Sáb Abr 20, 2024
20 abril, 2024

A ONU está dando cobertura ao massacre de Assad

O Conselho de Segurança da ONU não foi capaz nem sequer de solicitar que os inspetores que estão na Síria visitem o lugar do ataque químico que aconteceu ontem. Essa viagem dos inspetores é absolutamente estéril.

 

 Visitará três lugares onde há meses foram denunciados ataques químicos. No primeiro deles, certamente aconteceu, e o regime acusa os rebeldes por isso. Depois de tanto tempo será difícil chegar a alguma conclusão, quanto mais tempo o regime tem, mais que suficiente é o tempo que já teve para adulterar o terreno tanto quanto quis.
A hipocrisia dos inspetores demonstra a política que a ONU vem defendendo para encontrar uma saída negociada com o regime, com o acordo no fundamental tanto dos Estados Unidos e da União Europeia como da Rússia, que permita relevar a Al Assad de maneira negociada, sem colocar em risco a estabilidade política e econômica da Síria, ou o que é o mesmo, sem colocar em risco os seus interesses políticos e econômicos no país.  A intenção  mais avançada a respeito são as da “Conferência de Genebra”. Esta posição é expressada pelo chefe do estado maior dos Estados Unidos, Martin Dempsey, ao dizer que não há condições de intervir já que a oposição não é capaz de assegurar “a defesa de seus interesses e os nossos” e o porta voz da Casa Branca que ontem declarou que “ainda se pode pressionar Assad para que abandone o poder”.

Por outro lado, chama a atenção ao situar a suposta “linha vermelha” para o regime no uso de armas químicas. A ditadura síria assassinou principalmente com explosivos e balas. Dizer que a linha vermelha é o uso de armas químicas, é o mesmo que dizer que o resto dos métodos estão permitidos.

Há 200.000 mortos e os governos da ONU mantém a mesma ladainha. Não vai haver nenhuma ajuda de sua parte à Revolução, ao contrário, estão deixando que a massacrem (dando passagem com suas belas palavras, com a desculpa da suposta esquerda que respalda o tirano, para justificar como antiimperialista à sua vergonhosa posição). Não há nada que amedronte mais aos capitalistas de todas as cores do que um povo em armas que tome o poder, inclusive se o faz com direções políticas que não são operárias nem socialistas.Aliás, deu passagem livre, com essa falta de atitude frente ao fortalecimento de facções salafistas, que têm um respaldo maior das ditaduras do golfo, para que provoquem a contrarrevolução no lado opositor com seu ódio sectário.   

Estes governos são aqueles que sustentam Israel, aqueles que apadrinham o exército egípcio, os mesmos que destruíram e invadiram o Iraque. A única solidariedade real com o povo sírio é a que pode impulsionar o resto dos povos (começando pelos outros da região que estão vivendo ou viveram revoluções), as organizações de trabalhadores e da esquerda que apoiam a Revolução, os sírios e os palestinos que estão divididos por todo o mundo. É necessário impulsionar um amplo movimento que reúna todos os lutadores do território: que impulsione a colaboração de organismos como os Comitês Locais ou da União dos Estudantes Livres, que ajude aos feridos e refugiados, que exija armas e ajuda material (sem nenhuma condição prévia) para as milícias, especialmente para aquelas que têm um perfil secular.

Tradução: Nívia Leão.

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