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sexta-feira, abril 19, 2024

Mais de cem mil pessoas tomam as ruas de Quito contra Rafael Correa

A capital equatoriana presenciou no dia de ontem uma das maiores mobilizações populares dos últimos anos. Continuar a mobilização popular!

Mais de cem mil pessoas inundaram as ruas e as praças da capital equatoriana para protestar contra a política econômica e social do governo de Rafael Correa.As distintas ações se deram no marco da nomeada “Paralisação do Povo”, convocada pelo Coletivo Unitário de Organizações de Trabalhadores, Indígenas, Professores e outros.

A jornada de protestos começou com fechamentos de estradas em quase todo o país. No entanto, o epicentro da luta se desenvolveu em Quito. Quando a multidão de trabalhadores e indígenas tentou acercar-se à sede do governo, foi duramente reprimida pela polícia de Correa. Dois conhecidos líderes indígenas, Carlos Pérez Guartambel e Salvador Quispe, foram detidos e denunciaram  que foram maltratados. Depois da jornada, Jorge Herrera, presidente da Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (CONAIE), declarou: “Quito deve continuar, queremos derrotar este sistema de abuso”.
A marcha sobre Quito expressa a crescente insatisfação popular com as medidas de ajuste e repressivas de Rafael Correa, em uma situação de deterioro econômico no país. 
As principais demandas que motivaram a Paralisação foram:
  • Repúdio à insuportável criminalização dos protestos sociais. Pelo fim da perseguição e o encarceramento de dirigentes sindicais e populares por parte do governo de Correa.
  • Repúdio à emenda da constituição que pretende eliminar o direito de sindicalização no setor público.
  • Repúdio à lei trabalhista antioperária vigente. Pela vigência do direito de contratação coletiva, a estabilidade no trabalho e pelo incremento geral de salários.
  • Oposição ao endividamento externo, aos tratados de livre comércio (TLC) assinados pelo governo, à concentração da terra em poucas mãos e à privatização da água.
  • Repúdio à eliminação do subsidio ao gás e ao incremento de tarifas elétricas.
Depois de anos de relativa “estabilidade”, igual que em outros países latino-americanos, o governo “progressista” de Correa está sendo questionado nas ruas pelo movimento social e popular.
A crise econômica e os ataques à qualidade de vida e às liberdades democráticas, assim como as medidas de entrega da soberania nacional que tem implementado, foram se acumulando e geraram um justo e progressivo descontentamento na classe trabalhadora equatoriana, uma desilusão que está passando à ação.
Rafael Correa respondeu para a multidão mobilizada como sempre responde quando se vê confrontado com o movimento social: tentou desacreditar o protesto e acusou aos manifestantes de estarem sendo manipulados pela “direita desestabilizadora”.

Porém estes artifícios discursivos não podem esconder a realidade: tanto Correa como os demais governos “bolivarianos” tem servido durante todos esses anos a suas respectivas burguesias nacionais e aos interesses do imperialismo. Tampouco podem ocultar que o povo equatoriano, como seus irmãos no resto do continente, começa a expressar seu descontentamento nas ruas.

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