR-PRT caracteriza o PT como parte dos “aparatos e correntes estudantis denominadas de esquerda” como a Frente Ampla. E depois afirma que “…o PT e a Frente Ampla se retiram juntos da Avenida Segunda, pela mão das autoridades universitárias” (isto é, que, depois de terminada a mobilização, supostamente não teriam enfrentado a polícia para obedecer as orientações das autoridades universitárias. N. da T.).



Todos esses ataques são muito comuns na esquerda e principalmente entre as organizações do trotskismo costa-ricense, com a publicação de artigos de ataques entre as organizações, mas isso é parte de um processo de decomposição política em que as categorias políticas são utilizadas, em muitos casos, de maneira irresponsável.



O PRT justifica sua postura dizendo que não o podem calar ou silenciar suas críticas, que é uma organização rebelde e que tem o direito de polemizar publicamente. Como explicamos no princípio, o CEI da LIT sempre assumiu que, ao tratar-se de uma organização simpatizante, não se exige que esta tenha a mesma política que a seção oficial e que a seção simpatizante poderia implementar sua própria orientação, no âmbito da política da Internacional.



Mas outra coisa muito diferente são ataques públicos entre organizações de uma mesma Internacional. Além disso, o método da polêmica pública permanente entre organizações ou frações de nossa Internacional, ao contrário do que o PRT quer fazer crer, não é nossa tradição, nosso método, nem nosso princípio organizativo.



Trotsky explicava isso a Farrel Dobbs, dirigente do SWP norte-americano, em uma carta sobre a reivindicação da Oposição antidefensista deste partido de divulgar suas posições publicamente por meio de um jornal próprio. O dirigente da Revolução de Outubro dizia que esta não era a tradição do bolchevismo, e sim uma circunstância muito específica de partidos com influência de massas, como era o caso do partido Bolchevique depois que tomou o poder.



Tal e como vejo as coisas daqui, creio que querem uma ruptura em nome da unidade. Schatman busca ou, melhor dito, inventa precedentes históricos. A oposição tinha, no partido bolchevique, seus próprios jornais, etc. Só esquece que o partido, naquele momento, tinha centenas de milhares de militantes, que a discussão devia chegar a todos eles e convencê-los. Nessas condições, não era possível confinar a discussão a círculos internos. Por outro lado, os perigos decorrentes da coexistência de jornais do partido e da oposição se conjurava porque a decisão dependia de centenas de milhares de trabalhadores, e não de dois pequenos grupos.

 

O partido americano tem um número comparativo de membros muito pequeno, e a discussão sempre foi, e continua sendo, superabundante. As linhas de demarcação parecem bastante firmes, pelo menos para o futuro próximo. Nessas circunstâncias, um jornal ou uma revista da oposição não seria um meio para convencer o partido, mas para desacreditá-lo no mundo exterior.



A homogeneidade e a coesão de uma organização revolucionária propagandística, como o SWP, devem ser muito maiores que as de um partido de massas. Estou de acordo em que, nessas condições, a IV Internacional não deve servir de cobertura para uma unidade fictícia, a partir da qual duas organizações diferentes se dirijam ao exterior com teorias, programas, ‘slogans’ e princípios organizativos diferentes.



Nossas conclusões são claras. Em primeiro lugar, todas essas acusações falsas do PRT não passam de uma cortina de fumaça lançada por sua direção para encobrir uma coisa simples: desde que entraram na LIT, em 2008, dedicaram-se a fazer uma verdadeira campanha de ataques públicos contra a seção oficial da LIT na Costa Rica como se esta fosse uma organização burocrática inimiga.



Em segundo lugar, o que esteve em debate durante esses cinco anos, para além de muitas diferenças políticas nacionais e internacionais que poderiam perfeitamente conviver dentro da LIT-QI, no fundo foi a discussão sobre a concepção de Internacional.



Nesses cinco anos, o PRT foi advertido várias vezes pelo Comitê Executivo Internacional da LIT e pelo SI para que parasse de atacar publicamente o MAS e depois o PT, mas simplesmente ignorou essas resoluções dos máximos organismos da Internacional.



Ao desconsiderar essas advertências, o que o PRT tratava de fazer era impor pela força sua caracterização, sua política e seu método de ataques públicos permanentes ao PT, apesar das advertências de que essa situação era insustentável. Finalmente, o PT considerou que essa atitude do PRT tinha ultrapassado todos os limites e chegado a uma situação intolerável, e que tinha todo o direito de não aceitar ter a seu lado um inimigo político declarado, por isso deixou de reconhecer a sua condição de organização simpatizante. 



Comitê Executivo do PT



San José de Costa Rica, 20 de abril do 2013.



Tradução: Raquel Polla



[1] Amálgama se utiliza como termo político que caracteriza um tipo de ataque que mescla propositadamente acusações políticas com calúnias e/ou acusações morais (N. da T.).

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