ter mar 19, 2024
terça-feira, março 19, 2024

Peru| Fora Todos!

Nenhuma confiança no futuro governo!
Vamos expulsar Merino-Confiep (Confederação Nacional de Instituições Empresariais Privadas) e o congresso corrupto com a nossa mobilização independente!
Com a saída de Vizcarra, caiu o inimigo que a classe trabalhadora enfrentou nos últimos dois anos, responsável pela “Política nacional de produtividade e competitividade” (D.S. 345) e pelo “Plano nacional de produtividade e competitividade” (D.S. 237) , cujo objetivo é liberalizar as demissões.

Por: PST Peru
Caiu o responsável pela estratégia de “imunidade de rebanho”, que custou a nós, trabalhadores e o povo pobre, cerca de 90 mil mortes e o desamparo de milhões de trabalhadores que perderam seus empregos, aos quais Vizcarra somou os milhares de trabalhadores submetidos a demissões coletivas e suspensão perfeita do trabalho[1].
Um governo que empobreceu a população e encheu de concessões e vantagens a bancos, empresas farmacêuticas, clínicas privadas e grandes empresas. Isso nos condenou à fome durante os meses de confinamento.
E, por fim, caiu mais um corrupto, responsável por cobrar 2,3 milhões de soles em troca da entrega da concessão do Hospital Regional de Moquegua.
É por isso que Vizcarra ganhou o ódio da classe operária. Se algo podemos “lamentar”, é que o Congresso – a outra perna da democracia corrupta que reina no país – nos roubou o direito de expulsar Vizcarra com a nossa mobilização. Agora que deixou a presidência, Vizcarra deve pagar pelos crimes e engrossar a lista de ex-presidentes que devem ir para a cadeia por serem corruptos, antipopulares e antitrabalhadores.
No entanto, a classe trabalhadora deve ter certeza: o Congresso é tão responsável quanto Vizcarra por essas mesmas medidas e males que nos afligem. Em tudo o que é fundamental, ele esteve do lado de Vizcarra. Foi o outro pilar da continuidade do plano econômico neoliberal, e seus integrantes são protagonistas do mesmo sistema de corrupção de seus antecessores. Por isso querem para si o controle do sistema judicial, o Tribunal Constitucional e outras entidades chaves do Estado.
Por isso os trabalhadores e trabalhadoras do país não podem alimentar qualquer expectativa de que o Congresso, que hoje se apresenta como o “vencedor”, possa dar uma solução aos problemas fundamentais que nos afetam.
Merino: um governo de crise
O governo Merino nasceu em um clima de confronto e com uma importante rejeição que o torna mais frágil que Vizcarra. E essa é precisamente a grande preocupação da patronal. Que Merino seja pior do que seu antecessor para lidar com a situação no país. Assim, a CONFIEP rapidamente saiu para pedir calma, após a aprovação da destituição, colocando como única exigência a continuidade do calendário eleitoral.
A repressão no dia da sua posse é um sinal dessa mesma fraqueza. Por isso, anunciou um gabinete “amplo” com maior participação dos partidos patronais para apoiá-lo nos próximos meses. Mas nos fatos, a nomeação de Ántero Flores como primeiro-ministro e as suas primeiras declarações, o que anuncia é uma divisão de interesses e um maior confronto.
Para a classe operária, esta situação levanta a necessidade de impulsionar a luta levantando suas próprias bandeiras para derrotar o novo governo por meio da mobilização. Isso requer uma direção consequente. Infelizmente, as direções nacionais, como a da Confederação Geral de trabalhadores do Peru (CGTP), o que fazem é pedir o diálogo com o novo governo, o que mostra que o seu rumo não é o de uma luta frontal e consequente a favor das reivindicações operárias e populares.
Em defesa da democracia?
A ação executada no parlamento nada tem a ver com os interesses da classe operária. Não traz soluções para as mortes por COVID 19, demissões ou corrupção. Não é “nossa” destituição. No entanto, isso não nos leva a nos juntar àqueles que chamam a “defender a democracia” de um suposto golpe de Estado.
Que democracia? Da Odebrecht e do “Clube da Construção”? A democracia das mineradoras? A democracia da CONFIEP? Uma democracia com Vizcarra de volta? Na realidade, foi o próprio Vizcarra quem deu as chaves do Palácio para Merino. A “democracia” que hoje somos chamados a defender pelos partidos de “esquerda”, como o Novo Peru, a serviço de seus objetivos eleitorais para 2021, não é a democracia dos trabalhadores e trabalhadoras.
Precisamos DEFENDER NOSSA INDEPENDÊNCIA DE CLASSE para lutar por nossas próprias bandeiras, que incluem derrubar o regime corrupto que esses grupos de “esquerda” defendem hoje. Nisso, a direção da CGTP tem a enorme responsabilidade de romper qualquer ilusão de diálogo com Merino e de liderar a convocatória a uma  ação nacional contra o governo.
No entanto, não podemos ficar apenas à espera da direção da CGTP. Temos que realizar, a partir das bases operárias, assembleias para definir o nosso próprio rumo de luta, que dá continuidade à jornada de luta de 5 de novembro, que para além de sua direção, mostrou que a classe trabalhadora precisa se encontrar nas ruas, unida na luta. Um plano com vistas a realizar uma GREVE NACIONAL COMBATIVA para derrotar Merino e companhia.
Por um governo da classe trabalhadora e do povo pobre!
A classe operária e o povo pobre precisam impor soluções básicas para suas necessidades mais urgentes. Do Partido Socialista dos trabalhadores (PST) afirmamos que não haverá saída para esses problemas (corrupção, demissões, contágios, repressão…) enquanto a patronal continuar governando o país por meio de qualquer um dos partidos do regime.
Por isso, a classe operária deve construir sua própria alternativa de poder, que nasça de sua mobilização, para acabar com esses flagelos e abrir caminho para uma vida digna no Peru.
Nesse sentido, consideramos que a demanda de uma assembleia constituinte é válida. Mas só pode ser garantida por um governo operário e popular, que construa essa assembleia com representantes diretos das organizações dos trabalhadores e populares (sindicatos, associações de bairro, frentes de defesa…)
Este é o chamado que fazemos do PST: levantemos, junto com o FORA TODOS os partidos corruptos do regime, as bandeiras limpas do GOVERNO DA CLASSE TRABALHADORA E DO POVO POBRE DO CAMPO E DA CIDADE, como uma saída para o nosso país.
E para isso, convocamos a construção de uma grande greve nacional combativa, que enfrente e derrote Merino, para resolver nossos problemas urgentes.
ASSEMBLEIAS DE BASE PARA DEFINIR UM PLANO DE LUTA UNITÁRIO DA CLASSE TRABALHADORA!
GREVE NACIONAL PARA DEFENDER NOSSA SAÚDE, TRABALHO E DESTRUIR A CORRUPÇÃO!
FORA TODOS!
POR UM GOVERNO DOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS DO CAMPO E DA CIDADE QUE ASSUMA OS DESTINOS DO PAÍS!
[1] A suspensão perfeita do trabalho implica a cessação temporária da obrigação do trabalhador de prestar o serviço e do empregador de pagar a respectiva remuneração (ndt.).
Tradução: Tae Amaru

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