Surgimento da data está ligado ao movimento socialista e à atuação militante das mulheres.
O Dia Internacional da Mulher é comemorado ao redor do mundo, em geral com campanhas das empresas e dos governos, agradecendo pelos “grandes serviços” prestados pelas mulheres, como cuidar dos filhos, cuidar da casa, e ainda dar conta de trabalhar fora e estar sempre bonita e de bom humor.
Nesta data em geral são comemorados os supostos avanços alcançados pela mulher na atualidade, como a integração ao mercado de trabalho, a participação na política, etc.
Em 1910, aconteceu na Dinamarca a II Conferência Internacional das Mulheres Trabalhadoras, organizada pela II Internacional, onde Clara Zetkin propôs que as trabalhadoras de todo o mundo seguissem o exemplo das americanas e comemorassem o dia da mulher unificado sob o slogan “O voto para as mulheres vai unificar nossas forças na luta pelo socialismo”.
Inicialmente, a proposta era que o dia da mulher fosse realizado no dia 19 de março, pela importância histórica da data para o proletariado alemão. Foi neste dia que, em 1848, o rei da Prússia cedeu diante do risco de um levante revolucionário, e entre as promessas que ele fez estava o voto feminino, que depois ele não manteve.
O primeiro dia internacional da mulher, em 19 de março de 1911, reuniu em toda a Europa cerca de 1 milhão de pessoas. A partir de 1913, a data foi transferida para o dia 8 de março. Seguiu sendo realizado em diferentes países, em diferentes datas. Nos EUA a tradição era de comemoração no último domingo de fevereiro.
Até que em 1917, no dia 23 de fevereiro na Rússia, 8 de março no resto do mundo, em meio à miséria provocada pela guerra, as mulheres de Petrogrado fizeram uma grande manifestação. Algumas eram trabalhadoras, outras mulheres de soldados, e as principais palavras de ordem eram “Pão para nossos filhos” e “Tragam nossos maridos de volta das trincheiras”. Neste dia estourou a greve das costureiras e tecelãs de Petrogrado, mesmo sem o consentimento do comitê de tecelãos de Rayon.
E neste dia estourou a revolução, que depois ficou conhecida como Revolução de Fevereiro. Trotsky em A História da Revolução Russa disse que na véspera ninguém poderia imaginar que aquele dia da mulher inauguraria a revolução.
E por conta disso, em 1921, a Conferência das Mulheres Comunistas, da recém fundada 3ª internacional, realizada em Moscou, fixou como 8 de março o dia Internacional da Mulher.
As mulheres russas conquistaram mais direitos no início do século XX, do que as mulheres de muitos países capitalistas até a atualidade. Foi conquistado, entre outras coisas, o direito a votar e ser votada para os cargos públicos.
As primeiras medidas para as mulheres foram a abolição das leis que colocavam as mulheres em situação inferior aos homens, e a liberação das mulheres do trabalho doméstico, com criação de creches, lavanderias e restaurantes públicos. Assim elas puderam ter um amplo acesso à educação e ao trabalho.
A polêmica sobre a origem do 8 de março
Há algumas autoras que apontam para a possibilidade de que este episódio não tenha acontecido, como os estudos da canadense Renée Côté, de Eva A. Blay, ou de Liliane Kandel.
Elas afirmam que provavelmente esta greve nunca tenha ocorrido, e esta versão da história tenha sido criada a partir de uma confusão com outras duas greves nos EUA, em 1910 e 1911, uma que durou muitos meses, e a outra em que ocorreu um incêndio acidental devido às péssimas condições de trabalho e 146 operárias morreram carbonizadas, pois as portas da fábrica ficavam fechadas para que elas não se dispersassem durante o horário de almoço. As que não morreram queimadas morreram na queda ao pularem do oitavo andar do prédio em chamas.
Esta confusão acabou se perpetuando no movimento e dura até os dias de hoje. Ficou ainda mais consolidada quando em 1975 a ONU declarou o dia 8 de março como o dia Internacional da Mulher, e em 1977 a Unesco declarou o dia 8 de março como homenagem às operárias mortas em 1857.
Dia Internacional da Mulher trabalhadora
O dia também perdeu o seu caráter classista, de luta contra o capitalismo, rumo ao socialismo. Atualmente, os principais movimentos são em colaboração de classes com a burguesia, e para enaltecer as políticas públicas insuficientes dos governos.